Sexta-feira, 25 de março de 2011 - 13h44
Por Francisco Matias(*)
1. O embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Mr. Thomas Shannon, deve ter ficado surpreso com a correspondência que lhe chegou às mãos no final do mês de janeiro deste ano. Era um ofício da governadoria do Estado de Rondônia no qual o governador Confúcio Moura convidava o presidente dos EUA, Mr. Barack Hussein Obama a visitar Rondônia. Ou seja: estender sua visita à Amazônia, precisamente à cidade de Porto Velho. Ali, boquiaberto, o embaixador americano talvez não tenha sabido o que fazer com a missiva nas mãos. “Onde ficar Porrto Velio?” Teria perguntado aos seus assessores. “Poor acasoo serrá no Rrio de Janeiro?”. “Não excelência. Aqui no Rio tem um lugar chamado Porto Velho dos Moura”. “Este aí da carta fica na Amazônia, no estado de Rondônia...” apressou-se a responder o bem-informado assessor, talvez até agente da CIA. “E este governador com nome de filósofo chinês querr que nós alteremos a agenda do presidente do Rio de Janeiro para a Amazônia? “Ora, bolas. Mr. President não tem nada a fazer lá. Afinal, o que terr lá?”, teria perguntado o agora inquieto Mr. Shannon. “Tem a Madeira-Mamoré”. “O que serr Madeira-Mamoré?” “É uma ferrovia lendária, construída por nós no século passado, como parte do nosso projeto comercial e colonizador da Amazônia”. “Mas Não deu certo”, informou uma secretária bilíngue. “E o que mais terr lá que possa justificarr uma alteraçon na visita do nosso Mr. President?”
2. O assessor teria ficado meio sem saber o que responder, leu novamente a mensagem confuciana e sapecou: “O nosso ex-Mr. President Roosevelt também esteve por lá, na mesma época da construção da ferrovia e, junto com um certo Rondon percorreu o rio da Dúvida, que, no fim da expedição, foi batizado com o seu nome”. “Lá tem outro rio que recebeu o nome do seu filho” “do meu filho?!”, espanta-se o embaixador. “Não, excelência, filho do ex-Mr. President Roosevelt, Mr. Kermit”. “Tem o rio Kermit lá pelas bandas da chapada dos Parecis”. “But, o que serr chappada dos Parrecis?” “Depois lhe explicaremos. Vamos pedir ajuda aos universitários ou vamos ver no Google Earth”. E por aí vai. Seria cômico, se não fosse sério, verdadeiro e oficial. A carta saiu da governadoria, portanto foi emitida oficialmente, e foi recebida na embaixada norte-americana, portanto, recebida oficialmente. Só não se sabe por que cargas d`água Obama não veio. E nem se sabe o teor da resposta.
3. Agora, vamos imaginar se o convite tivesse sido aceito e, no domingo passado, o presidente Barack Obama estivesse em Porto Velho, em visita oficial, com a família conhecendo o rio Madeira. “Este Mr. President, diria o governador é o 5º maior rio do mundo e o segundo mais veloz, perde apenas para o rio Hudson”. “Hum, hum”, responderia o sorridente Obama, com uma cuia de tacacá nas mãos, as filhas comendo biribá e a esposa, Mrs. Michele Obama, provando um saboroso creme de cupuaçu. “Senhor presidente, eu lhe convidei aqui para que o senhor possa verificar, com seus olhos que a terra há de comer, que em Rondônia há um passado americano. Portanto, temos interesses comuns, taí a Madeira-Mamoré que não me deixa mentir”, diria o governador, entre orgulhoso de si mesmo e preocupado com a fumaça que brotava da Usina Jirau e, ali próximo, o rugir da de Santo Antonio. A Força Nacional e as tropas da nossa briosa PM estariam ali, presentes, mas nem iria precisar em razão da parafernália e do aparato de segurança montado pelos EUA e, de leve, pelo governo brasileiro. Talvez mais de três mil agentes, trazidos por aviões, helicópteros e, quem sabe, por 300 ônibus fretados. A praça da Madeira-Mamoré ia ficar pequena com tantos agentes de óculos escuros, headphones e algumas aparelhagens que só podemos ver em filmes do 007.
4. De repente, não mais que de repente, na hora do almoço, antes de comer aquela jatuarana assada na folha da bananeira, o presidente Barack Obama diria: “com licença, excuse-me, pliss, mas preciso dar um telefonema”. “Alguém aí me empreste um celular”. “Alô, é do Pentágono?”. “Yes, estou aqui em Poorto Velio, e estou dizendo: podem bombardear Kadhafi, quer dizer, a Líbia”. “Tank you. Vou almoçar”. Pois é, dentre os assuntos sérios que o presidente norte-americano veio tratar no Brasil, estava à ordem de mandar bombardear as tendas de Muamar Kadhafi, em Trípoli. O outro assunto era vender os aviões caça T-38 ao Brasil. Aquele sorriso maroto e permanente não escondeu a sagacidade do vendedor pracista. Obama mais parecia um caixeiro viajante do que qualquer outra coisa. Ora, os EUA não aceitam de modo algum perder este negócio das arábias para a França, nem que para isso, seu presidente tenha que deixar a visita à Porto Velho para outra ocasião e, de quebra, mandar soltar umas bombinhas sobre a Líbia. No final, restou ao governador Confúcio Moura o consolo de saber da vinculação histórica de Rondônia com os Estados Unidos da América e ter oficializado o convite. Se Barack Obama não veio, é problema de quem elabora sua agenda. Ele, o presidente norte-americano, não sabe o que perdeu, mas foi bom. Se tivesse vindo e bebido a água do Madeira não iria mais embora. Aí seria problema para as próximas eleições para governador.
Quem viver verá.
Fonte: Francisco Matias - Historiador e analista político
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