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Francisco Matias

SÉRIE RONDÔNIA TRINTA ANOS


1.Em seu caminho para completar trinta anos como unidade federada brasileira, o estado de Rondônia tem uma importante data a comemorar e para refletir: o dia 11 de outubro de 1977. Neste dia, o presidente da República, general Ernesto Geisel, sancionou a lei complementar nº 6.448, aprovada pelo Congresso Nacional, que dispôs sobre a primeira divisão territorial no então Território Federal de Rondônia, a partir da criação dos municípios de ARIQUEMES, JI-PARANÁ, CACOAL, PIMENTA BUENO E VILHENA. Até então, a administração de Rondônia era feita por dois municípios: Porto Velho e Guajará Mirim, que centralizavam as ações políticas em suas sedes, consideravelmente distantes dessas localidades, elevadas à condição de distritos no limiar da década de 1970. Desse modo, o prefeito de Porto Velho teria de administrar um gigantesco município (o maior do mundo em área territorial), cuja jurisdição estendia-se até onde hoje está localizado o município de Vilhena, com extensão até Colorado do Oeste. Da mesma forma, e com as mesmas dificuldades, o prefeito de Guajará Mirim tinha em sua área administrativa localidades como Costa Marques até onde está situado o município de Pimenteiras do Oeste.

2.Tudo começou a complicar-se ainda mais com a atração de várias correntes migratórias, oriundas, principalmente, do sul e sudeste do país, com a finalidade de colonizar o espaço rondoniense, sob os auspícios do regime militar, que pretendia solucionar graves problemas sociais nas áreas rurais do Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo e no Nordeste, com ênfase aos estados do Ceará, Rio Grande do Norte e Bahia. Muita gente chegando, penetrando na região desde o vale Guaporé, do Roosevelt, do Gy-Paraná, do Jamary, do Abunã e do Madeira, impactando e alterando substancialmente o modus vivendi regional. Com tantos imigrantes fundando núcleos urbanos de apoio rural, em cima dos projetos de colonização e assentamento do INCRA, não podia dar em outra coisa: era necessário descentralizar a administração a partir da criação de novos municípios, desmembrados de Porto Velho e de Guajará Mirim, o que ocorreu por força da lei 6.448 acima citada.

3.As denominações dos novos municípios estavam definidas e deveriam obedecer à regionalidade instalada pela Comissão Rondon no início do século XX. Portanto, Vilhena deveria manter o nome da primeira estação telegráfica, bem como Pimenta Bueno e Ariquemes, respectivamente terceira e sétima estações. Cacoal era um caso a parte. Sua denominação não obedecia à regra rondoniana. Contudo, o núcleo nasceu nas terras do seringal de Anízio Serrão de Carvalho, guarda-fios da Comissão Rondon, cuja fazenda denominava-se Fazenda Cacaual, daí, reduzido a Cacoal para evitar o nome "Nova Cassilândia" que se tentava impor. Tudo resolvido para o anteprojeto a ser elaborado pela Câmara Municipal de Porto Velho, exceto Ji-Paraná, que deveria ser denominado Vila Rondônia. Este nome só não emplacou porque a população da Vila Rondônia queria outro nome: Marechal Rondon, que, de todo modo, homenageava ao Marechal Rondon, que já tinha o seu nome no Território Federal de Rondônia.

4.Foi então que ocorreu a segunda visita do presidente Geisel a Porto Velho, início de 1977, quando a comitiva presidencial percorreu a região até a localidade de Vila Rondônia. Em uma reunião do presidente com o governador Humberto Guedes, com o presidente da Câmara Municipal de Porto Velho, vereador Abelardo Castro e lideranças políticas da região, foi discutida a questão do nome do município. Afinal, seria Vila Rondônia ou Marechal Rondon? Entra em cena o vereador Abelardo Castro, ele também autor de um anteprojeto visando criar o município com o nome Vila Rondônia, e sapecou: “Presidente, por que não colocamos no município o nome do rio Gy-Paraná? Seria mais regional. O presidente Geisel aprovou, o governador Humberto Guedes também, as lideranças locais não se opuseram e, bingo!, estava decidido. Vila Rondônia seria município com a denominação Ji-Paraná. Prego batido, ponta virada. Há 34 anos.

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Fonte: Francisco Matias - Historiador e analista político
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