Sábado, 21 de dezembro de 2024 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Henrique Nascimento

A insegurança e a assombração



Vi o debate entre os candidatos a presidente da República, na Rede Bandeirantes, no domingo passado.

Creio ser irrelevante se os institutos de pesquisas apontem ou não  Alckmin ou  Lula,  quem tenha vencido o primeiro debate.

Já para o telespectador, penso que sim, o que importa mesmo foi  a imagem que ficou – se o leitor  preferir a visibilidade, tudo bem, dá no mesmo -  seja ele/ela  lulista ou alckmista.

Agora, com alguma certeza, minha certeza, embora tenha muitas dúvidas, minhas dúvidas, pois não sou alienado político  e nem medíocre, a imagem do candidato Lula que ficou é idêntica a do presidente Lula num único e televisivamente  visível aspecto: a insegurança.

Falo com a isenção de quem votou na senadora Heloisa Helena.  Daí a pergunta que não quer calar: o que terá  motivado tamanha  insegurança?

Tenho lido que tanto Lula quanto Dirceu são animais políticos. Se fosse assim, a arrogância real e televisiva do ex-ministro seria instintiva, certo? Ocorre que instinto por instinto ambos provavelmente têm,  como animais políticos.

Não faz sentido dizer-se que só o segundo tem curso superior, por que não cola. O saber arrogante é demonstração de pouco saber. E presidente da República, com ou sem diploma universitário, necessariamente  não precisa ser arrogante, mesmo que fosse por conta do instinto do  "animal político", ou o que isto queira significar politicamente, e que escapa ao cronista.

Ora, dirá o (e)leitor de Lula: ele ganhou o debate e não foi arrogante. Enquanto o (e)leitor de Alckmin, dirá o contrário.

Torcida por  torcida o presidente Lula, que sempre usa metáforas futebolísticas, um viés   característico da sua cultura, estava mais para, naquele domingo,  o expectador de um jogo do Corinthians x  Palmeira, do que transpareceu da sua  insegurança ou receio (de um torcedor corinthiano) naquele debate.

Sucede que, uma certeza  a torcida de ambos os times teve, porque viram,  ouviram e tiveram que engolir: o candidato Alckmin chamou de mentiroso, várias vezes, o candidato/presidente Lula. E isso é muito grave. Ademais de que, ao negar, sua  resposta  corporal foi congruente com sua visível demonstração de insegurança. E pior, não conseguiu convencer a torcida, leia-se, o telespectador.

Claro que os estudiosos da linguagem não-verbal hão de concordar com este escriba: o candidato Lula passou para o geral da população, e de modo particular para a generalidade dos especialistas na leitura dela,  muito do que ele disse e disse que não-disse,  através da leitura corporal da linguagem  não-verbal dele. 

Discordo de quem reiteradas vezes tem chamado o candidato Alckmin (médico anestesista, ex-vereador, ex-prefeito, ex-deputado estadual, ex-deputado federal, ex-vice-governador e ex-governador) de "picolé de chuchu". Alguém, desrespeitosa e preconceituadamente,  que tem, também, minha veemente discordância, se atreveria chamar o outro candidato de "picolé de cachaça"?

Li, e não me contive de rir e mais ainda de refletir, crônica do jornalista Clóvis Rossi, da Folha, cujo título é: A assombração. Transcreverei para o (e)leitor, caso ainda não tenha tido tempo de ler, alguns trechos, ou para que sorria também, ou para sua reflexão, o que penso seja mesmo o melhor.

"Aconteceu domingo com Luiz Inácio Lula da Silva ante um Geraldo Alckmin subitamente transformado de "picolé de chuchu" em atirador de facas".

E, no período seguinte: "O debate da Band serviu para demonstrar, uma vez mais, que, apertado, Lula entrega os companheiros sem a menor cerimônia para tentar livrar-se do fantasma que persegue o seu governo e o seu partido. Já havia ocorrido em entrevistas a William Bonner/Fátima Bernardes e, antes, a Pedro Bial, todos da Globo".

Para finalizar, mais este, em resposta à pergunta do jornalista Franklin Martins,  que estava presente ao debate: "(...) Se Lula não sabe das coisas, quem pode garantir que, no futuro, não se repitam os crimes cometidos (e confessados) às costas do presidente? Pior: quem pode garantir que neste exato minuto algum "aloprado", como diz Lula, não esteja tramando algum novo trambique em alguma sala do próprio Palácio do Planalto?".

Em tempo:  Como não anulo ou voto em branco, filiado que sou ao PSB, declaro aqui (como já o fizera em crônica anterior) que irei votar para presidente no experiente homem público, o ex-governador Geraldo Alckmin.


* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

Gente de OpiniãoSábado, 21 de dezembro de 2024 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Senadora Heloisa Helena: competência, coragem, determinação

Senadora Heloisa Helena: competência, coragem, determinação

O ano de 2006 está chegando próximo do seu final.  O dia 13 de dezembro, o mesmo número que supersticiosos infundadamente receiam e que outros confian

A Praça e a iluminação natalina

A Praça e a iluminação natalina

Volto ainda uma vez ao tema: observador que sou, minimamente privilegiado, da praça que é do povo. Antes do elogiável trabalho de sua recuperação, pel

Muito mais vida, eterna diva!

Muito mais vida, eterna diva!

Aos 84 anos, ainda repleta de vitalidade, com seu raro talento e sua singular formosura (uma vez, em entrevista, ela disse, sempre bem humorada, intel

Ortotánasia

  A singular Resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) aprovada por unanimidade dos conselheiros, no dia 09 de novembro pp, que autoriza ao médi

Gente de Opinião Sábado, 21 de dezembro de 2024 | Porto Velho (RO)