Quinta-feira, 9 de maio de 2013 - 23h01
Por Francisco Matias(*)
1.Esta coluna, objetivando dar sua contribuição para o centenário de criação do município de Porto Velho, retoma aos tempos em que o município fazia parte do mapa político do estado do Amazonas, com ênfase aos prefeitos do período de 1916 a 1943. Nos artigos anteriores a questão Prudêncio Borgéia de Sá, descrito nos livros de história como o último prefeito eleito, tendo como base as eleições de 1926. Como se pode observar, naquele ano, ocorreram três eleições no estado do Amazonas, com a participação de Porto Velho. Uma eleição para deputado federal, uma para vereadores de Porto Velho e uma para presidente da República. Observou-se também que Prudêncio Borgéia de Sá foi prefeito, mas nomeado e não eleito. Ele atravessou o ano de 1927 em relativa calmaria. Mas, a proximidade de um novo período eleitoral iria alterar substancialmente a vida política do município amazonense de Porto Velho que mudará de prefeito várias vezes.
2.As coisas começam a mudar no início do segundo semestre de 1928. Em julho, Prudêncio Borgéia de Sá seria substituído pelo major Celino de Menezes. Mas, esse novo prefeito fica no cargo somente até o final do mês quando assume o coronel Salustiano Liberato, que fica no cargo até outubro. Nesse mês, ele será substituído pelo advogado coronel Theóphilo Marinho, que assume no dia 9 de outubro. Seu período de governo pode ser considerado longo, como foi o de Prudêncio Borgéia de Sá. O prefeito Theóphilo Marinho governa de outubro de 1928 a maio de 1930. Nesse período, ele realiza várias viagens a Manaus e deixa em seu lugar o presidente da câmara municipal, vereador Manoel da Cunha Freitas, nomeado como prefeito-substituto. De viagem em viagem à capital do Estado, o prefeito Theóphilo Marinho, em pleno exercício do cargo, foi nomeado prefeito de Caruary, AM. O ato de nomeação foi baixado pelo governo do estado do Amazonas, em 15 de março de 1930. Ele ainda ficaria dois meses em Porto Velho até a nomeação do seu substituto, coronel Ariosto Lopes Braga, cuja posse ocorreu no dia 26 de maio 1930. Nesse dia, às 09h30min da manhã, ele recebeu o cargo do prefeito demissionário, Theóphilo Marinho, que já estava de partida para Manaus, de onde seguiria para Caruary.
3.No entanto, a conjuntura política nacional, influenciada pela quebra da bolsa de valores de Wall Street, em New York, em 1929, iria alterar profundamente a vida política no estado do Amazonas e, particularmente, no distante município de Porto Velho a partir das eleições de 1º. De março de 1930, para presidente de vice-presidente da República. Mais uma vez entra em cena o deputado estadual Joaquim Augusto Tanajura, presidente regional do Partido Republicano do Amazonas,PRA, que aciona o diretório municipal e o prefeito Theóphilo Marinho para mobilizar o eleitorado portovelhense para votar na chapa do partido para presidente, vice-presidente, senador e deputado federal. O contingente eleitoral de Porto Velho era formado por 767 eleitores que foi apresentado à chapa completa do partido: para presidente da República, o paulista Júlio Prestes de Albuquerque; para vice-presidente Vital Henrique Soares; para senador, o ex-governador Ephigênio Ferreira de Salles; para deputados federais Antonio Monteiro de Souza, José Francisco de Araujo Lima, Jorge de Moraes e Adolpho Pedreira. Os candidatos oposicionistas ao PRA e apresentados na chapa do Partido Republicano Conservador,PRC, eram Getúlio Vargas, a presidente, e João Pessoa, a vice-presidente.
4.O 1º tenente Aluízio Pinheiro Ferreira, getulista de carteirinha, já exercia influência política em Porto Velho,AM, e Santo Antonio,MT. Na qualidade de chefe militar do 3º Distrito Telegráfico do Mato Grosso, com sede na vila de Santo Antonio, provavelmente não pode dar maior atenção aos eleitores de Porto Velho em defesa dos seus candidatos, Getúlio Vargas e João Pessoa. Seja como for, o eleitorado portovelhense preferiu seguir a orientação do deputado Joaquim Augusto Tanajura. O candidato a presidente Julio Prestes, obteve 764 votos. O candidato Getúlio Vargas, obteve apenas três votos. O candidato a vice-presidente Vital Henrique Soares, obteve 765 votos e o candidato João Pessoa, apenas dois. Convém esclarecer que o candidato a presidente era votado em chapa separada da do candidato a presidente. O candidato a senador Ephigênio Ferreira de Salles recebeu 767 votos, fechando a vontade do eleitorado em cem por cento. Os candidatos a deputado federal também receberam expressiva votação, confirmando a força política de Joaquim Augusto Tanajura. Como se pode observar, o eleitorado de Porto Velho-Amazonas, nessas eleições, decidiu manter a “Política do Café Com Leite”, que sempre levava ao poder central do Brasil políticos de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, como era o caso dos candidatos Julio Prestes e Vital Soares, vencedores das eleições em todo o país. O que ninguém poderia saber, nem na bem informada cidade do Rio de Janeiro, ou na distante e isolada cidade de Porto Velho-Amazonas, é que Julio Prestes e Vital Soares jamais tomariam posse e dariam início, mesmo sem querer, a um dos mais graves e importantes períodos políticos da vida brasileira: A Era Vargas.
Historiador e analista político (*)
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