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Francisco Matias

RONDÔNIA E OS GENTÍLICOS- SÉRIE 30 ANOS


Por Francisco Matias(*)

1.Em um dos recentes debates sobre o estado de Rondônia, no início deste mês de janeiro 2012, através de um canal de TV, foi discutida a questão dos gentílicos, que designa povos ou nações e identifica geograficamente a origem das pessoas. A questão é ser ou não ser rondoniense. É uma discussão muito pertinente para um povo que vem se formando por força de vários ciclos de atração migratória, na maioria das vezes, em contingentes migracionais dirigidos e atraídos pelos governos e ciclos econômicos. Ora, a Amazônia como um todo e Rondônia em particular, tem sido ocupada através dos processos migratórios atraídos por vários ciclos econômicos, a saber: Ciclo do Ouro no Vale do Guaporé, século XVIII; do Cacau, séculos XIX e XX; da Borracha, séculos XIX e XX; da Cassiterita, século XX; da Madeira-Mamoré, séculos XIX e XX; da BR 364, da Madeira e da Agropecuária, século XX e, mais recentemente, o ciclo das Usinas do Madeira, iniciado em 2008.

2.Pois bem. Para um estado cuja sociedade é 100% migracionada, integrada por pessoas do Brasil inteiro, e de vários países do mundo, a questão dos gentílicos deve ser levada em conta e faz sentido que seja assim. Afinal, quem nasce em Rondônia é rondoniense ou é rondoniano(a)?. E os imigrantes que vivem nestas terras de Rondon, são rondonianos(a) ou rondonienses? Rondônia é um dos poucos estados brasileiros, segundo a ABNT, que suporta dois gentílicos. Portanto, quem nasce em Rondônia, de Calama a Chupinguaia, de Pacarana ao Limoeiro, é rondoniense e/ou rondoniano(a). Os imigrantes, que formam 72% da população economicamente ativa de Rondônia, são apenas isto: IMIGRANTES. Gentílico não se transfere. Quem, como este escriba, nasceu no Ceará e veio parar em Rondônia é cearense; quem nasceu no Paraná, é paranaense. Quem nasceu no Rio Grande do Sul é gaúcho, quem nasceu no Espírito Santo é capixaba, quem nasceu na Paraíba é paraibano, quem nasceu em Goiás é goiano, e por aí vai. Estas pessoas, como costuma acontecer, podem até se dizer rondonienses ou rondonianos, mas é por autoadoação, amor, vinculação familiar, por terem renascido em Rondônia, por gerarem os filhos de Rondônia e tudo o mais. No entanto, jamais terão os gentílicos de Rondônia, mas, nem por isso deixam de ser de Rondônia.

3.Não se pode negar que os gentílicos de Rondônia são desconhecidos para a maioria dos que vieram ou nasceram nas plagas do poente. Destarte, visando contribuir para a redução deste desconhecimento histórico, esta coluna vai listar os gentílicos de Rondônia por município: de Porto Velho, porto-velhense, de Candeias do Jamari, candeiense-do-jamari; de Itapuã do Oeste, itapoense-do-oeste, e/ou, jamairense; de Alto Paraíso, alto-paraisense; de Rio Crespo, rio crespense; de Cujubim, cujubinense; de Machadinho do Oeste, machadinhense do oeste; de Vale do Anari, vale anariense; de Cacaulândia, cacaulandiense; de Monte Negro, monte negrense, e/ou monte negrino; de Buritis, buritisense; de Campo Novo de Rondônia, campo-novense-de-rondônia, de Ariquemes, ariquemense, e/ou papagaio. De Theobroma, theobromense; de Governador Jorge Teixeira, jorge teixeirense; de Jaru, jaruense. De Nova União, novauniense; de Mirante da Serra, mirantense da serra, e/ou mirante serrano; de Vale do Paraíso, vale paraisense; de Ouro Preto do Oeste, ouro pretense do oeste, e/ou, ouro pretano do oeste; de Teixeirópolis, teixeipolitense, e/ou teixeiropolitano; de Urupá, urupaense; Ji-Paraná, jiparanaense; de Presidente Médici, mediciense.

4.Gentílico de Alvorada do Oeste, alvoradense do oeste; de São Miguel do Guaporé, são miguelense do guaporé; de Seringueiras, seringueirense; de São Francisco do Guaporé, são franciscano do Guaporé, e/ou são francisquense do Guaporé; de Costa Marques, costa marquense; de Nova Brasilândia do Oeste, nova brasiliandense do oeste; de Alta Floresta do Oeste, alta florestano do oeste, e/ou alta florestense do oeste; de Alto Alegre dos Parecis, alto alegrense dos parecis; de Santa Luzia do Oeste, santa luziense do oeste; de Novo Horizonte do Oeste, novo horizontino do oeste; de Castanheiras, castanheirense; de Rolim de Moura, rolimourense; de Ministro Andreazza, andreazzense; de Cacoal, cacoalense; de Espigão do Oeste, espiganense do oeste; de Pimenta Bueno, pimenta buenense; de Parecis, parecisense; de Primavera de Rondônia, primaverense de rondônia; de São Felipe do Oeste, são felipense do oeste.

5.Gentílico de Chupinguaia, chupinguaiense; de Vilhena, vilhenense; de Colorado do Oeste, coloradense do oeste; de Cerejeiras, cerejeirense; de Cabixi, cabixiense; de Corumbiara, corumbiarense; de Pimenteiras do Oeste, pimenteirense do oeste; de Guajará Mirim, guajaramirense e/ou guajaraense; de Nova Mamoré, nova mamoreense. Portanto, os nascidos nestes municípios recebem três gentílicos: além dos gentílicos dos respectivos municípios, são brasileiros e rondonienses e/ou rondonianos. Lembre-se, não existe gentílico para os distritos, nem para as cidades, só para os municípios, estados e países. Portanto, quem é imigrante, seja de qual período for, pode viver cem anos em Rondônia, mas nunca receberá os gentílicos de Rondônia, viverá e morrerá com os gentílicos do estado e do município onde nasceu.

Historiador e analista político(*)


 

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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