Quarta-feira, 10 de abril de 2013 - 20h22
Por Francisco Matias(*)
1.A instalação do município e da comarca de Guajará Mirim, no dia 10 de abril de 1929, não significou a instalação do poder legislativo. Apesar de empossados naquele dia, os vereadores somente instalaram a câmara municipal no dia 22 de abril de 1929, quando ocorreu a eleição da mesa diretora para o biênio 1929-1930. Naquela data, doze dias após a instalação do município e comarca, a câmara de vereadores foi instalada com a seguinte composição: Presidente: José Mendonça de Lima; vice-presidente Basílio Mago de Arsolino, e os demais vereadores José Solecindo dos Santos, Carlos Costa, Miguel Farias e Pedro Struthos. Ficaram como suplentes Clovis Serrão Ewerton, João Freire Rivoredo, José Cavalcante, Hermógenes Costa, Francisco Borges Pedrosa. Pedro Salvador, Leocádio Pardo e Hugo Melo. Todos nomeados pelo governo do Mato Grosso, através do ato nº 1.099, de 6 de abril de 1929.
2.A lei nº 991, de 28 de julho de 1928, que criou o município de Guajará Mirim determinava ao poder executivo estadual marcar uma data para as eleições para prefeito e vereadores. Provavelmente o pleito deveria ocorrer no final de 1930. Mas, esse ano seria marcante para Guajará Mirim, o estado do Mato Grosso e o Brasil como um todo na medida em que ocorreram eleições para presidente e vice-presidente da República que desaguaram no golpe de Estado que levou Getúlio Vargas ao poder. Esta nova conjuntura política nacional impediu a realização das eleições em Guajará Mirim. Pior ainda. Ao instalar a República Nova e o governo provisório, o presidente Getúlio Vargas fechou as casas legislativas em todo o país. Em consequência, a incipiente câmara municipal de Guajará Mirim, instalada em 1929, funcionou apenas um ano e sete meses, tendo sido fechada. Esta ação do governo Vargas durou cinco anos quando o Congresso Nacional foi reaberto e as assembléias legislativas voltaram a funcionar.
3.Possivelmente, a câmara municipal de Guajará Mirim voltou a funcionar com a nomeação de novos vereadores. Todavia não existe no município nenhum registro histórico que comprove que houve uma nova câmara municipal entre 1934 e 1969. Destarte, pode-se considerar improvável que tenha havido o funcionamento do poder legislativo municipal em Guajará Mirim. Mesmo porque, o presidente Getúlio Vargas iria revolucionar o sistema de golpes de estado na América do Sul ao desfechar um golpe sobre seu próprio governo, depois de um breve período de sopro democrático. Em 1937 foi decretado o Estado Novo, inaugurando o período mais duro da ditadura Vargas, que duraria até 1945.
4.Nesse período não ocorreram eleições para nenhum cargo político no país. Portanto, a câmara de vereadores de Guajará Mirim, fechada em 1930, somente seria reaberta em decorrência das eleições de 15 de novembro de 1969, no âmbito do Território Federal de Rondônia, formado, na época, pelos municípios de Porto Velho e Guajará Mirim. Era o início de outra ditadura, desta vez implantada pelo governo militar no ciclo dos generais. Os vereadores eleitos em 1969 no município de Guajará Mirim, depois de um jejum eleitoral de 39 anos, foram: Quintino Augusto de Oliveira e Clodoaldo Moura Palha, ambos eleitos pela legenda da ARENA (Aliança Renovadora Nacional), partido de apoio do regime militar), e Salomão Silva, Salomão Justiniano de Melgar e Manoel Mendes Filho, eleitos pela legenda do MDB (Movimento Democrático Brasileiro), partido que fazia oposição consentida pelos generais.
5.QUEM ERA MANOEL BOUCINHAS DE MENEZES,o comerciante que virou o primeiro prefeito do município de Guajará Mirim? A trajetória desse pioneiro revela uma vida de aventuras pelo mundo. Nascido no Maranhão em 16 de outubro de 1887, ingressou na Marinha Mercante e, aos vinte anos de idade, aportou em Manaus. Deixou a marinha para tentar aventuras nos seringais do Acre. Mas, conseguiu emprego no seringal Santa Cruz, na Bolívia, onde ficou sete anos. Nesse período, relacionou-se com o libertador do Acre, o coronel Plácido de Castro que também comercializava pelos seringais bolivianos até a cidade de Riberalta. Mas, em 1913 o guarda-livros de seringal Manoel Boucinhas de Menezes foi acometido por beribéri e teve de buscar tratamento em Manaus. De lá, foi para a cidade de Nova York, EUA. Um ano depois volta a Manaus e de lá segue para o estado do Mato Grosso, estabelecendo-se na vila de Esperidião Marques, futura cidade de Guajará Mirim, onde aporta no ano de 1915, final do 1º. Ciclo da Borracha, onde monta uma casa aviadora. 6.O ano de 1926 seria marcante para Guajará Mirim e Manoel Boucinhas de Menezes. Este é o ano em que a vila de Esperidião Marques será elevada à categoria de cidade com a denominação Guajará Mirim mas será também o ano em que, por motivo de doença, o comerciante Manoel Boucinhas de Menezes viaja para a Europa, em busca de tratamento na Alemanha e na França. Um ano depois retorna a Guajará Mirim e retoma seus negócios de compra e venda de borracha e castanha-do-pará. Nesse meio tempo Guajará Mirim torna-se município e Manoel Boucinhas de Menezes o seu primeiro intendente/prefeito. Maçon, membro fundador da Loja Maçônica Fé e Confiança, era casado com a senhora Maria Perez, espanhola, com quem teve seis filhos (quatro homens e uma mulher). Faleceu em Guajará Mirim, no dia 22 de abril de 1981, aos 94 anos de idade.
Historiador e analista político*
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