Sexta-feira, 6 de abril de 2012 - 05h06
Por Francisco Matias(*)
1.O ano de 1943 foi crucial para os destinos do Estado Novo e da ditadura Vargas. O Brasil vai à guerra. Suas tropas irão atuar como força auxiliar do 5º. Exército norte-americano na Itália.Era tudo aquilo que o presidente Getúlio Vargas não gostaria que tivesse acontecido. Mas, havia uma promessa da Revolução de 1930 - o golpe de Estado que o colocou na presidência da República -, ainda não cumprida: a industrialização do Brasil. Esta era a principal bandeira nacionalista de Vargas. Modificar o modelo econômico e gerar empregos urbanos para os brasileiros, à época uma população de 37 milhões de pessoas, a maioria desempregada ou subempregada. A oportunidade havia chegado com a invasão japonesa aos seringais malaios e birmaneses, principais fornecedores de borracha silvestre cultivada aos EUA, Inglaterra e França. Por isso, o Brasil vai à guerra em outra trincheira: a dos Aliados e não a do Eixo. Por isso ocorre a Guerra da Borracha na Amazônia brasileira. O final da segunda guerra e o retorno das tropas brasileiras, vencedoras, vai contribuir para a deposição do presidente Getúlio Vargas.Pressionado , o ditador marca eleições gerais para 1º. de dezembro de 1945. Mas, todos o conheciam. Sabiam que ele queria ganhar tempo e, se possível, reunir condições para mais um golpe de Estado. E foi o que ocorreu. O golpe de Estadofoi desfechado na noite de 29 de outubro de 1945. Mas, em sentido oposto às pretensões do presidente e o apeou do poder. Os mesmos aliados militares de outrora, o derrubaram. Em seu lugar assumiu o presidente do STF, ministro José Linhares, do estado do Ceará. As forças armadas, tendo à frente a prestigiada Aeronáutica, derrubam a República do Estado Novo e irão garantir o processo eleitoral de 1945. Mas, cometem um ato falho. Deixam o ex-presidente à vontade em seu exílio gaúcho para costurar alianças, indicar seu candidato a presidente, o marechal Eurico Gaspar Dutra, ex-ministro da Guerra do seu governo, e ainda tem tempo para fundar o Partido Trabalhista Brasileiro, PTB. Prego batido, ponta virada. O ex-presidente Getúlio Vargas conduz as eleições, torna-se cabo eleitoral do Marechal Dutra e sai em campanha para senador e deputado federal constituinte.
2.Nesse meio tempo, o Partido Comunista Brasileiro, PCB, é legalizado e lança Yedo Fiuza candidato a presidente.A UDN lança o brigadeiro Eduardo Gomes e a coligação PSD/PTB lança o marechal Eurico Gaspar Dutra, que vence as eleições e será o novo presidente da República dos Estados Unidos do Brasil. Mas isto não vai ficar assim. Getúlio Vargas se elege senador por três estados e deputado federal por oito, inclusive pelo estado do Amazonas, com votos na cidade de Porto Velho. A década de 1940 termina com o Brasil democratizado, uma nova constituição promulgada, a de 1946, e o retorno do ex-presidente Vargas, agora senador e deputado federal constituinte, ao cenário político nacional. Não deu outra. Nas eleições de 1950, ele obteve 49% dos votos válidos e se elege presidente da República. Mas o cenário é outro. O Partido Comunista Brasileiro, PCB, que havia conseguido eleger importante bancada para a Assembleia Nacional Constituinte, de 1946, inclusive o senador Luís Carlos Prestes. No entanto, em 1948, sob a acusação de receber dinheiro do Partido Comunista soviético, o PCB é declarado extinto, a câmara federal cassa dos mandatos dos deputados comunistas e o senado cassa o do senador Luís Carlos Prestes. O PCB volta à clandestinidade.
3.O líder comunista Luís Carlos Prestes conclama o povo à luta armada com a criação de um Exército Popular de Libertação Nacional. Por sua vez, o presidente Getúlio Vargas, logo após assumir, empunha a bandeira do nacionalismo e desencadeia a campanha O Petróleo é Nosso, contrariando interesses norte-americanos e ingleses no país. Em 1953, o presidente sanciona a lei que cria a empresa Petróleo Brasileiro S/A, Petrobrás. Mas não sairá ileso do confronto. Ele impõe pesadas restrições à remessa de lucros por empresas estrangeiras no país, enfrenta o empresariado paulista ao conceder aumento de 100% do salário mínimo, atendendo proposta do seu ministro do Trabalho, João Goulart, o Jango, cuja trajetória política é ligada ao socialismo soviético e às lutas sociais no campo e na cidade. O Brasil ainda vai ouvir falar muito do ministro do Trabalho do governo Vargas. Os EUA reagem à nova ordem brasileira e criam condições para gerar instabilidade no governo Vargas. Desacostumado ao contraditório, Getúlio Vargas não sabe enfrentar seu principal adversário político, o deputado federal Carlos Lacerda. Jornalista, bom tribuno e ambicioso, Carlos Lacerda vai protagonizar os principais fatos do final do governo Vargas. Ao ser ferido na perna por um pistoleiro contratado pela assessoria do presidente, Lacerda vê tombar o major aviador Rubem Vaz, no célebre atentado da Rua Toneleiros, no Rio de Janeiro, no dia 5 de agosto de 1954. “Tenho a impressão de que me encontro sobre um mar de lama”, disse o presidente Vargas sobre esse crime de pistolagem. “Este tiro me atingiu no coração”, em mais uma frase de efeito sobre o caso. Mas o político e jornalista Carlos Lacerda estava com a faca e o queijo nas mãos. Em 1950 ele havia declarado publicamente que não aceitava a candidatura de Vargas a presidente; “ele não deve ser candidato. Se for, não deve ser eleito. Se eleito, não deve tomar posse. Se for preciso, devemos recorrer a uma revolução para impedi-lo de governar”. Estava clara a posição de Carlos Lacerda, que, apesar de não ser de esquerda, era o mais poderoso adversário de Getúlio Vargas. No dia 24 de agosto de 1954, às oito horas da manhã, o presidente Getúlio Vargas suicidou com um tiro no peito. Na carta-testamento, uma fase lapidar: “Trabalhadores do Brasil. Eu vos dei minha vida. Agora ofereço minha morte. Dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na história”. Estava fincado mais um marco para o golpe militar de 1964.
OS: a Era Vargas deixou para o atual estado de Rondônia a empresa Madeira-Mamoré nacionalizada, o início da BR 364 (1932 e 1940),e a criação do Território Federal do Guaporé, 1943.
Historiador e analista político(*)
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