BRASIL – QUE PODER É ESSE? PARTE II

A foto que ilustra este artigo faz parte do acervo da memória política do Brasil. Durante a campanha eleitoral 2014, o presidente Lula, demonstrando sua liderança política, está em campanha para reeleger a presidente Dilma Rousseff.
 

1.Os semblantes dos presidentes Lula e Dilma, na campanha de 2014, parecem adivinhar o que viria no pós-reeleição. Uma coisa eles tinham como certa: a reeleição. O que não esperavam era o show de horrores que seria apresentado pouco depois. Os presidentes Lula e Dilma estão viciados no poder e, para manter esta condição, foram capazes de “fazer o diabo”, como bem disse a presidente na campanha. Certos da capacidade petista e lulista de “domesticar os fatos ao seu tempo e modo” desta vez perderam o controle da situação e ficaram perigosamente expostos à opinião pública. Por mais que tentem jogar para debaixo do tapete da história aquilo que não lhes interessa, dois fatores tornaram-se bastante incômodos ao projeto petista e ao “jeito PT de governar”. Um deles, a Petrobras e o Petrolão. Pior do que o Mensalão, esse escândalo não pode ser debitado ao congresso nacional, como foi feito com o Mensalão e já ocorreram várias citações aos dois presidentes do Brasil, Lula e Dilma. É típico do governo e da forma inescrupulosa pela qual o PT e o Lulismo privatizaram a Petrobras.

2.O outro fato tem nome próprio: Cid Gomes.Na segunda quinzena de março, o então ministro da Educação, Cid Gomes, PSB-Ceará, irmão do não menos polêmico Ciro Gomes, ambos aliados de primeira hora do PT, do presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff chutou o pau da barraca no plenário da Câmara dos Deputados. Pois bem. O ministro Cid Gomes compareceu à Câmara dos Deputados, em princípio a pedido da presidente Dilma Rousseff. Cid Gomes havia sido convocado pelo presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, do PMDB, para desculpar-se diante do plenário, por causa de uma opinião emitida sobre os parlamentares brasileiros quando de sua visita ao Pará. Perguntado sobre a Câmara, ele sapecou: “Tem lá uns 400 ou 300 deputados achacadores”. Portanto,  o Congresso Nacional, composto por 81 senadores e 513 deputados federais, teria, na opinião do ministro da Educação 67,34% de achacadores. E isto fez com que o presidente da Câmara o chamasse de “deseducado”, além de abrir uma brecha na base de apoio do governo que deve ter 300 ou 400 parlamentares. Cid Gomes apenas repetiu o raciocínio do então deputado federal-constituinte Luís Inácio Lula da Silva, que, por volta de 1988, afirmou que o “Congresso teria mais de 300 de picaretas”. Picareta ou Achacador é tudo a mesma coisa. Só que para o ministro pegou mal. Mas foi pior a emenda do que o soneto. Em vez de se desculpar, Cid Gomes ratificou seu pensamento e ainda apontou o dedo para o deputado Eduardo Cunha e disse que “preferia se chamado de deseducado por ele, do que ser como ele, um achador”. Resultado: o ministro foi exonerado, a pedido, e a presidente Dilma Rousseff ficou em uma sinuca de bico.

3.Para piorar, o irmão do ex-ministro, Ciro Gomes, veio a público afirmarque “a presidente é meio arrogante e muito inexperiente”. E falou em “roubalheira”. É a primeira vez que alguém da base aliada qualifica a corrupção no Brasil como “ROUBALHEIRA”. Seja como for, o Petrolão e o “Gomesão” atuam como um estopim aceso em direção a uma bomba armada pelo próprio PT no gabinete da presidente Dilma Rousseff. E só ela por estancar o rastilho de pólvora, mas ousa por não querer enfrentar a fúria petista. Se estava ruim, piorou com a divulgação de duas pesquisas, uma nacional e outra apenas em Minas Gerais, onde a presidente deu um show de votos em 2014. Nessas pesquisas, a presidente Dilma Rousseff foi muito mal avaliada, coisa assim como 72% acham péssimo o seu governo e 13% e 11% ainda aprovam. Além disso, quase 60% apoiam o impeachment da presidente. É GOLPE, dirão os petistas. Mas deve-se dizer que foi um tiro no calcanhar da presidente Dilma Rousseff, no pé do presidente Lula e no joelho do PT.  Isto quer dizer que o Brasil, o Nordeste incluso, não é petista, com imaginam alguns líderes do Partido dos Trabalhadores.

Historiador e Analista Político*