Quarta-feira, 19 de maio de 2010 - 19h01
Por Francisco Matias(*)
1. No mês em que se comemora o nascimento do brasileiro Cândido Mariano da Silva Rondon, militar, sertanista, bandeirante, desbravador e geógrafo mato-grossense, esta coluna dá sua parcela de contribuição para ajudar na elucidação da enigmática biografia deste que é considerado “o homem que tinha na sola dos pés o mais longo caminho já percorrido”. Nascido na localidade de Mimoso, sesmaria de Morro Redondo, estado do Mato Grosso, no dia 05 de maio de 1865, de família classe média rural, Rondon somente passou a ser chamado Rondon a partir do momento em que foi adotado por uma dos seus tios. Até então era apenas o jovem Cândido Mariano da Silva, mestiço de pai branco e mãe indígena, da nação Terena. Mas, este é apenas um dos enigmas que permeiam a existência e a história deste que foi classificado pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro como “o Civilizador dos Sertões”. Rondon não gostava de ser chamado de Rondon. Exigia que o tratassem por Mariano. Mais ainda. Recusava-se a aceitar o 5 de maio como a data do seu nascimento, conforme está em seu batistério, a certidão de batismo.
2. Rondon Iniciou sua carreira militar como soldado e estudou na escola militar do Realengo, Rio de Janeiro, onde conheceu e adotou a doutrina positivista, disseminada pelo francês Auguste Conte, e introduzida na oficialidade brasileira pelo coronel Benjamin Constant, de quem Rondon tornou-se profundo admirador e seguidor fiel. Por ser positivista e seguidor de Benjamin Constant, ainda como aspirante a oficial, participou do golpe de Estado que derrubou a Monarquia e instituiu a República, em 1889, na qualidade de ajudante-de-ordens do marechal Deodoro da Fonseca. E Por ser positivista não participou do golpe de Estado que derrubou o presidente Washington Luís, impediu a posse do presidente eleito Julio Prestes e colocou Getúlio Vargas no poder, em 1930. Pelas mesmas razões doutrinárias aceitou o comando da Comissão Construtora das Linhas Telegráficas Estratégicas do Mato Grosso ao Amazonas-CLTEMTA, convocado pelo presidente Afonso Pena, a partir de 1907. Mas, ainda por ser positivista, deixou de estender as “línguas de Mariano”, como ficaram conhecidos os fios do telégrafo que implantava nos sertões do Mato Grosso que deveria complementar o processo de nacionalização do Acre. Ele, assim como todos os oficiais positivistas, não aceitava a forma como o Brasil anexou o Acre, que considerava uma região “ultraboliviana”. Por isto, sua última estação nos sertões matogrossenses foi instalada em Guajará-Mirim.
4. Apesar de ter esta visão doutrinária, Rondon era um militar linha-dura, um comandante duro quando preciso, capaz de impor castigos físicos aos seus legionários e ordenar o fuzilamento dos prisioneiros da Revolta da Chibata, empurrados para a Amazônia para trabalharem na Madeira-Mamoré e na Comissão Rondon. A partir de 1909, a Comissão Rondon penetrou na região que constitui o estado de Rondônia, onde implantou doze das vinte e oito estações telegráficas estratégicas. Contudo, sua Comissão não se restringia apenas a construir estações e estender fios telegráficos. Rondon requereu do governo condições para proceder a estudos geográficos, antropológicos, etnográficos, botânicos, zoológicos e hidrográficos de toda a região percorrida. Por sua atuação, um dos seus legionários, o médico e etnólogo Roquette-Pinto, demarcou uma extensa área no Mato Grosso, cujos limites eram os rios Juruena e Madeira, e a denominou Rondônia, dividindo-a em Rondônia Ocidental e Rondônia Oriental. Era a grande Rondônia do Juruena ao Madeira. O antropólogo Darci Ribeiro, um dos mais profundos estudiosos da saga de Rondon, definiu assim a epopeia deste que é o Patrono das Comunicações do Brasil e do Estado de Rondônia: “foram anos de ingentes esforços, de sacrifícios e de privações inenarráveis, mas em compensação, cheios de realizações magníficas”.
5. No dia 05 de maio deste ano foram comemorados os 145 anos de nascimento do marechal Rondon. É o Dia das Comunicações. Ele morreu no dia 19 de janeiro de 1958, no Rio de Janeiro, às vésperas de completar 93 anos de idade, depois de ter recuperado as promoções de sua carreira militar, bruscamente interrompida pelo governo Vargas. Dois anos antes de morrer, ele concordou em colocar o seu nome no então Território Federal do Guaporé, que passou a ser designado Território Federal de Rondônia, por força da lei complementar nº 2.731, de autoria do deputado federal Áureo de Melo, sancionada pelo presidente Juscelino Kubistcheck de Oliveira no dia 17 de fevereiro de 1956. E por falar nisso, o Estado de Rondônia constitui-se na única unidade federada brasileira a prestar homenagem a um personagem de nossa história.
Historiador e analista político(*)
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