Domingo, 24 de abril de 2011 - 11h28
Por Francisco Matias(*)
1. Por mais que o governador Confúcio Moura, e seu secretariado, tenham tentado tornar os cem dias de governo em apenas um ponto desimportante chegada, não estão conseguindo desmitificar o que realmente representa este marco: um importante e significativo ponto de partida. Destarte, os cem dias não comemorados no dia 11 de abril marcaram de fato o fim da lua de mel, como se costuma chamar, do novo governo com a sociedade rondoniense. Nesses três meses e dez dias passados, o governador Confúcio Moura pode, dentro das limitações que o tempo impõe, conhecer a máquina administrativa e sua complexa funcionalidade e aprendeu que governar o estado de Rondônia, um colosso territorial de 238 mil km quadrados, com um PIB de mais de 13 bilhões de reais, uma população de 1,5 milhão de habitantes espalhados por 52 municípios e em fase de crescimento socioeconômico, não é tarefa das mais fáceis. Nem poderia ser. Confúcio Moura sabia disso quando se lançou candidato e, no dia da posse, pode tomar conhecimento das dificuldades que teria de enfrentar nas principais áreas do governo: saúde, educação, infraestrutura e segurança pública.
2. Foi só passar os cem dias e o governador sentiu o fim da lua de mel, como se costuma chamar o período de carência que as oposições costumam dar aos governantes. Começou pelas pressões para substituir secretários, notadamente o da pasta da Saúde e o da Educação. E o governador chegou a admitir que poderia substituí-los, talvez sem perceber o porquê de tudo isso. Afinal, não há governante algum e, por extensão, secretário nenhum, que apresentem resultados satisfatórios com apenas cem dias de gestão, principalmente nas áreas de saúde e educação. Nem aqui, nem além, nem no aquém do além. Ocorre que a eleição de Confúcio Moura ao cargo maior do Estado foi cercada de perspectivas de mudanças, afinal de contas, ele se comprometeu a inaugurar “uma nova Rondônia”. O que não foi dito e nem lhe foi perguntado é se essa inauguração se daria logo ao raiar do seu governo, ou, mais adiante dos cem dias.
3. As pastas da Saúde e da Educação, as mais visadas pelo governador, continuam problemáticas. Não teve jeito para Confúcio Moura realizar o que quer e pretende, mesmo porque, os problemas e as dificuldades que enfrenta são produtos antigos de um passado recente. Mas, o pior estava por vir. Havia uma bomba de efeito retardado pronta para ser acionada bem no coração do governo, na porção mais visível e sensível do que a população conhece como segurança pública: a Polícia Militar. De repente, homens mulheres uniformizados e armados marcharam, ainda que em descompasso, em direção ao Palácio Presidente Vargas, e colocaram o governo e o governador em cheque com os cem dias. Ou seja: não adianta dar pouca ou nenhuma importância aos cem dias como se fosse um ponto de chegada apenas. A paralisação da força de segurança ostensiva, embora parcial, a ousadia dos próprios policiais militares em tomar a frente do movimento, desrespeitarem o regulamento e a constituição estadual e iniciarem uma greve é coisa para o governo pesar e medir cuidadosamente. É coisa de aviamento político e administrativo. É ponto importante de partida.
4. Esta não foi a primeira vez que policiais militares executam movimentos paredistas - e não será a última, por certo -. O primeiro grande movimento se deu no governo Piana, nos idos dos anos 90, com o famoso “panelaço”. Naquela época, ocorreu a quebra total da hierarquia na corporação, de tal modo que o governo federal decidiu intervir no Estado e nomeou um oficial do Exército para comandar a corporação. Contudo, foi no governo Cassol que a coisa pegou fogo, literalmente. Em 2008, familiares dos policiais militares “trancaram” quartéis, furaram pneus das viaturas e o caos foi gerado. Contudo, em todos esses movimentos, os PMs não “estavam à frente”. Eram esposas e esposos, filhos e filhas, parentes e aderentes quem lideravam os movimentos, em respeito ao regulamento e ao disposto constitucional que veda greves de policiais. Mas agora, no final dos cem dias do governo Confúcio, a luz amarela foi acesa. Policiais foram ao Palácio e, nas barbas do governador, cruzaram os braços, reivindicaram e fizeram a greve que, por mais curta que tenha sido, por menos contingentes envolvidos, foi grave. A demonstração de força dada por apenas um órgão representativo da categoria sinalizou para o que pode estar por vir. Compete ao governador em particular, e ao governo em geral, a condução dos fatos e a avaliação do tamanho do incêndio e do que foi realmente apagado deste fogo de início de governo. Mais cem dias estão por vir e isto se dará em agosto, o chamado mês do cachorro louco. Até lá, o governo deve medir o dimensão do ponto de partida, pois poderá se ver enredado numa teia difícil de ser rompida. Poderá ser ponto de chegada. Quem viver verá.
Fonte: Francisco Matias - Historiador e analista político
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