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Francisco Matias

A COPA DO MUNDO E O GOVERNO - PARTE III


  

1.Para entender a seleção brasileira de 2014, com seus atletas milionários e famosos e o retumbante fracasso na semifinal (7x1 Alemanha) e na disputa pelo terceiro lugar (3x0 Holanda), é tarefa para especialistas que podem fazer as análises, principalmente aquelas que se referem aos dois jogos nos quais o Brasil tomou dez gols, fez apenas um e sofreu derrotas humilhantes. Como se não bastasse, agiu com descortesia com a seleção holandesa. Contudo, esta coluna vai abordar as copas do mundo em que a seleção brasileira sagrou-se campeã mundial do ponto de vista histórico, político e econômico. Pois bem. Depois da Copa do Mundo de 1950, a seleção fracassou novamente na Copa de 1954, na Suíça, na qual a Alemanha ganharia sua primeira Copa do Mundo. O Brasil realizou quatro jogos. Eis os resultados: Brasil 2 Colômbia 0; Brasil 5 México 0; Brasil 1 Iugoslávia 1; Brasil 2 Hungria 4. Eram as quartas de final e a Hungria mandou o Brasil pra casa mais cedo.

2.Na época, o presidente da República era Getúlio Vargas que vivenciava um momento político dos mais graves, combatido por comunistas e por uma oposição poderosa liderada pelo deputado federal Carlos Lacerda. Não apenas isso. O presidente Vargas estava sob fogo cerrado das forças armadas, notadamente a Força Aérea. Para piorar, enfrentava os EUA depois da criação da Petrobrás e da campanha “O Petróleo é Nosso”. Dois meses depois, o presidente “saía da vida para entrar na História” suicidando com um tiro no peito. Mais uma vez o governo não iria tirar nenhum proveito político do resultado da Copa do Mundo. Perdeu na final de 1950 e nas quartas de final desse ano. O atual estado de Rondônia era o Território Federal do Guaporé, governado pelo major Ênio dos Santos Pinheiro e tinha como deputado federal o coronel e ex-governador Aluízio Pinheiro Ferreira, no final do segundo mandato.  

3.1958, A COPA DO MUNDO NA SUÉCIA – Nesse torneio, a seleção brasileira daria a volta por cima e espantava os fantasmas de 1950 e 1954. O Brasil realizou seis jogos. Eis os resultados: Brasil 3 Áustria 0; Brasil 0 Inglaterra 0; Brasil 2 URSS 0; Brasil 1 País de Gales 0. Na semifinal, Brasil 5 França 2. A final foi contra os donos da casa, a Suécia. O Brasil venceu por 5x2 e ganhou a Taça Jules Rimet pela primeira vez. Era campeão mundial. O escrete brasileiro era formado por Gilmar, goleiro, Djalma Santos, Bellini, o capitão que ficaria célebre ao segurar a taça e erguer com as duas mãos acima da cabeça e eternizar o gesto; Orlando Peçanha e Nilton Santos; Zito e Didi; Garrincha, Vavá, Pelé e Zagalo. Os brasileiros e o mundo descobriram o rei Pelé e se apaixonaram por Mané Garrincha, o anjo de pernas tortas.

4.O Brasil vivia um clima de euforia política e econômica, sob o governo do presidente Juscelino Kubitscheck, JK, a Bossa Nova como ritmo musical embalava sonhos e paixões e a indústria automotiva dava a tônica do desenvolvimento. Além disso, o projeto de construção de Brasília estava em andamento sob a tutela de Oscar Niemeyer, Lúcio Costa e Israel Pinheiro e o presidente havia rompido com o Fundo Monetário Nacional, FMI. Mas o país passava por revoltas nas forças armadas, nos sindicatos e enfrentava a retomada da luta ideológica entre o comunismo soviético e o capitalismo norte-americano. O campeonato mundial, conquistado na Suécia, deu fôlego ao presidente JK que tirou proveito político e pode tocar seu Plano de Metas com maior tranquilidade.

5.O atual estado de Rondônia fazia dois anos havia mudado de nome, passando de Território Federal do Guaporé para Território Federal de Rondônia. O governador era o general Jaime Araújo dos Santos, nomeado pelo presidente JK, por indicação do deputado federal Joaquim Vicente Rondon. Tinha início a divisão político-partidária entre Cutubas e Peles Curtas, que movimento o quadro político eleitoral de Rondônia durante uma década (1954-1964). O Território Federal de Rondônia tinha apenas dois municípios, diga-se de passagem, gigantesco territorialmente, com duas pequenas cidades, Porto Velho e Guajará Mirim. Não havia TV. Os mais abastados (comerciantes, seringalistas e funcionários públicos) puderam acompanhar os jogos ouvindo a rádio Nacional.

Historiador e analista político*


 

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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