Segunda-feira, 10 de novembro de 2008 - 14h46
1. Na Grécia antiga surgiu a idéia de que o homem é um animal político. E toda a trajetória da humanidade prova isto. O homem é realmente um animal político. Atualizando e regionalizando tal pensamento, vamos encontrar o governador do estado de Rondônia como símbolo. Ivo Cassol é um animal político. Sua trajetória política é vitoriosa. Duas vezes prefeito de Rolim de Moura, eleito e reeleito, projetou-se em nível estadual e conquistou o governo do estado no 2º turno das eleições 2002 para ser reeleito no primeiro turno de 2006, não sem antes explodir o moral dos deputados estaduais da sexta legislatura e assumir feições de paladino da moralidade, para, no final, projetar-se nacionalmente como o grande caçador de corruptos.
2. Do seu primeiro governo ficou o legado de sua incomum figura política, maior do que a ação administrativa. Não tem como analisar Ivo Cassol apenas por suas obras de infraestrutura, que não foram poucas e contribuíram para fazer dele o primeiro político a ser reeleito para governar Rondônia, com direito á faixa que lhe fora negada no primeiro governo. Com a faixa, símbolo do poder no peito, ele foi, aos poucos, arquitetando um projeto político maior, nacionalmente maior. Queria ser presidente da República, apesar das marcas que ficaram do seu primeiro governo, com a Polícia Federal realizando várias operações no Estado, inclusive na residência oficial do governador, e o "convite" para deixar seu partido, o PSDB. Mas, Cassol não se fez de rogado e ingressou no PPS. Animal político de primeira linhagem, soube transitar na selva violenta da política, onde vivem outros animais políticos á solta, tão vorazes quanto ele. Mas, com uma diferença: nenhum deles podia pousar de paladino da moralidade, de caçador de corruptos. Só Ivo Cassol podia.
3. Mas, muita água rolou debaixo da ponte do rio Anta Antirada em direção ao Gy-Paraná, cujas águas jogam-se no Madeira e daí perdem-se no Rio Mar Dulce, o Amazonas. Nesse rolar de águas caudalosas e turbulentas, Ivo Cassol saiu do PPS e ficou sem partido. Um governador sem partido, na estratégica espera de ingressar, talvez no PTB, e daí capitanear o projeto de ser candidato á sucessão do presidente Lula, com a faixa no peito e o reconhecimento de ser o paladino caçador de corrupto. Até então invulnerável, o animal político não pode deixar de expor seu calcanhar de Aquiles, e, como na história da Grécia antiga, nele foi ferido e gritou alto e bom som: "vou me aposentar da política".
4. O animal político se sentiu sozinho, sem uma agremiação partidária forte a lhe dar sustentação, e sem aplicar em si mesmo sua máxima ninguém é bom sozinho. Ivo Cassol se viu só e isolado politicamente, com seu governo reduzido ao poder executivo, sem um grupo político forte e estrategicamente colocado nas hostes do poder, passou a sangrar pelo calcanhar. Qual Aquiles, da mitologia grega, Ivo Cassol não era invulnerável. Os adversários descobriram, afinal, como atingi-lo.
5. Agora Ivo Cassol governa sob liminar. Sua eleição foi anulada e outra se anuncia para 14 de dezembro. Está ferido como um animal solitário na selva onde todos os outros animais políticos caçam e cassam. Pode haver a eleição e ele poderá até ser candidato. Mas, não será o mesmo Ivo Cassol da reeleição, da faixa no peito, do projeto de ser candidato a presidente da República. Terá que contorcer-se e lamber seu próprio calcanhar ferido e reconhecer em si mesmo que ninguém é bom sozinho. Que, apesar de ser um político de grande liderança no Estado, precisa urgentemente de uma agremiação partidária forte a lhe dar abrigo e sustentação política. Precisa entender que governo é o conjunto harmônico e independente dos poderes legislativo, executivo e judiciário. Os seis a zero do TRE, revelam o isolamento do governador em seu próprio governo. Nenhum animal político que se preze pode sobreviver desse jeito. Nem mesmo Ivo Cassol.
Fonte: Francisco Matias
Historiador e analista político
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