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Francisco Matias

ELEIÇÕES 2012 – O OCASO DOS CLÃS


Por Francisco Matias(*)

1.Eleição municipal é um fator político-eleitoral ligado às intimidades do eleitorado. É paroquial. Fundo de quintal. Em qualquer cidade, grande como Porto Velho,RO, ou pequena como Pimenteiras do Oeste,RO, os candidatos tornam-se íntimos do distinto público que faz sua avaliação cara a cara, peito a peito. E não se pode comparar a performance dos candidatos a prefeito ou a vereador com qualquer outra eleição. Também é a oportunidade para se repaginar as tendências e, principalmente, a capacidade de forjar lideranças, ou, reafirmar algumas lideranças políticas familiares ou de grupos políticos, os clãs da política. Nas eleições 2012 o eleitorado demonstrou que não se presta a cabrestos, indicações, apelações e queria mesmo renovar seus mandatários municipais, e, de passagem, os clãs.

2.Em Porto Velho, onde os clãs são muito frágeis, antigos líderes políticos, chefes de clãs políticos, por impedimentos legais, ficha suja ou desgaste as coisas caminharam positiva e negativamente. O lado negativo fica com o clã Erse, antes representado por seu fundador, o agora falecido Chiquilito Erse, ampliado com as sucessivas eleições do deputado federal Moreira Mendes, mas, a nível municipal, enfraquecido pela ausência da David Chiquilito e a omissão do candidato a vice-prefeito Guilherme Erse. Os clãs Moraes, liderado pelo ex-deputado Paulo Moraes, lançou seu filho, Leo Moraes e se deu bem. Manteve o nome na política. O clã Negreiros (chefiado pelo conhecido empresário Ceará Miséria) jogou em duas pontas e venceu nas duas, pois conseguiu eleger dois vereadores (Ana Maria, o único candidato eleito pelo PMDB na capital, filha do vereador Ramiro, e Edvilson Negreiros, estreante, candidato que foi preso, mas foi o segundo mais votado). É a renovação do clã Negeiros, a nível de município. O restante, não virou.

3.No interior, o clã mais poderoso só tem um nome político, o do prefeito de Ji-Paraná José de Abreu Bianco. Prefeito reeleito, não pode concorrer e, por isso, o clã ficou fora, e torce para que seu líder tenha vida e saúde para disputar o senado em 2014. Em Ariquemes,e região, o clã Amorim, vergado por vários processos judiciais e até prisão, perdeu em dois municípios e venceu em um dos três que disputou. Perdeu em Ariquemes (Saulo da Daniela, candidato a prefeito) e Alto Paraíso (Helma Amorim) e ganhou em Cujubim (Ernan Amorim, reeleito prefeito). O clã Donadon está em declínio e a candidatura do líder Melki Donadon, à prefeitura de Vilhena, dá uma demonstração dessa decadência.

4.O clã Raupp, liderado pelo Casal 15 (Waldir e Marinha Raupp), continua forte, mas, em Porto Velho precisa fazer uma análise profunda na medida em que o candidato do PMDB, vergado pelo desgaste do governador Confúcio Moura, por sua própria tibieza política e outras cositas más, não virou. Apesar do esforço dos líderes peemedebistas, o partido foi de mal a pior e só conseguiu eleger, em Porto Velho, um vereador, melhor dizendo, vereadora. Outro clã, desta vez partidário, precisa de uma nova formatação em Porto Velho, é o clã PT. Apesar de ser um partido político, age como se fosse um clã político. Pois bem. Para fazer decolar a candidatura Fátima Cleide, o ex-presidente Lula se fez acompanhar da presidente Dilma e outras estrelas do petismo, e até o reticente prefeito Roberto Sobrinho deixou da lado as rusgas partidárias e apareceu como defensor perpétuo da candidata Fátima Cleide. Mas, os viadutos, o mensalão e os posicionamentos anteriores da candidata fizeram seu vôo ficar na pista com as turbinas funcionando, mas pouca gente confiando.

5.Em Jaru, o clã dos Muleta foi apeado do poder de forma clara e firme. Lá, a derrota dos Muleta marcou também a do PMDB e, a vitória do PT (Sonia do PT), marcou o retorno do partido ao poder político municipal depois de um longo jejum político. Em Ouro Preto, o clã Testoni se consolidou com a reeleição do prefeito Alex Testoni e o fortalecimento do seu irmão, o deputado Jaques Testoni, como liderança interregional, por ausência dos Muleta de Jaru. Ao fim e ao cabo, os clãs da política rondoniense têm de correr muito para não se esfacelarem de vez nas eleições gerais de 2014. Lá, o bicho pega.   E, nesse rol dos clãs, Bianco, Donadon, Erse, Amorim, Araújo, Oliveira, PT e PMDB, precisam entender que nem sempre os “postes” são eleitos, mas é comum os “eleitos” virarem “postes”. De luz queimada.

Historiador e analista político(*)

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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