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Francisco Matias

PRESIDENTE DILMA ROUSSEF, O LADO A – PARTE I


Por Francisco Matias*

1.Apesar do silêncio compulsório que se abateu sobre cientistas políticos, comentaristas e demais intelectuais de esquerda, o Brasil pensa, mas não fala, não escreve e não se indigna com as jogadas do PT e do governo Dilma Roussef, claro, sob o controle e comando do presidente emérito, Luís Inácio Lula da Silva. O fato que mais recentemente chamou a atenção da sociedade desorganizada brasileira, com relação a este quadro amorfo do pensamento político nacional, não partiu do governo, mas da oposição. Foi a decisão do senador Aécio Neves, presidenciável do PSDB, que ingressou com uma representação na Justiça contra o governo por causa das elevadas despesas num restaurante de Lisboa, capital de Portugal, no qual a presidente Dilma Roussef e seu staff jantaram antes de seguir viagem para Havana, capital de Cuba. Parece brincadeira de mau gosto, mas não é. Um partido como o PSDB, que pretende representar a oposição ao governo do PT, tendo um líder nacional como é o senador Aécio Neves, se dispõe a ingressar na justiça com uma ação de improbidade  contra a presidente Dilma Roussef simplesmente porque a presidente e sua comitiva resolveram comer em um restaurante caro, em Portugal.

2.Ora, tenham paciência! A presidente Dilma Roussef e seus ministros, senadores, deputados e empresários que estavam, ou estiverem em viagem, podem comer onde bem entenderem, com o preço que estejam dispostos a pagar. A presidente e qualquer agente público, só precisam apresentar nota fiscal para comprovar as despesas quando forem prestar contas. Não tem nada de irregular nisso. Nada que mereça maior atenção do senador Aécio Neves e do PSDB. Sua iniciativa apenas demonstrou como a oposição “nesse país” é canhestra, medíocre, não programática e está perdida como cego em tiroteio. Na mesma condição estão a direita e a centro-direita. Quando não estão servindo de boi de piranha nas hostes do governo, por interesses muitas vezes inconfessáveis, por medo de dossiês e das demais formas de retaliação, permanecem como os intelectuais de esquerda, silentes e cúmplices, salvo raríssimas exceções. Voltemos especificamente ao senador Aécio Neves cuja maior preocupação foi a conta do restaurante lisboeta.

3.Na qualidade de possível candidato a presidente da República ele bemque poderia ter sido melhor orientado por sua equipe não para este fato, mas para o fato de a comitiva presidencial ter preferido pousar em Portugal do que nos EUA em seu périplo para Havana o que tornou a viagem mais longa, mais dispendiosa e puramente ideológica. Se o avião presidencial pousasse em solo norte-americano, a maioria dos membros da comitiva, e a própria presidente Dilma Roussef, poderia ser acometida de “chiliques acadêmicos ideológicos antiamericanos” em pleno país antípoda a Cuba. Além disso, certamente, poderia desagradar aos irmãos Castro (Raul e Fidel) e à vigilante esquerda brasileira, como um todo, e à militância petista, em particular.

4.A partir daí, o senador Aécio Neves poderia aprofundar a questão eingressar com uma ação judicial para que o governo brasileiro, desde a gestão do presidente Lula, informe ao Congresso Nacional, porque foi firmado um contrato bilionário e sigiloso com o governo cubano, que somente poderá vir ao conhecimento do Ministério Público, da Justiça, do Parlamento e, ao final, da sociedade brasileira (comunista e não comunista) no longínquo ano de 2027, portanto, daqui a treze anos. Afinal de contas o que há nesse contrato que tem de ficar longe do conhecimento do povo brasileiro? Sabe-se que se destina à construção do Porto de Mariel, em Cuba, no valor de formidáveis 682 milhões de dólares (mais de 1,5 bilhões de reais). E somente chegou ao conhecimento do distinto público desse picadeiro chamado Brasil, porque a presidente e comitiva foram com pompa e circunstância, alegria e felicidade ideológica, para a inauguração do porto. Aí não tinham mais como esconder do povão com nariz de palhaço. Não dava mais, e não precisava mais. O prego estava batido e a ponta virada.

5.A oposição brasileira (e não só o senador Aécio Neves) passou esse tempotodo sem saber desse fato? E o Ministério Público? E a imprensa isenta, ou o que resta dela, também ficaram a ver navios que jamais irão atracar no Porto de Mariel? E agora, Josés e Marias? Quem vai fiscalizar a correta aplicação desses recursos públicos brasileiros, emprestados, via BNDES, ao governo cubano? Sabendo-se do que já ocorreu às escâncaras com a malversação de recursos públicos, desde o Caso Cachoeira até o Mensalão, pode-se imaginar que boa parte desse dinheiro irá abastecer as burras dos irmãos Castro e, de quebra, a de petistas e demais membros do governo e, quiçá, da maioria daquela alegre, feliz e ideológica comitiva que jantou em Lisboa, mas regalou-se em Havana, nesse janeiro de 2014.

Historiador e analista político(*)

03.02.2014

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