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Francisco Matias

ESTADO DE RONDÔNIA, 31 ANOS


Por Francisco Matias(*)

1.O estado de Rondônia completou no dia 22 de dezembro de 2012, trinta e um anos de criação. Melhor dizendo: de elevação da condição de Território Federal para a categoria de Unidade Federada brasileira. Pois bem. Com mais de três décadas de existência, Rondônia não é mais um “estado jovem”. É maduro. Adulto o bastante para se refazer, reconstruir-se de tantas mazelas. De 2009 até 2012, a Polícia Federal executouESTADO DE RONDÔNIA, 31 ANOS - Gente de Opinião seis operações no Estado. Seis! Com nomes pomposos, muitas vezes históricos, a PF, ou, como se fala, os MIB (homens de preto), ao raiar do dia, seis da manhã, costumam acordar autoridades de Rondônia em suas casas, sítios, fazendas, hotéis, seja onde for. Homens e mulheres investidos de cargos nos poderes legislativo, judiciário e executivo, e até no ministério público, foram acordados as seis da matina por estarem envolvidos nos mais variados casos de crime.

2.Trinta e um anos. O presidente João Figueiredo, no final do regime militar, resolveu investir sua força e prestígio político para criar a 23ª. Unidade Federada do Brasil, “a mais nova estrela no azul da União”. Na época, o então Território Federal de Rondônia contava com 13 municípios: Porto Velho, Guajará Mirim, Costa Marques, Ariquemes, Jaru, Ouro Preto do Oeste, Ji-Paraná, Presidente Médici, Cacoal, Espigão do Oeste, Pimenta Bueno, Vilhena e Colorado do Oeste. Nesse espaço de tempo, o estado passou a ter 52 municípios. Pois é. No maior, mais rico e mais importante, Porto Velho, em cuja cidade funciona a capital do Estado, ocorreram, no início de dezembro, três operações dos MIB. Operação Vórtice, Operação Endemias e Operação Sempre MPF. Três! Simultaneamente. De repente, secretários poderosos foram visitados, as seis da matina, pelos homens (e mulheres) de preto. De repente, não mais que de repente, o prestigiado prefeito Roberto Sobrinho se tornou um prefeito sem prefeitura, afastado do cargo e proibido de aproximar-se de qualquer órgão da municipalidade. Foi como se o viaduto tivesse desabado sobre o prefeito.

3.E não foi só em Porto Velho. Em alvorada do Oeste, o prefeito Laerte Gomes, ou Laerte do Planalto, viu seus secretários serem presos e ele ficou no limbo, mas acusado de chefiar uma quadrilha que dilapidou os cofres da prefeitura. Em Nova Brasilândia, o prefeito eleito em 2012 teve o registro de candidatura indeferido e não foi diplomado. A nível federal, o STF negou recurso do deputado Natan Donadon, e manteve sua condenação a 13 anos de reclusão. É só esperar o mandato ser cassado. Voltando a Porto Velho, o vereador eleito Edwilson Negreiros, foi preso duas vezes na campanha, e mais uma vez depois de eleito. Teve o registro de candidatura anulado, não foi diplomado e está atrás das grades. Além das ações da PF, teve também o programa CQC (Custe o Que Custar), que, durante as gravações em Porto Velho, pode presenciar o corre-corre do prefeito Roberto Sobrinho, teve as portas do departamento de comunicação da prefeitura fechada na cara, e ainda viu um zeloso servidor do DNIT, impedir fisicamente sua entrada no prédio, onde funciona um órgão público federal. No final, o jornalista e humorista Marcelo Tass, âncora do programa, afirmar sobre o prefeito Roberto Sobrinho: “este prefeito tem uma cara de pau que emociona”.

4.E por falar nisso, o prefeito afastado foi a um programa de TV, dizendo-se inocente e injustiçado e até chorou. Emocionou. Mas, sem querer retirar do prefeito a presunção de inocência, coisa que o PT nunca fez com adversários, ele não convenceu muito, é muita acusação de pagamentos indevidos que, se ele realmente for inocente, como se espera que seja, terá sido muito tolo e negligente em sua gestão para deixar que secretários e assessores fizessem as estripulias que a PF está investigando. Esta coluna torce para que as lágrimas do prefeito não sejam de crocodilo e que tudo o que pesa contra ele não passem de boatos. Mas, reserva-se o direito de fazer algumas perguntas: E o pagamento de 10 milhões de reais a Camter, em pleno período eleitoral, por que foi feito? E os viadutos? Será verdade que o prefeito possui uma faculdade em Campinas,SP, como foi visto por uma equipe de esporte que lá esteve? Será que o prefeito comprou fazendas e restaurantes aqui na terrinha? Será que ele tem mesmo imóveis em Portugal, em Fortaleza e no Rio Grande do Sul? Esta coluna se reserva também no direito de esperar que tudo isso seja apenas boataria, e que o prefeito seja realmente inocente. Mas, se for, por que o MPF requereu e conseguiu um novo afastamento seu de qualquer órgão da prefeitura? Pois é. 

Historiador e analista político(*)

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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