Quinta-feira, 26 de dezembro de 2024 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Francisco Matias

A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL, 193 ANOS DEPOIS – 1


 

FRANCISCO MATIAS ESCREVE

    

                       A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL, 193 ANOS DEPOIS – 1 - Gente de Opinião

                      No quadro do pintor Pedro Américo, a cena do grito da

                                        Independência ou Morte

1.Passadas as comemorações dos 193 anos da separação  do Estado do Brasildo reino de Portugal, fato ocorrido no dia 7 de setembro de 1822, esta coluna se propõe a contribuir para atualizar a História, sem pretender com isso, encerrar o assunto. Na segunda década do século XIX os ventos democráticos das revoluções francesa (1789-1792) e estadunidense (1776) sopravam com força sobre a América Espanhola, notadamente o Vice-Reinado do Peru, atuais Argentina, Uruguai, Paraguai e Chile, e o Vice-Reinado do Alto Peru, atuais Bolívia, Peru, Equador, Colômbia e Venezuela. Da queda da Bastilha (1789) à tomada de Ayacucho (1825), passaram-se quatro décadas de lutas, rebeliões e derrotas da Inglaterra, do governo absolutista francês e da Espanha.

2.A coroa portuguesa temia que em seu reino isso viesse a ocorrer,principalmente no Brasil, a maior e mais rica das colônias. Mas estava confiante em seu preposto, o príncipe Pedro, filho mais velho de D. João VI. Ocorre que o príncipe regente tinha suas ambições políticas. Era herdeiro do trono e pretendia manter o poder, nem que para isso tivesse de trair o juramento de permanecer fiel a Lisboa. Além disso, estava cercado por assessores que defendiam a separação do Brasil de Portugal, dentre os quais José Bonifácio, Gonçalves Ledo, José Clemente Pereira, José Maria da Silva Paranhos e, bem junto a si, a princesa regente, D. Leopoldina, sua esposa.

3. Fora do palácio, mas incrustada no poder, a Maçonaria trabalhava com afinco pela separação do Brasil de Portugal. Por isso decretou a independência do Brasil no dia 23 de agosto de 1822. Fortalecido, o príncipe Pedro, também maçom, obteve o apoio político que precisava para não obedecer às ordens de Portugal que o obrigavam a viajar a Lisboa. Ele sabia que não voltaria mais ao Brasil. Apoiado por comerciantes, fazendeiros e pelo segmento maçônico da caserna e da Igreja católica, D. Pedro de Alcântara Francisco Antonio João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Paschoal Cypriano Serafim de Bragança e Bourbon, príncipe do Brasil e príncipe da Beira, tornou-se imperador do Brasil. Na qualidade de príncipe regente do Brasil, ele exercia os cargos de Infante e Grão-Prior do Crato, Príncipe do Reino Unido do Brasil, Portugal e Algarves, Duque de Bragança e Principe da Beira. Dois anos depois, seria ungido a Imperador e Defensor Perpétuo do Brasil, ao outorgar a primeira constituição do Brasil e a única do Império.

4.O Brasil de hoje deve muito à decisão política do jovem e ambicioso príncipe que virou imperador, mas não conseguiu controlar seu governo, seus ministros e aliados. Além de ter arrancado do uniforme os laços que o uniam a Portugal, arrancou os símbolos maçônicos, enfrentou rebeliões, unificou províncias rebeldes (Bahia, Maranhão, Pará e Amazonas) e teve de renunciar o trono apenas nove anos depois de tornar-se Imperador. É o Brasil.

Historiador, membro da Academia Rondoniense de Letras, ARL, e escritor regional(*)

08.09.2015

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

Gente de OpiniãoQuinta-feira, 26 de dezembro de 2024 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

 O JANTAR DO CONDOR. O ALMOÇO DA ABRIL.  O HOSPITAL DO AMOR - Por Francisco Matias

O JANTAR DO CONDOR. O ALMOÇO DA ABRIL. O HOSPITAL DO AMOR - Por Francisco Matias

 Governador Confúcio Aires Moura, do estado de Rondônia   1.Novembro passou e dezembro entrou. O ano caminha para o seu final. Mas existe o risco de n

PORTO VELHO 103 ANOS - Por Francisco Matias

PORTO VELHO 103 ANOS - Por Francisco Matias

1.Hoje, dia 2 de outubro de 2017 completam-se 103 anos da criação do município de Porto Velho. Na manhã daquele 2 de outubro de 1914, no Palácio Rio N

O JORNAL ALTO MADEIRA E A HISTÓRIA - PARTE II

  1. Continuando com a série o Alto Madeira e a história, relatando a saga deste centenário em fase de adormecimento, este escriba lança novas matéria

O JORNAL ALTO MADEIRA E A HISTÓRIA- PARTE I

O JORNAL ALTO MADEIRA E A HISTÓRIA- PARTE I

    1. A propósito do anúncio publicado nas redes sociais dando conta de que o jornal ALTO MADEIRA vai encerrar suas atividades no final deste mês de

Gente de Opinião Quinta-feira, 26 de dezembro de 2024 | Porto Velho (RO)