Sábado, 30 de março de 2013 - 16h38
Por Francisco Matias(*)
1. Morto há pouco mais de três anos, o jornalista PAULO QUEIROZ deixou uma lacuna que contraria o que se diz sobre as pessoas: ninguém é insubstituível. Com Paulo Queiroz isto não se aplica. É insubstituível, sim.Basta dar ma olhada nos jornais impressos e nos sites e se poderá observar a falta que fazem seus comentários, e como não conseguiram ainda seguir uma trilha parecida com a sua. Paulo Queiroz era de esquerda desde criancinha, mas não tinha medo de analisar os fatos políticos de forma isenta, mesmo se fossem de esquerda ou de direita. Formou-se em plena ditadura militar e sempre foi contra o regime dos generais. Se estivesse vivo, certamente uma parte do jornalismo rondoniense (e brasileiro) seria destemida e isenta: a parte do Paulo Queiroz. Nos dias atuais, fazer programa de rádio e TV, escrever em jornais impressos ou da internet, é um desafio maior do que o que se pode imaginar. A pressão de editorialistas, dos proprietários dos meios de comunicação e o patrulhamento ideológico impedem o livre-pensar e, principalmente, o livre falar.
2. Passados 28 anos da redemocratização do Brasil, varridos os entulhos ditatoriais, o que se vê no país é uma espécie de censura velada, que amedronta os grandes pensadores e intelectuais. Provavelmente, Paulo Queiroz seria uma das raríssimas e honrosas exceções para comentar sobre, por exemplo, os recentes fatos da vida nacional, tais como: a atitude da esquerda reacionária quando da passagem pelo Brasil da “terrível” blogueira cubana Yoane Sanchez, que vive a apoquentar a ditadura (?) de Cuba com seu blog, insurgindo-se contra os terríveis atos autoritários dos irmãos Castro. Yoane Sanchez foi destratada, ameaçada e esculhamba por patrulheiros da esquerda por suas convicções políticas e por defender a democratização da Cuba. E onde estava a perigosa jovem? No Brasil, país governado pelo PT e pela esquerda. E quem tentou impedi-la de falar livremente e discorrer sobre os dramas do povo cubano? Militantes do PT, do PCdoB, da Juventude Socialista, com o apoio no governo Dilma Roussef. Os mesmos que deveriam apoiar a blogueira. Os mesmos que vão às ruas e usam a imprensa para defender a liberdade de, a democracia e se condenar a ditadura do Brasil. São, na verdade, defensores de um tipo de ditadura: a comunista. Mais cruel e mais longeva que a de direita, segundo o escritor Jorge Amado, um dos fundadores do PCdoB. Fica assim posto: tem a ditadura ruim e tem a ditadura boa. A de esquerda é boa. A de direita é ruim.
3. Certamente Paulo Queiroz teria feito comentários em sua coluna Rondônia em Três Tempos e no seu site. Ah!, teria. A Comissão da Verdade é outro ponto que receberia do Paulo Queiroz um comentário. Instalada no governo e com total apoio da presidente Dilma Roussef, foi criada para apurar crimes políticos desde a Era Vargas ao final da ditadura militar. Pelo menos foi isso que o distinto público foi informado. Depois de criada mudou o foco. Seriam apenas crimes de lado a lado durante o regime militar. Depois de instalada, mudou novamente o foco. Serão apurados apenas os crimes praticados pelos agentes da ditadura militar. “A esquerda não cometeu crime algum”, segundo anunciou sua presidente. Absolvida historicamente a esquerda, ficam os possíveis criminosos de estado, do regime militar. São criminosos, em princípio e ao final. Os da esquerda que pegaram em armas, queriam apenas reinstalar a democracia usurpada pela direita vinculada ao imperialismo norte-americano.
4. Paulo Queiroz faz falta por isso. Era um intelectual de esquerda, jornalista dos mais respeitados, colunista dos mais lidos por estas plagas de Rondon, e não ficaria em silêncio com estes e outros fatos ocorridos “nesse país”, cujo nome, para quem não sabe, é Brasil. Rondônia é Brasil. Paulo Queiroz não era um jornalista apenas de Rondônia. Era do Brasil. Com certeza ele teria comentado sobre o STF, os embates dos ministros Joaquim Barbosa, relator, e Ricardo Lewandowski, revisor, e o julgamento do mensalão, como fato verdadeiro e, como o ex-presidente Lula jogou todo seu prestígio político para desmentir o mensalão. “É golpe. É coisa direita”. Não era golpe e era coisa da esquerda, da direita, da centro esquerda, da centro direita, do “escambau de bico”. Era verdade histórica como foi verdade a condenação dos envolvidos. Mas o distinto público leigo ficou sabendo, para espanto geral, que o Superior Tribunal Federal, STF, não é a última instância do judiciário “desse país”. Cabe recurso às sentenças e até poderão ser reduzidas. Quer dizer. Os pobres são presos em primeira instância. Mas os poderosos políticos, principalmente se forem do “staff” do governo, podem até ser condenados pelo Supremo, mas presos, não.
5. É o caso do deputado federal Natan Donadon, do PMDB de Vilhena. Condenado a 13 anos de prisão, mas está exercendo o mandato. É o caso do suplente de deputado federal José Genuíno, o herói do Araguaia, do PT de São Paulo. Apesar de condenado pelo STF, assumiu o mandato na Câmara dos Deputados como ficha limpa. É o caso de José Dirceu, cujo efeito único de sua condenação foi não ter podido ir à Venezuela acompanhar o velório de Hugo Chavez. É o caso do deputado cassado Roberto Jefferson, a bomba atômica do mensalão, e de tantos outros.
6. Por estas e outras, Paulo Queiroz faz uma falta danada. Talvez até analisasse a absolvição que o PT de Porto Velho fez do prefeito Roberto Sobrinho. Apesar de ter sido afastado do cargo pela justiça, e do que está a olhos vistos na “cidade de todos”, ele afirma que “não sabia de nada”, é inocente. Mas o viaduto virou elevado, o dinheiro sumiu nas contas da Camter, e em bolsos que, certamente, não são os dele. Roberto Sobrinho, pode estar blindado por alguma coisa muito poderosa. Mas, uma é certa. Ele foi absolvido pelo PT e isto pode ser o caminho mais curto para ser também pela justiça. E nós, Ó.
Historiador e analista político(*)
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