Quinta-feira, 18 de julho de 2013 - 17h32
Por Francisco Matias(*)
1.O GOVERNO CONFÚCIO MOURA – Tem sido regra na democracia brasileira o silêncio por parte de analistas políticos, críticos contumazes de governos anteriores, cartunistas, historiadores, jornalistas (raras exceções) quando se trata das questões adversas aos governantes de plantão. Em Rondônia não é diferente. Qualquer um que se atreva a quebrar esta regra é considerado de direita, reacionário, inimigo do povo, adversário do governador, do prefeito e, pior ainda, da presidente da República. É também rotulado de anticomunista, antiPT, antiLula, anti qualquer coisa que o valha. O silêncio alia-se ao compadrio. Mas, se for analisar historicamente o governo Confúcio Moura e, por extensão, a figura política do governador, aliados e adversários chegarão a uma conclusão: ele está perdido no próprio terno que veste. Desde sua posse, em 1º de janeiro de 2011, até os dias atuais, o governador se viu enredado nas mais incríveis teias que o poder envolve um mandatário. Fala-se aqui apenas dos problemas que chegam ao conhecimento do distinto público. Imagine-se o que mais ocorre por baixo dos tapetes palacianos.
2.O Dr. Confúcio, como é conhecido em Ariquemes e região,tem uma grande preocupação com a História e com sua biografia. Poucos políticos o têm. Ele é um político muito atento a estes dois lados do poder: a história e a biografia. Sabe que não se pode separar um do outro. No entanto, se se contar a História do seu governo sua biografia sairá manchada como ele jamais imaginou. Não. O médico, ex-deputado federal, ex-prefeito, ex-secretário de saúde Confúcio Moura não assumiu o governo do Estado pensando que estaria sentando em uma cadeira que é uma verdadeira máquina de moer biografias. A sua está sendo moída. Os últimos acontecimentos que ensejaram a Operação Apocalipse, desencadeada a partir do 4 de julho, mas ainda em andamento, praticamente inviabilizaram sua reeleição. Ele sabe disso. Ele soube disso ainda na Operação Termópilas quando seu governo se viu prisioneiro da Polícia Federal que fechou o DETRAN, a PGE e a SESAU, prendeu o poderoso secretário-adjunto da Saúde, José Batista, tornou o presidente da ALE foragido da justiça e lambeu seus sapatos ao prender um filho seu, adotivo, na residência oficial onde mora o governador. Um caos. Um horror. Em seguida, o governador foi obrigado a demitir suas irmãs do governo e viu o primeiro-cunhado enrolado até o pescoço em denúncias de tráfico de influência e outras mumunhas mais.
3.Nas operações policiais desencadeadas na prefeitura de Porto Velho(Luminus, Vortice e Sempre), no final de 2012, o governador teve assessores de alto coturno, envolvidos e presos. E agora, na Operação Apocalipse, desencadeada pela Polícia Civil, da qual é o chefe maior, teve assessores diretos - e diletos - presos por envolvimento com uma organização criminosa(OrCrim) de agiotas e traficantes de droga. É demais para o Dr. Confúcio. Para piorar, seu governo aluga imóveis da quadrilha. O próprio governador teve o nome citado como beneficiário do esquema de lavagem de dinheiro do tráfico, a partir do financiamento de sua campanha eleitoral e no desenrolar da gestão. Claro que o governador fez o que devia. Convocou coletiva de imprensa para desmentir as denúncias de dois criminosos contumazes e traficantes de droga. Claro que com tais qualificações Beto Baba e Fernando da Gata não possuem credibilidade para acusar a maior autoridade política do Estado, o governador. Os dois não têm currículo, mas prontuário, ficha policial longa e sortida. Deve-se, em princípio, acreditar no governador.
4.Mas, do lado de cá do balcão está o deputado Hermínio Coelho, presidente da ALE e afastado das funções por ordem judicial na Operação Apocalipse. Um dia antes, Hermínio Coelho entregou ao Ministério Público, segundo informou à imprensa, documentos recheados de denúncias contra o governador. O que haverá nesse pacote de denúncias? Qual sua megatonagem? Ainda não se sabe. O deputado Hermínio Coelho sabe que está na alça de mira do governador, politicamente falando, e vice-versa. Por isso, muita água ainda vai rolar debaixo da ponte do rio Madeira. Águas turvas e barrentas. E nuvens negras ainda vão pairar sobre o Palácio Presidente Vargas. Enquanto isso, o governador está com um olho no queijo e outro nos ratos. Sabe que seu projeto de reeleição corre perigo. Talvez até tenha perdido o interesse em concorrer novamente. Quem sabe esteja dormindo menos ainda à noite. Mas, quem sabe esteja preparando um sucessor na esperança de, em não podendo concorrer em 2014, possa pelo menos, ter o controle do pleito.
5.Confúcio Moura é o quarto peemedebista a governar o estado de Rondônia. Positivamente, o PMDB não tem tido sorte nesse cargo. Os três que o antecederam, Angelo Angelim, Jerônimo Santana e Valdir Raupp deixaram o governo com suas biografias comprometidas. Apenas Valdir Raupp conseguiu dar a volta por cima e revelar-se, senão o maior, mas uma das maiores lideranças políticas regionais, com projeção nacional. É senador reeleito. Contudo, o que será de Confúcio Moura pós-2014 somente a História dirá. No entanto, uma coisa é certa. Ele é um animal político e vai lutar com as armas que tiver nas mãos para seguir na vida pública. Se não puder concorrer à reeleição, vai lançar algum nome que deve ter na manga. Esta coluna arrisca dois palpites. O nome da manga da camisa do governador é o do diretor do DER, Lúcio Mosquini. Mas, provavelmente, este não é o nome do PMDB. Este quadro coloca governador e partido em uma sinuca de bico. Possivelmente, o PMDB irá seguir caminho diferente. Na falta de melhor opção partidária, talvez a escolha recaia sobre o ex-governador e ex-prefeito de Ji-Paraná, José de Abreu Bianco, em uma coalizão com o Democratas, com um vice do PMDB. Quem viver verá.
PS – A foto-arte que ilustra este artigo foi postada no site www.gentedeopiniao por Ivo Feitosa em 27.04.2011
Historiador e analista político (*)
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