Segunda-feira, 15 de janeiro de 2007 - 21h30
1. A minissérie Amazônia, que vem sendo apresentada pela TV Globo, do mesmo modo que sua congênere anterior, Mad Maria, traz de volta ao presente mais uma odisséia na fronteira oeste do Brasil misturando ficção e realidade em cima de fatos históricos. A missérie Mad Maria trouxe de volta a epopéia da construção da ferrovia Madeira-Mamoré, que os puristas de plantão criticaram como se estivesse sendo praticado um falseamento da História de Rondônia, o que não ocorreu. Desta vez o cenário são os seringais acreanos, numa época em que o Acre era boliviano de fato e de direito, mas ocupado por brasileiros, a maior parte nordestinos do Ceará, num processo de autocolonização estimulado ostensivamente pelos governos do Amazonas e do Pará, e pelas poderosas Casas Aviadoras sediadas em Belém e Manaus. Por trás das cortinas desse cenário, estava o governo brasileiro, que defendia a posse do Acre pela Bolívia, mas, nada fazia para impedir o avanço dos nordestinos em direção aos ricos seringais, onde se explorava o melhor látex da Amazônia.
2. Estamos no final do século XIX, auge do 1º ciclo da Borracha, e a cidade de Manaus, com menos de 10 mil habitantes, era a Metrópole da Borracha, por onde passavam milhares de flagelados das secas nordestinas e centenas de aventureiros de todas as espécies e nacionalidades. Um deles, era o espanhol Luiz Galvez Rodrigues y Arias, conhecido por D.Galvez, um misto de repórter de província, funcionário de embaixada e espião. Um grande e ambicioso aventureiro, que sabia viver uma época de aventuras e ambições desmesuradas. Vivia de consulado a consulado nos quais era bem recebido por dar informações de lado a lado. Foi nesse jogo de espionagem que ele descobriu a principal missão da canhoneira Wilmington, um barco de guerra norte-americano, comandado pelo capitão Chapmann Todd, que atracara no porto de Belém, na noite de sábado, 11 de março de 1899, com apoio do cônsul americano, mas sem autorização do governo brasileiro. A canhoneira Wilmington estava em missão secreta do Departamento de Estado dos EUA e iria encontrar D. José Paravicini, embaixador da Bolívia no Brasil e que havia assumido o controle boliviano no Acre, que a Bolívia chamava Territórios das Colônias.
3. Luiz Galvez Rodrigues y Arias (e não de Arias), descobriu tudo e publicou nos dois mais importantes jornais da região na época: A Província do Pará, de Belém, e no O Comércio, de Manaus, com a manchete "Um Caso Sensacional". Foi o bastante para esquentar ainda mais as relações Brasil/Bolívia e fazer o governo norte-americano se voltar contra Galvez, que encontrou apoio nos governos do Pará e do Amazonas para por em prática um plano desses governos, mas, especialmente, seu. Os EUA, em represália, fizeram publicar nos mesmos jornais matérias nas quais assumiam seu posicionamento em favor da Bolívia, assumindo inclusive sua defesa militar no caso de uma possível guerra com o Brasil. Luiz Galvez lançou os EUA no meio de uma crise política e militar contra o Brasil, tendo como motivos as terras do Acre boliviano ocupadas por desesperados nordestinos, grandes seringalistas, desterrados pelo governo federal e outros aventureiros, todos ali assentados ilegalmente, do ponto de vista diplomático.
4. Nesse meio tempo, o embaixador D. José Paravicini deixa o Acre sendo substituído por D. Moisés Saltivañez, cumprindo um período em que implantou um duro regime policial no Acre e acirrou ainda mais a crise, decretando a abertura dos rios do Acre à navegação estrangeira, quando o Brasil havia proibido qualquer navegação por barcos de bandeira estrangeira, principalmente dos EUA, nos rios Amazônicos. Os 100 dias de Paravicini, como é chamado seu período de governo no Acre, foram marcantes e abriram as portas para Luiz Galvez Rodrigues y Arias. Mas não foi ele quem iniciou o levante acreano. Foi uma Junta Revolucionária de São Jerônimo, fomentada e liderada, em maio de 1899, pelo advogado cearense José de Carvalho, funcionário do governo do Amazonas e seringalista. Reunidos no Seringal Bom Destino, cujo proprietário era Joaquim Vitor, que esta Junta decidiu expulsar o delegado boliviano D. Moisés Santivañez de Puerto Alonso, hoje cidade de Porto Acre. José de Carvalho liderou esse primeiro movimento, mas, não ficou à frente da luta. Acometido de béri-béri, voltou a Manaus sendo substituído pelo seringalista Joaquim Domingos Carneiro. Na virada do século XIX, na fronteira oeste do Brasil, na parte sudoeste do Amazonas, uma trama política norte-americana e boliviana, iria alterar profundamente a geopolítica brasileira e a vida de muita gente tendo como principal ator o espanhol D. Luiz Galvez Rodriguez Y Arias.
Do livro O Tratado de Petrópolis, Diplomacia e Guerra na Fronteira Oeste do Brasil,
inédito, do Historiador e Analista Político Francisco Matias
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