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Francisco Matias

RONDÔNIA - O ANO ELEITORAL COMEÇOU


                       

Por Francisco Matias(*)
 

1.O ano tem 365 dias. Quando é bissexto, tem 366. É o que marca o calendário gregoriano. Mas existe o ano letivo, o ano fiscal e o ano eleitoral, dentre outros. No Brasil as eleições acontecem a cada dois anos. Vota-se nas eleições municipais e, no meio dos mandatos de prefeitos, vice-prefeitos e vereadores, ocorrem eleições para presidente e vice-presidente da República, governador e vice-governador, senadores e deputados federais e estaduais. O ano eleitoral sempre começa antes do fim e termina no fim do começo. Pelo calendário do TSE, o dia 5 de outubro de 2013 marcou o começo do ano eleitoral 2014, quando haverá eleições em todo o país para presidente e vice, governador e vice, deputados federais e estaduais e um senador e suplentes. Vários fatos, no entanto, anteciparam o ano eleitoral para meses antes de outubro/2013. Em Rondônia, os desdobramentos das operações Termópilas, Endemias, Sempre/MPF, Apocalipse, e outras menos famosas, podem ter contribuído para os resultados futuros das eleições de outubro do ano que vem.RONDÔNIA - O ANO ELEITORAL COMEÇOU - Gente de Opinião

2.Há uma mistura de fatores que dificulta a linha de raciocínio de quem se aventura a analisar e debater a política regional. São prisões de políticos de mandato, de assessores do alto escalão do governo e outras situações que parecem não ter limites. Gente ligada ao narcotráfico demonstrando influência nos gabinetes e nas folhas de pagamento dos poderes legislativo e executivo, negociando e ocupando cargos públicos, e, no final, apontando o dedo acusador para figuras do poder, dentre as quais o próprio governador Confúcio Moura. Teve carta-bomba de um assessor direto do governador, pizza bem quentinha na câmara de vereadores e uma no forno da Assembleia Legislativa, teve gente inocente presa por erro das investigações policiais, teve nome jogado na lama, bens indisponíveis, habeas corpus relâmpagos e outros negados. No interior do Estado não foi muito diferente, principalmente nos municípios de Pimenta Bueno e Alvorada do Oeste. Enfim, o ano eleitoral começou cedo demais e muito, mas muito complicado.

3.A imagem mais bem acabada desse rolo todo foi a do ex-todo poderoso presidente da Assembleia Legislativa, Valter Araújo, de bermuda azul, camiseta amarela, sandálias de dedo, ladeado por dois policiais civis entrando em uma delegacia de polícia, o que parece será rotina na vida futura desse que pretendia ser governador e foi o deputado estadual mais votado nas eleições 2010, de onde saiu reeleito, entrou presidente da Assembleia, saiu foragido e agora está preso. Apesar de tudo isso, a investigação da polícia ainda não conseguiu decifrar o enigma Valter Araújo/José Batista, que, em telefonema gravado e divulgado, mantiveram o seguinte diálogo: “o chefe está me pressionando pela demora do dinheiro”, falava o então secretário-adjunto da Saúde; “diga o chefe pra....descansar”, respondeu risonhamente o poderoso presidente da Assembleia, Valter Araújo. Das duas, uma. Ou a polícia desprezou esse diálogo, ou ambos estavam blefando e esse “chefe” não existe. Mas, somente por suposição: se existir, quem poderia ser tratado como “o chefe” de ambos? Esse é um enigma que somente a polícia pode decifrar.

4. Mas não é só nesses fatos que estão as complicações do ano eleitoral em Rondônia. Talvez a maior esteja no vazio de lideranças confiáveis. Parece que a classe política rondoniense resolveu afastar-se em bloco da sociedade, por ação e omissão. Onde estão os líderes antigos e os novos? Será que surgirão outros durante a campanha eleitoral? Se assim for, será lamentável para um estado politizado, formado por um eleitoral heterogêneo e bem esclarecido, como é o de Rondônia. Afinal, quais os nomes fortes para disputar, por exemplo, os cargos de governador, vice e o de senador? Difícil. O governador Confúcio Moura, certamente, irá concorrer à reeleição. Embora ele não diga, age como candidato à sua própria sucessão. Mas, seu partido, o PMDB, tem outro pretenso candidato, o megaempresário Mário Português, que afirma só concorrer a cargo executivo. Então será a governador, no caso da candidatura Confúcio Moura naufragar, ou a de vice-governador, se o PMDB resolver lançar chapa puro sangue. Tem ainda o deputado Neodi Oliveira, o ex-senador Expedito Junior – se superar a questão judicial – a ex-primeira dama Ivone Cassol, o presidente da ALE, Hermínio Coelho, que disputa a indicação do seu partido com o prefeito de Ouro Preto do Oeste Alex Testoni. O PT havia lançado o deputado federal e agora presidente regional Padre Ton, mas parece que recolheu o flap. Seja como for, o ano eleitoral começo e vai esquentar.  Quem viver, verá.

Historiador e analista político*

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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