Quarta-feira, 5 de dezembro de 2012 - 11h04
Por Francisco Matias(*)
1.Walter Bartholo era um dublê de seresteiro, boêmio, administrador público e político. Nascido em Porto Velho, no dia 03 de junho de 1927, quando o município ainda pertencia ao estado do Amazonas, ele viria ao mundo formando sua primeira coincidência histórica. Sua mãe, dona Labibe Bartholo, libanesa, integrou um dos primeiros processos migratórios para a povoação de Porto Velho, onde aportou nos idos de 1912, portanto, antes da criação do município e no ano da inauguração da ferrovia Madeira-Mamoré. Logo, Walter Bartholo nasceu no período em que a Madeira-Mamoré era uma empresa estrangeira (anglo-canadense) e a região estava dividida entre os estados do Mato Grosso e do Amazonas. Era amazonense, portanto. A partir de então, Walter Bartholo e as coincidências históricas ficaram inseparáveis. Em 1945, aos 18 anos de idade, Walter Bartholo integrou-se à Segunda Companhia Independente de Engenharia, incumbida de para construir a rodovia Porto Velho-Rondônia (atual Ji-Paraná). A estrada não foi concluída ficando pronta até a localidade de São Pedro, atual Itapuã do Oeste. Portanto, foi um dos últimos pioneiros da BR 364.
2.Em 1954, o governador do Território Federal do Guaporé, coronel Ênio Pinheiro, o indicou para a Divisão de Terras e Colonização, cujo diretor era o Dr. Edgar de Souza Cordeiro, que o nomeou gerente da Fazenda Pau D’ Oleo, na área do município de Guajará Mirim, no então distrito de Costa Marques. Walter Bartholo deveria fomentar a pecuária bubalina no Vale do Guaporé. Começava aí sua inseparável relação com o Vale do Guaporé, suas lendas, sua história, sua gente, suas crenças. Walter Bartholo se revelaria uma importante voz em defesa dos anseios do povo guaporeano, e um dos profundos estudiosos e conhecedores da região.
3.A outra faceta de Walter Bartholo era a de seresteiro, violonista, cantor, compositor e andarilho. Nessas andanças por este mundo, ele foi a Buenos Aires, na Argentina, no início da década de 1960, onde fez show na Confeteria Premiére e cantou (pasmem!) para ninguém menos que a poderosíssima Evita Perón, mulher do presidente-ditador Juan Domingo Perón, ele próprio presente no recital de seresta brasileira. Walter Bartholo cantou em português e espanhol. Ao retornar ao Território Federal de Rondônia, integrou ao serviço público, voltou ao Vale do Guaporé, mas não abandonou o violão e as noites de seresta. Era fã de Nelson Gonçalves e outros cantadores do Brasil, além de Carlos Gardel, o maior cantor argentino.
4.Nas eleições de 1982, Walter Bartholo saiu candidato a deputado estadual-constituinte, pela legenda do Partido Democrático Social,PDS, partido cujo líder regional era o governador Jorge Teixeira de Oliveira, de quem ficou amigo, seguidor e copiou a indumentária (seu indefectível “slac” bege, no estilo buana inglês na África). Obteve 2.587 votos e ficou na primeira suplência. Em 1983 assumiu o mandato na vaga do deputado Walderedo Paiva (in memorian), que foi para a SEJUS. A Assembleia Estadual Constituinte estava elaborando a primeira Constituição do Estado, mas Walter Bartholo não foi signatário da Carta Magna de Rondônia. Afastou-se com o retorno do titular. Mas, outra coincidência ocorreu. Trágica coincidência: a morte do deputado Jo Yutaka Sato, em um acidente automobilístico, no final de 1984. Era, enfim, deputado estadual de fato e de direito. Titular do mandato, cuja base eleitora foi o Vale do Guaporé, Porto Velho e Ji-Paraná. Em 1986, ao buscar a reeleição, Walter Bartholo ficou apenas na 15ª. suplência, do PFL.
5.Com a posse do governador Jerônimo Santana, ingressou no PMDB em 1987, mas, em 1994 estava no PMN, partido no qual ingressou por influência do governador Oswaldo Piana. Naquele ano Walter Bartholo ficou na 19ª. suplência para deputado estadual e abandonou a carreira política, sem abdicar da luta política em prol do Vale do Guaporé. A morte de Walter Bartholo abre uma lacuna na história política recente de Rondônia, pois desaparece um importante personagem, que sendo amazonense de nascimento, era porto-velhense na essência, rondoniano no gentílico e guaporeano em toda sua essência. Em tudo o que significa ser guaporeano, desde as histórias incríveis nos sororocais do Vale do Guaporé, até sua participação ativa na Festa do Divino e sua integração com os quilombolas e povos da floresta do Vale do Guaporé. Réquiem para o grande homem que foi, com simplicidade, humildade e conhecimento histórico Walter Bartholo.
Historiador e analista político(*)
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