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Francisco Matias

RÉQUIEM PARA GALVÃO MODESTO


Por Francisco Matias(*)
 

1.No estado de Rondônia tem sido uma praxe o esquecimentohistórico de personalidades que fizeram a história política regional, em vida e depois de mortos. Diz-se que, na política de Rondônia “quem foi e não é mais é o mesmo que nunca ter sido”. Esta coluna teima em agir no sentido contrário dessa máxima. É o caso da morte, na segunda-feira passada, 30 de setembro 2013, do ex-senador Reynaldo Galvão Modesto, na cidade de Campo Grande,MS, estado do qual era nascido. Galvão Modesto aportou no então Território Federal de Rondônia no início da grande imigração sulista, precisamente no ano de 1974, na condição de técnico do INCRA, para ser o executor do Projeto Integrado de Colonização, PIC, Gy-Paraná, implantado na área onde se localizam os atuais municípios de Cacoal, Pimenta Bueno e, por extensão, Rolim de Moura e região.RÉQUIEM PARA GALVÃO MODESTO  - Gente de Opinião

2.Em 1979 ele assumiu a Coordenadoria Especial do INCRA, indicado pelogovernador Jorge Teixeira de Oliveira e passou a coordenar todos os projetos de assentamento em Rondônia (PIC e PAD). Em sua gestão foram assentadas mais de cem mil famílias no amplo programa do governo federal (regime militar) de colonização e reforma agrária na Amazônia. Na época, o Brasil vivenciava os efeitos da ditadura militar que executava o Programa Integrado de Colonização,PIN, cuja finalidade era atrair para Rondônia e Acre o excedente populacional rural colocado à margem das atividades agrícolas e pecuárias devido à mecanização da lavoura nas região sul, sudeste e nordeste. Em razão dessa linha de atuação, muitos servidores do INCRA lotados em Rondônia foram candidatos aos vários cargos eletivos em disputa depois da criação do Estado: prefeito, vice-prefeito, vereador, deputado estadual, deputado federal e senador.

3. O engenheiro agrônomo Galvão Modesto foi um dos três senadores eleitos em 15 de novembro de 1982, na chapa lançada com o apoio ostensivo do coronel Jorge Teixeira de Oliveira, governador do Estado de Rondônia, pelo Partido Democrático Social, PDS, agremiação que dava apoio político ao governo militar. Aliás, a eleição dos três primeiros senadores do recém-criado estado de Rondônia era promessa do coronel Jorge Teixeira de Oliveira ao presidente João Figueiredo e ao ministro do Interior Mário Andreazza,  fazia parte do programa do governo federal e foi condição sine qua non para a criação da “mais nova estrela no azul da União”. Por isso, depois de muitas marchas e contramarchas, o PDS lançou a chapa composta pelo advogado Odacir Soares Rodrigues, pelo engenheiro agrônomo Reynaldo Galvão Modesto e pelo médico Claudionor do Couto Roriz. Esta chapa, com os votos numerado 1,2,3, sagrou-se vitoriosa diante da chapa do PMDB, liderada pelo então poderoso deputado federal Jerônimo Garcia de Santana, o Bengala, e a do PT, liderada por Odair Cordeiro e José Neumar da Silveira.

4.Desse modo, Galvão Modesto, o segundo mais votado, integrou a primeira representação do estado de Rondônia no Senado da República, juntamente com Odacir Soares e Claudionor Roriz. Na época, o Senado iria se renovar em 1/3 dos seus membros. Por isso, apenas o candidato mais votado teria direito ao mandato de oito anos. Os demais iriam completar os mandatos de quatro anos. Galvão Modesto foi o segundo mais votado, com 94 mil votos. O primeiro, Odacir Soares, com 96 mil votos, ficou dono do mandato de oito anos. Galvão Modesto e Claudionor Roriz ganharam mandatos de quatro anos.

5.As mudanças na conjuntura política nacional, levaram Galvão Modesto a tomadas de posição política que, aos poucos, o afastaram do eleitorado e não lhe permitiram destacar-se como liderança política regional, como pretendia. Foi assim quando rompeu com o governador Jorge Teixeira de Oliveira e com o regime militar e filiou-se ao PMDB, onde, sem espaço político, ficou apenas um ano, apesar de ter votado em Tancredo Neves e José Sarney, para presidente e vice-presidente da República no Colégio Eleitoral reunido em 15 de janeiro de 1985. No ano seguinte  ingressou no Partido da Frente Liberal,PFL, e concorreu à reeleição. Mas, novamente, assumiu posicionamentos que somente o prejudicaram. Na época, as eleições para o Senado eram de 2/3, e cada estado iria eleger dois senadores, em chapas de sublegendas. Galvão Modesto e seu correligionário, Chiquilito Erse, em arroubos de estrelismo e intrigas políticas, não formaram a chapa do partido e concorreram sem a sublegenda. Resultado: ambos perderam a eleição para a chapa do PMDB, vitoriosa com Olavo Pires e Ronaldo Aragão. O senador Galvão Modesto obteve a 6ª votação do Estado. Se tivesse formado a sublegenda com Chiquilito Erse, ambos teriam sido eleitos. Em 1990, veio a decepção final. Candidato a deputado federal pelo PRN, foi vencido pela fraqueza do partido que não conseguiu atingir o quociente eleitoral. Estava encerrada a carreira política de Reynaldo Galvão Modesto. Sua morte abre uma lacuna no quadro dos três primeiros senadores do Estado de Rondônia.

 

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PS – Esta coluna registra o falecimento de um dos mais importantes membros do sistema de comunicação de Rondônia, Herivelton Bernardes, ou, simplesmente Herivelton, com era conhecido. Ele dirigiu a Rádio Rondônia, em Cacoal, desde o início da década de 1980. Depois, transferiu-se para Porto Velho e foi diretor do sistema Rondônia de Comunicação (rádio e televisão). Teve breve, mas importante passagem na direção da TV Allamanda e seguiu sua carreira de gestor dos sistemas de comunicação. Sua morte, no dia 1º de outubro, abre uma lacuna no pioneirismo e na modernização da radiodifusão do Estado. Réquiem para Herivelton.


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Registra também o falecimento do amigo Sérgio Lemos, o Careca, que deixa um importante legado técnico e cultural em Porto Velho e no Estado de Rondônia. Técnico capaz, era defensor intransigente da cultura regional. Réquiem para Sérgio, Serjão, Careca, um rondoniense que sabia Rondônia como um todo e como poucos.

Historiador e analista político(*)

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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