Segunda-feira, 9 de janeiro de 2012 - 08h27
Por Francisco Matias(*)
1.Ao completar trinta anos de existência como unidade federada brasileira, o estado de Rondônia desponta como um dos mais importantes do país e da megarregião Norte. Elevado em 2009 à condição de Estado Bioceânico, depois de vencer a disputa com o Acre, Rondônia e seu povo ainda precisam encontrar as bases históricas de sua existência. A sua razão de ser. Não basta apenas se dizer rondoniense. Tem que ter, e demonstrar ter, amor por Rondônia. Um amor como os acrianos têm pelo Acre, uma região migracionada, que viveu isolada por mais tempo que Rondônia, cujo povo, nascido ou não, tem e demonstra ter, um grande amor telúrico. Muitas vezes, quando se fala em amor por Rondônia, surge o sectarismo embutido no esquecimento de que Rondônia é a região da Amazônia que recebeu os maiores índices de migração interregional, nacional e, provavelmente, estrangeira.
2.No início do século XX, duas obras épicas contribuíram para formar os primeiros núcleos de povoamento urbano das terras rondonienses: as Estações Telegráficas implantadas pela Comissão Rondon, e as estações ferroviárias da Madeira-Mamoré. Em meados daquele século, a construção da BR 029, hoje BR 364, e, posteriormente, a implantação do ciclo da Agricultura, propiciaram o surgimentos de outros núcleos populacionais que se transformaram em cidades. Portanto, todo o processo de edificação de Rondônia, de povoamento e de construção de sua sociedade, está diretamente relacionado aos diversos ciclos migratórios. É, portanto, uma sociedade cosmopolita, multifacetada histórica e culturalmente, cuja maioria aportou em Rondônia depois de vivenciar a história de suas terras natais e, até mesmo, de outros estados e países, até fixar-se nestas terras.
3.Só para ter uma idéia, vamos retornar ao começo do século XX, ano de 1918, quando a direção da Madeira-Mamoré decidiu fazer um censo nas principais áreas de povoamento urbano ao longo da ferrovia. Em Guajará Mirim, havia 413 habitantes, segundo informações do major Guilherme Bessa, delegado de polícia local. Em Abunã viviam 637 pessoas. Destas, 424 eram homens e 213 mulheres. 145 eram estrangeiros, entre portugueses, barbadianos, bolivianos, espanhóis, gregos, austríacos, russos, norte-americanos, peruanos, franceses, italianos, turcos, chineses, belgas, irlandeses, sírios, venezuelanos e marroquinos.Vila Murtinho, possuía 156 habitantes, sendo 114 homens e 42 mulheres. Destes, 81 eram estrangeiros. Dentre os brasileiros, a maioria era cearense, os demais eram mato-grossenses, potiguares, maranhenses, alagoanos, baianos, pernambucanos, fluminenses e sergipanos. Os estrangeiros eram gregos procedentes da Ilha de Chipre, de Creta e de Rhodes. Havia tobaguenses, colombianos, italianos, guianenses, chineses, sírios, judeus de Jerusalém, peruanos e norte-americanos.
4.Este censo, ainda que sem dados técnicos, revela que a fixação de imigrantes nacionais e estrangeiros em Rondônia tem sido o cerne de seu povoamento, da formação econômica e sociopolítica. E, atualmente, em pleno século XXI, não tem sido diferente. A sociedade rondoniense é composta por descendentes dos antigos imigrantes, pioneiros de épocas tortuosas, heróis de suas próprias vidas, e dos atuais pioneiros que, nas décadas de 1950, 1960, 1970, 1980, 1990, 2000 e 2010, e seus filhos e netos, constroem esta Rondônia de trinta anos como estado da federação brasileira, da megarregião Norte e da Amazônia.
5.Portanto, seria muito saudável se os líderes políticos, classistas, partidários, acadêmicos, se unissem em defesa de um só propósito: o pleno conhecimento de Rondônia e do amor superior por esta terra. Amor por Rondônia. É o lema. Quem sabe, se começaria da forjar líderes compromissados com o desenvolvimento e com o futuro de Rondônia, distanciados das Termópilas da vida. Talvez com amor por Rondônia, esta juventude que vem aí atrás de nós, ávida por conhecimento e que vai um dia desses assumir o comando do Estado, adquira algo mais do que vontade e vitalidade para crescer. Adquira maior respeito, mais carinho, mais consideração por esta terra palmilhada pelo abnegado e intrépido sertanista Cândido Mariano da Silva Rondon, patrono do Estado, cujos seguidores de hoje, têm o dever de zelar, amar e preparar para o futuro. Basta querer.
Historiador e analista político(*)
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