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Francisco Matias

OS 101 ANOS DA MADEIRA-MAMORÉ, PARTE II


Por Francisco Matias* 

1.Na segunda parte da narrativa do coronel ALUÍZIO PINHEIRO FERREIR,ele fala do fracasso do coronel Church e das iniciativas do governo brasileiro para tocar o projeto Madeira-Mamoré: “Como conseqüência do fracasso, foi cassada a concessão ao coronel CHURCH,Pela lei nº 3.141, de 30 de outubro de 1882, foram restabelecidos os estudos da estrada de ferro e confiados a uma comissão presidida pelo engenheiro CARLOS MORSING.Esta comissão , depois de 2 meses de estada em Santo Antonio, onde aportou em março de 1883, teve a mesma sorte dos engenh

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Coronel George Church, primeiro dono da empresa Madeira-Mamoré

eiros e trabalhadores da casa P.T.COLLINS, tendo perecido, entre outros, os profissionais LEITÃO DA CUNHA, ÍNDIO DO BRASILe TOMÁS CERQUEIRA.Não obstante, apresentou as plantas de 112 quilômetros de exploração, realizada numa época em que a ignorância da profilaxia do impaludismo era o maior obstáculo a qualquer serviço.”

2.E continua a narrativa sobre aCOMISSÃO MORSING. “O trabalho da comissão Morsing foi encomiado pelo Clube de Engenharia, mediante parecer firmado por HERCULANO PENA, ANDRÉ REBOUÇAS, SILVA COUTINHO, F.P. PASSOS, AARÃO REIS, CARLOS NIEMEYER, MELO BARRETO eP. MAYRINK. Surge, em substituição da Morsing, a comissão chefiada pelo engenheiro JÚLIO PINKAS, cujos estudos foram suspeitados de falta de veracidade. É sabido que o Estado do Mato Grosso oferecera condições e vantagens, aparecendo, então, os proponentes GUIBERT DE BLAYMONT e ADOLFO BALLAVIAN, com intuitos exclusivamente especulativos, como fizera, posteriormente, JOAQUIM CATRAMBY, que assinou contrato com o Govêrno Federal para a construção da estrada de ferro, a 14 de novembro de 1906, de acôrdo com o Decreto nº 6.103, de 7 de agosto do referido ano.

3. “Mas o contrato era deficiente porque na relação de preçosnão estavam especificados serviços absolutamente necessários, daí a facilidade pela qual a obra foi contratada, mais pela intenção do contratante em passá-la adiante, o que realmente fez, autorizado pelo Decreto nº 6.838, de 30 de janeiro de 1908, transferindo-a à The Madeira-Mamoré Railway Company, constituída em Portland, Estado do Maine, na América do Norte. Esta empresa foi autorizada a funcionar no Brasil por Decreto nº 6.752, de 28 de novembro de 1907. Talvez melhor êxito obtivesse a obra projetada se o contrato da construção tivesse sido dado ao segundo solicitante brasileiro, o engenheiro RAYMUNDO PEREIRA DA SILVA,de cujas idoneidade e capacidade profissional tem o Brasil notório conhecimento.”

4.“Veio afinal oTratado de Petrópolis, que foi o passo que trouxe o impulso decisivo para a efetivação e término do serviço. Entre as obrigações assumidas pelo Brasil estava (art. VII do Tratado) a de construir uma estrada de ferro dêsde o porto de Santo Antonio, no rio Madeira, até o de Guajará-Mirim, no Mamoré. No uso da estrada, Brasil e Bolívia teriam direito às mesmas franquias e tarifas e o Brasil se esforçaria por concluir a construção no prazo de quatro anos. “O Sr. PERCIVAL FARQHUAR,que ao tempo já tinha a concessão para o porto do Pará, chefiando um sindicato americano, chamou a si a responsabilidade da construção da Madeira-Mamoré. O que levou o Sr. FARQHUAR a atirar-se a esse empreendimento, foi, consoante sãs próprias declarações – o desejo de recomendar-se com a construção de uma obra reputada dificílima, firmando assim o seu conceito, justamente quando iniciava seus trabalhos no Brasil.”

5.O coronelALUÍZIO PINHEIRO FERREIRA continua sua narrativa sobre a Madeira-Mamoré: “o certo é que ninguém tinha uma compreensão justa e adequada de todas as dificuldades a enfrentar. Ninguém tinha a compreensão das tremendas dificuldades a vencer, mas o contrato de construção dava preferência à companhia para o arrendamento da estrada e como a indústria da goma elástica estava no apogeu, provàvelmente imaginou-se que os lucros do arrendamento cobririam todas as despesas, removeriam todos os tropeços”. 3.“A construção foi empreitada, em 19 de abril de 1907, com a firma May & Jekyll (mais tarde modificada para May, Jekyll & Randolph). Em junho do mesmo ano estavam iniciados os trabalhos. A firma empreiteira prosseguiu corajosamente no serviço, tencionando intensificá-lo em 1908, com a utilização dos trabalhadores espanhóis dispensados das construções ferroviárias confiadas à mesma, em Cuba.

6.Em princípios de 1908 foi iniciada a escavação do leito da via férrea.Em setembro, a exploração alcançava o rio Jacy-Paraná. Em 24 de abril de 1909, nos termos do Decreto nº 7.344, de 25 de fevereiro do mesmo ano, a Companhia assinou um contrato de arrendamento da estrada por 60 anos, contados a partir de 1º. de julho de 1912”.

PS – A coluna utilizou a grafia original da narrativa para permanecer fiel ao texto e ao tempo, haja vista ter sido publicada na SINOPSE ESTATÍSTICA DO MUNICÍPIO DE PÔRTO VELHO, pelo Serviço Gráfico do IBGE, no Rio de Janeiro, em 1951.

Historiador e escritor regional(*)

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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