Domingo, 31 de março de 2013 - 00h11
Por Francisco Matias(*)
1.Hoje, 31 de março de 2013, o Brasil tem uma data histórica a lembrar: o 31 de março de 1964. Era uma terça-feira, um dia que entraria para História do Brasil na ponta das armas, sob os tacões de coturnos e uniformizado de verde-oliva. O ponto central foi o estado de Minas Gerais, mas o alvo e o ponto culminante foi o estado do Rio de Janeiro, onde funcionava a capital da República dos Estados Unidos do Brasil, presidida pelo presidente João Belchior Marques Goulart, o Jango. Político de esquerda, ligado à URSS, ao comunismo internacional e com firmes propostas de implementar uma profunda reforma agrária no país dominado por herdeiros da oligarquia rural brasileira.
2.Nos dias atuais, sob o governo de esquerda do PT, é obrigatório se fazerSILÊNCIO sobre esta data. Ou, se houver algum som ou pronunciamento, deverá ser sobre prisões, perseguições e torturas a ativistas políticos da esquerda. Todo e qualquer escritor, analistas, comentarista ou cientista político que se atrever a sair do silêncio de outra forma, será considerado reacionário, traidor do povo, filhote da ditadura e outras “mumunhas” mais. Corre até o risco de ter alguma pretensão literária travada e ser marcado para algum evento político futuro. Mas, a revolução de 1964, ou o golpe militar de 1964, é fato histórico incontestável e não poderá ser apagado da história ou ser divulgado apenas sob o viés da tortura, como se fosse uma fotografia, ou como era feito na União Soviética e ainda hoje é costume nos países de governo ditatoriais, sejam de esquerda ou de direita.
3.Passados 49 anos da eclosão do golpe ou da revolução de 1964, chega-se ao ano 2013, avinte e oito anos do final do ciclo dos generais, com a história contada de um lado só, passada aos jovens nas universidades, nas escolas de ensino fundamental e médio, nas associações e sindicados, com uma parte sendo apagada: o golpe, a influência da guerra fria, do muro de Berlim e da bipolaridade entre o comunismo e o capitalismo. Estes foram os motivos que fizeram acontecer tão terrível período político e administrativo no Brasil. Nesse quase meio século, todos os presidentes do regime militar estão mortos, bem como a maioria dos oficiais generais (exército, marinha e aeronáutica), policiais civis e militares, sindicalistas, padres e bispos católicos, e uma boa parte de políticos e intelectuais que apoiaram o golpe contra o governo do presidente Jango. Os sobreviventes do golpe e dos seus desdobramentos estão passando a história daquela história de um modo que, se não houver um freio nesse maniqueísmo, o Brasil não terá como se proteger de uma ou outra tentativa, seja da direita ou da esquerda. O que não é improvável ocorrer.
4.Para os futuros dirigentes desse país, notadamente aqueles que cursam faculdades, o golpe militar foi aplicado aleatoriamente, por militares insatisfeitos com os rumos da política rural do presidente João Goulart e contou com o apoio irrestrito do governo norte-americano. Portanto, a partir do dia 1º de abril o ciclo militar se instalou no Brasil e passou a massacrar jovens patriotas e democráticos, defensores intransigentes do estado democrático de direito.
5.Convém ser dito que toda revolução contra qualquer governo é GOLPE. Da direita mais extremada à esquerda mais radical, é GOLPE. Foi assim na Rússia, em 1917 que produziu 74 anos de autoritarismo e de imperialismo soviético. Foi assim na China de Mao Tsé-Tung e Chiang Kai Ckek. Apesar da introdução recente de medidas capitalistas, a China foi dividida e vive desde 1949 sob o regime comunista. Foi assim em Cuba, que vive há 54 anos sob a ditadura comunista-dinástica dos irmãos Castro. Foi assim na belicosa Coreia do Norte, no Vietnam, no Laos, na Argentina dos generais tresloucados, no Chile de Pinochet, no Paraguai e no Brasil. Esses regimes não foram impostos apenas com o apoio das baionetas nem das caras feias de generais e caudilhos carismáticos de plantão, a bordo de discursos populistas. Mas contou com o apoio de segmentos de suas respectivas sociedades. Do contrário, não sobreviveriam, como a ditadura do Brasil, que durou 21 anos, ou a de Cuba, apenas para citar dois exemplos de ditadura, uma de direita, outra de esquerda.
6.Este é o problema da moderna e ideológica História que se aplica aos jovense à toda a sociedade brasileira nesses últimos 28 anos; a direita é ruim, corrupta e aderiu ao golpe militar. A esquerda, com sua capacidade de penetração nos mais diversos meios de comunicação, falada, escrita, televisada e redes sociais, se apresenta como avessa a qualquer forma de ditadura, incorruptível e fazedora do bem comum. Está posto o maniqueísmo ideológico do bem e do mal. E assim, a história vai sendo contada com um viés ideológico de esquerda e, quando ocorre algum historiador ou analista de direita, é com este viés ideológico que a História é contada, apresentada, registrada e sedimentada no consciente coletivo. Um erro cujo preço elevado irá se pagar no futuro próximo, quando se buscará registros do golpe militar de 1964 e o que encontrará será um lado contando o que pode, ou outro, quase nada, silente. Os poucos historiadores isentos desse tipo de comportamento político-ideológico, estão em SILÊNCIO TOTAL. Vamos falar, hoje é 31 de março e esta data e seus fatos históricos não podem ser apagados jamais.
Historiador e analista político(*)
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