Domingo, 28 de agosto de 2011 - 21h25
Por Francisco Matias(*)
1. No ano em que o estado de Rondônia comemora trinta anos de existência, esta coluna, como foi informado, vai se empenhar em percorrer a memória histórica, social, econômica e política do Estado nestas três décadas, com vistas a contribuir para o futuro, quando historiadores, antropólogos, sociológicos e cientistas políticos resolverem pesquisar sobre a temática Rondônia, cuja variedade de assuntos, com certeza, não será esgotada. A partir da instalação do estado de Rondônia, em 4 de janeiro de 1982, a classe político-partidária regional foi mobilizada para as eleições gerais que deveriam ocorrer no dia 15 de novembro daquele ano, a exemplo do restante do país. Naquele pleito seriam eleitos vereadores, prefeitos e vices, vinte e quatro deputados estaduais-constituintes, três senadores e cinco deputados federais. No entanto, uma nova legislação eleitoral foi promulgada e aumentou o número de vagas na Câmara dos Deputados. Desse modo, Rondônia iria poder eleger oito (e não cinco) representantes para a Câmara Baixa do País. Foi um corre-corre daqueles, afinal, as convenções já haviam sido realizadas e os partidos deveriam, através de seus diretórios estaduais, definir, a toque-de-caixa, os novos candidatos a deputado federal, tendo em vista o aumento do número de candidatos.
2. O Partido Democrático Social, PDS, liderado pelo governador Jorge Teixeira de Oliveira, o Partido do Movimento Democrático Brasileiro, PMDB, liderado pelo deputado federal Jerônimo Santana, e o Partido dos Trabalhadores, PT, liderado por Odair Cordeiro, foram à luta para atrair novos candidatos. O PDS trouxe então a radialista, jornalista e professora Rita Isabel Gomes Furtado, então superintendente da Radiobrás para a Amazônia e esposa do Dr. Rômulo Furtado, poderoso secretário-geral do Ministério das Comunicações. Rita Furtado não era uma figura conhecida dos rondonienses, mas a sua voz era. Na qualidade de apresentadora do programa “Bom Dia Amazônia”, pela Rádio Nacional, numa época em que o rádio era o maior veículo de comunicação regional, ela, juntamente com Márcia Ferreira e Edelson Moura, eram os astros da comunicação por esta Rondônia de meu Deus. Em todas as linhas, sítios, fazendas e distritos, sua voz era ouvida, aceita e admirada. Ficou fácil para o PDS juntar voz e pessoa em um projeto político. Não deu outra. Rita Furtado fixou domicílio em Cacoal, concorreu e sagrou-se o quarto deputado federal mais votado de Rondônia naquele pleito, na seguinte ordem de votação: 1º. Múcio Athayde, 2º. Chiquilito Erse, 3º. Olavo Pires, 4º. Rita Furtado, 5º. Leônidas Rachid, 6º. Francisco Sales, 7º. Assis Canuto e, 8º. Orestes Muniz. Com estes personagens, o estado de Rondônia inaugurou sua primeira bancada eleita à Câmara dos Deputados.
3. Estamos na década de 1980, final do Regime Militar. O Brasil está retornando à democracia e vai eleger seu primeiro presidente civil após 25 anos de ditadura militar. Esta eleição acontece pela via indireta, através de um Colégio Eleitoral montado com todos os deputado federais e senadores, e por deputados estaduais escolhidos pelas respectivas Assembleias Legislativas na condição de delegados estaduais. Eram estes os eleitores que deveriam escolher entre o senador Tancredo Neves, do PMDB e o deputado federal Paulo Maluf, do PDS, candidatos a presidente da República. A deputada federal Rita Furtado, eleita pelo PDS em 1982, havia migrado para o PFL e votou em Tancredo Neves para presidente e José Sarney, para vice-presidente, acompanhando a vontade da grande maioria da nação brasileira. Era o fim do regime militar, no qual ela obteve projeção, e o começo do fim da administração do coronel Jorge Teixeira de Oliveira frente ao governo do estado de Rondônia. Mas, foi o reinício da carreira política de Rita Furtado.
4. Nas eleições de 15 de novembro de 1986, a nação foi mobilizada para votar em vereadores, prefeitos e vices, deputados estaduais e governadores. As eleições para o Senado e a Câmara Federal eram, no entanto, as mais importantes, afinal, os senadores e os deputados federais eleitos neste pleito seriam nada mais, nada menos que constituintes, com a função precípua de elaborar e promulgar a 8ª. Constituição Federal do Brasil. Nesta nova conjuntura política nacional, a deputada Rita Furtado foi reeleita. Não apenas isto. Sagrou-se o deputado federal mais votado de Rondônia e, proporcionalmente, do país. A ordem de votação foi a seguinte: 1º. Rita Furtado( reeleita), 2º. José Guedes, 3º. Chagas Neto, 4º. José Viana, 5º. Francisco Sales (reeleito), 6º. Expedito Junior (depois substituído por Arnaldo Martins), 7º. Raquel Cândido e, 8º. Assis Canuto (reeleito). Na Assembleia Nacional Constituinte, a deputada federal Rita Furtado teve importante atuação ao apresentar mais de sessenta emendas ao texto constitucional, e por integrar as seguintes Comissões Temáticas: da Família, Cultura e Esporte; da Ciência, Tecnologia e Comunicação, e ainda a subcomissão de Diretos e Garantias do Homem e da Mulher. Portanto, Rita Furtado foi signatária da 8ª. Constituição Federal brasileira, promulgada em 05.10.1988, na qualidade de representante do povo do estado de Rondônia.
5. Nas eleições de 5 de outubro de 1990, ela concorreu à reeleição para o terceiro mandato e sagrou-se o candidato mais votado da coligação PFL/PSDB/PRP. Porém, esta coalizão partidária não alcançou o quociente eleitoral. Neste ponto, Rita Furtado encerrou sua carreira política e enveredou na carreira empresarial, no ramo das comunicações (rádio e TV) e voltou a abraçar sua profissão de jornalista e apresentadora de programas de rádio e televisão. Sua morte, em 26 de agosto de 2011, deixa uma lacuna no jornalismo crítico e sério desenvolvido no estado de Rondônia e na história política regional. Réquiem para Rita Furtado.
PS: não se confirma, mas sabe-se que o governador Jorge Teixeira de Oliveira, em 1982, negociou a filiação e a candidatura de Rita Furtado, com o então secretário-geral do Ministério das Comunicações, nas seguintes condições: a transmissão direta dos jogos da copa do mundo na Espanha para Rondônia que, até então,só assistia a jogos e a novelas gravados, até com uma semana depois de terem sido transmitidos nas regiões sul, sudeste e nordeste. No ano de 1982, pela primeira vez, o povo de Rondônia pode assistir aos jogos do Brasil ao vivo, via Embratel. É. Não se confirma. Mas um dos personagens deste acordo benéfico ao estado ainda está vivo e em Rondônia, o empresário, Dr. Rômulo Furtado.
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