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Francisco Matias

A COPA DO MUNDO E O GOVERNO - PARTE V



1.2014 A COPA DO MUNDO DA FIFA NO BRASIL - O encerramento da Copa do Mundo, com a vitória da Alemanha sobre a Argentina (1x0), não apenas implantou a quarta estrela no uniforme alemão (é tetracampeã mundial 1954, 1974, 1990 e 2014), como deu à Argentina aquele gosto amargo do vice-campeonato. O terceiro lugar, uma espécie de medalha de bronze, deixa o gosto de uma vitória, mas o vice-campeonato, uma, espécie de medalha de prata, é o símbolo da derrota em qualquer competição. Mas, sobretudo, deixou os brasileiros sem saber que rumo tomar. Torcer pela Argentina por regionalismo, deixando de lado o bairrismo e a eterna rivalidade com o Brasil, com Pelé e tudo mais, ou torcer pelos gentlemans da Alemanha que no dia 8 de julho 2014, em Belo Horizonte, se recusaram a massacrar ainda mais a boquirrota seleção brasileira? Foi esta a questão. Torcer ou não torcer. Esse dilema deixou um gosto amargo na boca, um choro aprisionado, uma frustração sem limites, e, sobretudo, uma baixa autoestima em todos os brasileiros.

2.No entanto, em piores condições ficou a presidente Dilma Rousseff, em plena campanha para a reeleição. Afastada das arenas da Copa do Mundo por força das circunstâncias (vaias e aquela recomendação infame e desrespeitosa “Ei, Ei Dilma.....”) ela se fez representar na cerimônia de encerramento, domingo 13 de julho, pela bela modelo brasileiro Gisele Bundchen. Não se pode negar que a top model é uma digna representante da raça Brasil no mundo. Mas, não se deve esquecer que aquele papel de chefe de Estado por elipse não lhe caiu bem. Quem devia estar lá, para retirar o lacre da Taça da FIFA era a chefe de Estado do Brasil, a presidente Dilma Rousseff. Tanto que a taça só pode ser tocada por um campeão mundial e pelo chefe de Estado do país sede. E, até que se prove ao contrário, o nome dela não é Gisele Bundchen. Foi mais um fiasco do governo e da política brasileira.

3.Sentada, querendo sumir do mapa e voltar para o aconchego do Palácio da Alvorada, a presidente Dilma Rousseff cumpria um papel meramente protocolar. Quando saiu o gol da Alemanha ela não teve ânimo para aplaudir. Ficou quietinha enquanto a premiê Angela Merkel levantava e aplaudia. Até Vladmir Putin fez isso. Mas, Dilma ficou sentadinha, acanhada, amedrontada, distanciada daquela gente que, segundo ela mesma e o presidente emérito, Luís Inácio, não é do povo brasileiro. Foi assim que os dois se referiram aos torcedores que vaiaram a presidente na abertura dos jogos. E por que Dilma Rousseff estava lá? Por força do cerimonial e do protocolo da FIFA. Afinal, a próxima Copa do Mundo será na Rússia. Portanto, cabe ao chefe de Estado do país sede passar a Taça ao chefe de Estado do futuro país anfitrião. Desse modo, a presidente Dilma teria que passar a Taça ao presidente Vladmir Putin. Não tinha jeito. Bem que ela tentou não por as mãos na taça. Quando o fez as vaias ressoaram. Imagine se a presidente tivesse descido ao gramado da arena para retirar o lacre da Taça, como deveria ser e preconiza o protocolo!

4.Mas não foi só a presidente Dilma Rousseff que fugiu das arenas da Copa do Mundo. O presidente emérito Luís Inácio Lula da Silva também. Os presidenciáveis Aécio Neves e Eduardo Campos, também. Nenhum deles teve a coragem de dar o ar da graça nessa final de Copa do Mundo. Este é um quadro de marca a desconexão da classe política com o distinto público votante. Não bastasse o papelão que os “meninos do Brasil” fizeram na chamada Copa de todas as Copas, o torneio que deveria alavancar candidaturas e aumentar o sentimento de brasilidade “nesse país”, revelou um triste quadro onde se misturam o pedantismo do técnico Felipão, a covardia e a falta de compromisso de um time milionário que nunca chegou a ser uma equipe e a tristeza de ver a Argentina na final. Perdeu, mas perdeu com honra. Sabe aquela estrofe do Hino Nacional que diz “verás que um filho teu não foge à luta?” Ele não se aplica à seleção brasileira, que caiu sem lutar, perdeu com desonra e humilhou a todos os brasileiros. Sabe aquela máxima que diz que “cada povo tem o governo que merece?”. "É nós na fita".

Historiador e analista político*

 

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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