Sábado, 5 de janeiro de 2008 - 17h23
1. Ao completar 26 anos de instalação, comemorados no dia 4 de janeiro, o estado de Rondônia vivencia a mesma saga migratória de todos os tempos. É só observar o levantamento populacional publicado pelo IBGE em abril 2007 e se verá a intensa mobilização humana, silenciosa e determinada, em busca de novos Eldorados, se é que ainda existem e podem ser encontrados. O IBGE registra 1.534,5 mil habitantes nos 52 municípios rondonienses e demonstra um aumento populacional na ordem de 10 por cento, comparando-se com o Censo IBGE 2000, quando foram encontrados 1.379,7 mil habitantes nos mesmos municípios. Em sete anos a população rondoniense aumentou em 154,8 mil pessoas, resultado de processos migratórios ou em decorrência do crescimento vegetativo. Mas aumentou. Não diminuiu como alguns críticos da migração desejam. O problema é saber como e porquê. Dividido em oito microrregiões, o Estado passa por profundas alterações sócio-políticas e econômicas, e são essas transformações que impulsionam um tipo de migração diferente daquele que fundou o ciclo da agricultura, na década de 70 do século passado.
2. Desta vez, os rondonienses se movimentam internamente provocando o fenômeno da migração interna, atraídos por novos fatores econômicos, como a atividade madeireira ou a ampliação das áreas propícias à pecuária de corte e de leite. Mais que isso, fundam núcleos populacionais fazendo surgir localidades que logo viram distritos, a exemplo de União Bandeirante, em Porto Velho, ou adensando o povoamento de distritos como Tarilândia, em Jaru, Rondominas, em Ouro Preto, São Domingos, em Costa Marques e, na Ponta do Abunã, em Porto Velho, cuja região congrega quatro distritos Fortaleza do Abunã, Vista Alegre do Abunã, Nova Califórnia e Extrema ou Tancredo Neves. Nesse novo contexto, a microrregião formada pelos municípios Porto Velho, Candeias do Jamari, Itapuã do Oeste, Cujubim, Buritis, Campo Novo e Nova Mamoré, teve aumento populacional considerável, motivado pela migração interna e pelo aporte de novos imigrantes. Para ter uma idéia, Cujubim aumentou em 52,83% sua população, no período 2000/2007. Nova Mamoré cresceu 30,17%, Candeias 21,63% e Porto Velho aumentou 9,99% seus habitantes.
3. Um verdadeiro fenômeno populacional se for comparado com o movimento oposto ocorrente na microrregião que envolve os municípios Colorado do Oeste, Cerejeiras, Cabixi, Corumbiara e Pimenteiras, todos registrando importante redução populacional, provavelmente em direção ao município de Vilhena que cresceu quase 20%, ou a Chupinguaia que aumentou seus habitantes em 25,95%, ou mesmo a Parecis, que tem hoje 20,97& de pessoas a mais do que tinha em 2000. Nesta microrregião o município de Pimenta Bueno cresceu apenas 1,06%, no período 2000/2007. No entanto, foi na microrregião Ji-Paraná, a mais rica do Estado, que ocorreram as maiores mobilizações humanas no mesmo período. Esta microrregião concentra três importantes municípios cujas cidades atuam como cidades-pólos: Ji-Paraná.,Ouro Preto e Jaru. O município de Ji-Paraná cresceu apenas 0,77%. Por outro lado, Ouro Preto encolheu em 11,85% e Jaru em 2,10%. Presidente Médici, o quarto município mais importante da região, com uma população rural e urbana equilibrada, perdeu 15,81% de seus habitantes. Mas, como se pode ver, esse processo migracional não se abrigou nas grandes cidades da microrregião. Ao que parece, a maior parte daqueles que emigraram engordou as estatísticas populacionais de municípios como Porto Velho, Cujubim, Buriis e Nova Mamoré.
4. A microrregião Cacoal, formada por nove municípios, perdeu considerável número de habitantes. Contando com três cidades que funcionam como cidades-pólos Cacoal, Espigão do Oeste e Rolim de Moura esta microrregião teve em Espigão do Oeste o município que mais cresceu, com um aumento de 7,82% de sua população. Cacoal aumentou 3,40% e Rolim de Moura 3,09%. Os demais municípios perderam povoamento, notadamente Santa Luzia e Novo Horizonte, 20,16% e 21,41%, respectivamente. Por sua vez, as microrregiões Ariquemes e Guajará-Mirim atuaram como receptoras deste fenômeno migratório. Guajará-Mirim cresceu 3,56%, Costa Marques 25,29% e São Francisco 29,44%. Na microrregião Ariquemes, o município de Machadinho do Oeste foi o que mais recebeu povoadores no período, aumentando em 23,04% sua população, seguido de Alto Paraíso, com 21,34% e Ariquemes, com 9,57%..Portanto, no momento em que se discute o aporte de novos povoadores em Porto Velho e na área de influência direta das usinas do Madeira, é conveniente um estudo governamental e/ou acadêmico desse novo momento de Rondônia, quando milhares de pessoas se mobilizam internamente provocando o aumento desordenado das cidades, o surgimento de núcleos urbanos mais no interior e, sobretudo, graves conflitos agrários e ambientais.
Francisco Matias - Historiador e analista político
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