Segunda-feira, 14 de setembro de 2015 - 17h45
1.O dia 13 de Setembro de 1943 marcou indelevelmente a vida do estado de Rondônia. E lá se vão 72 anos. Sete décadas passadas em que se projetou a criação do Estado. Passado tanto tempo e depois de tantos acontecimentos, a história, devido ao seu dinamismo e aos avanços da modernidade, afasta-se do 13 de Setembro e do próprio Território Federal do Guaporé. Pergunta-se: o que é um território federal? Responde-se: é uma área geográfica demarcada, registrada e controlada pelo governo federal. Tudo pertence ao governo federal. É um vir a ser. Ou será elevado a estado, ou será extinto. Mas não é apenas isso. É uma forma de nacionalizar-se uma região, muitas vezes situada em zona de conflito ou de fronteira, pouco habitada, subdesenvolvida e passível de intervenções por governos estrangeiros. É uma forma de se proteger a fronteira, dentre outras determinantes de governo e de nação.
2.Nesse contexto poucos estados brasileiros possuem histórias tão ricas e tãocomplexas quanto Rondônia. Tais riquezas e complexidades são refletidas nas provas para concursos, nos erros cometidos pelas bancas aplicadoras das provas, nos debates sobre o surgimento deste ou daquele município. Seguindo esta linha de desentendimento histórico e conflitos permanentes, a designação política do estado emerge como uma das dúvidas neste imenso rio de dúvidas que banha nossa origem histórica. Afinal, desde quando Rondônia é Rondônia? Desde 1943, respondem alguns. Desde 1956, respondem outros. Desde 1981, outros se apressam a responder. A resposta correta seria desde 24 de outubro de 1915. Nessa data, o médico e etnólogo carioca Edgar Roquette-Pinto, que integrou a Comissão Rondon, conseguiu o registro oficial do logismo RONDÔNIA para toda a região por onde passassem as “línguas de Mariano”, forma como os seringueiros chamavam a fiação das linhas telegráficas instaladas nos sertões do Mato Grosso, a partir de Cuiabá com destino ao Acre.
3.Estava dado o primeiro passo para a criação de mais um território federal no Brasil,tendo em vista a existência do Território Federal do Acre, criado em 1904 pelo presidente Rodrigues Alves em decorrência da anexação do Acre boliviano ao Brasil. Passaram-se quase três décadas para o Brasil mudar sua estrutura política e administrativa. Isto ocorreu com os desdobramentos da revolução de 1930 que culminou com a ruptura democrática e a posse do político gaúcho Getúlio Vargas na presidência da República. Estava instalado o Governo Provisório da República Nova.
4.Para a região Norte, o presidente nomeou o major Juarez Távora como chefe daDelegação Militar do Norte e o capitão Aluízio Pinheiro Ferreira como chefe do 3º Distrito Telegráfico do Mato Grosso e Delegado do Governo Revolucionário para o Alto Madeira. Começam as tratativas para a criação de um território federal na região. No entanto, foi no interior do estado do Mato Grosso, no município de Guajará Mirim, que a ideia ganhou forma política por iniciativa do coronel Paulo Cordeiro da Cruz Saldanha. Em 1932 ele entregou ao capitão Aluízio Pinheiro Ferreira um documento assinado por empresários urbanos e rurais, com chancela da Câmara de Vereadores, do prefeito e da Maçonaria local dispondo sobre a criação do TERRITÓRIO FEDERAL DO MAMORÉ, cuja capital deveria ser a cidade de Guajará Mirim.
5.Apesar de ter entregue pessoalmente ao presidente Getúlio Vargas a reivindicaçãoda classe política e empresarial de Guajará Mirim e ter feito a defesa do projeto na influente Sociedade dos Amigos de Alberto Torres, no Rio de Janeiro, o capitão Aluízio Pinheiro Ferreira não tinha interesse político no projeto. Sabia que não lhe traria nenhum benefício, mesmo porque o futuro território federal seria na bacia do rio Mamoré, cujo poder político era todo do coronel Paulo Saldanha, um misto de comerciante, seringalista e gerente da Guaporé Rubber Company, dos EUA. Sabia que, em caso de ser criado o território federal, o governador seria sem dúvida, o dono do poder no vale do Mamoré. Por isso, Aluízio Ferreira entregou o documento, fez a defesa do projeto, mas ficou por aí mesmo. Esperava melhor oportunidade. Mas a sorte estava lançada. Se o governo Vargas decidisse pela criação de territórios federais, o do Mamoré estaria entre eles, envolvendo Guajará Mirim e Vila Bela do Mato Grosso, o que corresponderia atualmente aos municípios de Nova Mamoré, Guajará Mirim, Costa Marques, São Francisco do Guaporé, Seringueiras, São Miguel do Guaporé, Cerejeiras, Corumbiara, Cabixi, Pimenteiras do Oeste e o município de Mato Grosso, ex-Vila Bela da Santíssima Trindade. Isto não seria interessante para os planos de poder do capitão Aluízio Pinheiro Ferreira.
Historiador e analista político
Membro da Academia Rondoniense de Letras, ARL(*)
Porto Velho, 13.09.2015
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