A oitava diplomação da elite política

Por Francisco Matias(*)　
 

1. O estado de Rondônia comemora neste 22 de dezembro vinte e nove anos de criação. Nessa data, em 1981, o presidente da República João Baptista de Oliveira Figueiredo sancionou a Lei Complementar nº 041, aprovada no Congresso Nacional, deliberando sobre a criação da "mais nova estrela no azul da União", a 23ª. UF brasileira: Rondônia. Instalado em 4 de janeiro de 1982, o novo Estado teve como primeiro governador o coronel R/1 do Exército Jorge Teixeira de Oliveira, que não foi diplomado tendo em vista sua posse ocorrer por força de decreto presidencial.

2. Destarte, as primeiras eleições para a formação da elite política rondoniense somente ocorreriam no dia 15 de novembro daquele ano, concomitante com as eleições gerais do país, por sinal, as últimas sob o regime militar. Mas, com uma grande diferença das demais: não haveria eleição para governador e vice-governador de Rondônia, tendo em vista o disposto na lei que criou o estado, que deu de presente ao coronel Jorge Teixeira o cargo de governador, por nomeação. Desse modo, Rondônia tornou-se o único estado brasileiro a não ter governador eleito em 1982, o que somente se daria nas eleições de 1986.

3. Pois bem. Neste 15 dezembro de 2010, vinte e nove anos depois, a Justiça Eleitoral em Rondônia realizou a 8ª. Diplomação da elite política rondoniense, nos cargos de senador, deputado federal e estadual, e a 7ª. para governador e vice-governador. Pois é. Desde 1986 o estado de Rondônia elegeu sete governadores, a saber: Jerônimo Santana, PMDB, Osvaldo Piana, PTR, Valdir Raupp, PMDB, José de Abreu Bianco, PFL, Ivo Cassol, PSDB, Ivo Cassol, PPS, e Confúcio Moura, PMDB. Logo, o PMDB é o partido que mais governou o estado de Rondônia nesses 29 anos.

4. As primeiras eleições para senador, deputado federal e estadual em Rondônia ocorreram, como se sabe, em 1982. De lá pra cá, nesta longa e confusa trajetória política, foram eleitos 15 senadores, 64 deputados federais e 192 estaduais. Mais de 40 suplentes já assumiram as respectivas titularidades dos cargos, por cassação de mandato, que não foram poucas, renúncias e desincompatibilizações. Portanto, a despeito de ser um dos mais jovens estados da Federação, Rondônia tem uma vida política bastante ativa, tendo em vista a própria sociedade que vem se formando ao longo de sua existência, considerando-se o período dominial dos estados de Mato Grosso e Amazonas, de Território Federal e, final e definitivamente, de Unidade Federada. Por outro lado, a força das imigrações contribuiu para moldar uma classe política predominantemente migrada, haja vista que mais de 80% dos recém-diplomados são imigrantes, radicados em Rondônia após 1970. É o caso do governador, do vice, dos dois senadores, de sete deputados federais e 20 estaduais. Esta será a Rondônia dos próximos quatro anos. O que vai ocorrer, somente quem viver verá.

Historiador e analista político(*)