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Leo Ladeia

'Crime de lesa-pátria não consumir o gás de Urucu em PVH'


Durante todo o ano de 2007, o jornalista Léo Ladeia puxou para si e assumiu na mídia local, a retomada da Campanha “GASODUTO JÁ”.   Diariamente no seu programa Sala Vip  da rádio Vitória Régia, Léo Ladeia lê o TOP 10 da coluna Política & Murupi, sempre finalizando com uma tira sobre o gasoduto. Já o ano de 2008, começa com duas expectativas, o leilão de JIRAU (a segunda hidrelétrica do complexo energético no rio madeira) e a definição do gasoduto Urucu-Porto Velho.  Em uma das muitas entrevistas do programa Sala Vip, o convidado foi Paulo Andrade (veio para Porto Velho em 1997 para ajudar na fundação da Rongás, indicado pela Petrobras), ele é o ‘papa’ do tema gás natural. Trabalha na Rongás (Empresa com participação do Estado de Rondônia), conhece tudo, fala com propriedade e tem domínio do assunto como poucos. Paulo Andrade é contador e engenheiro mecânico tem também formação em gás natural, petróleo e outros derivados. Reveja alguns pontos da entrevista: 
LÉO LADEIA – O Brasil desperdiça muito gás em Urucu no Amazonas?
PAULO ANDRADE – Olha Léo, para as pessoas terem uma noção, de todo o gás (veicular) consumido nos veículos de todas as capitais do Brasil soma-se 7 milhões de metros cúbicos, observe que a Petrobras retira de Urucu(AM) e queima ou reinjeta mais de 9 milhões de metros cúbicos, então é mais que todo gás consumido nos veículos no Brasil inteiro. Só para as pessoas terem uma idéia, eu estive em Santa Catarina e visitei todas as indústrias, eles consumiam 700 mil metros cúbicos, Urucu (AM) produz 9 milhões de metros cúbicos que até hoje não é aproveitado.
LÉO LADEIA – Dizem que a Petrobras vai fazer prospecção de gás em Rondônia e na bacia do Juruá no Acre. É verdade?
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Tubos para  o gasoduto de Manaus, no Porto de Porto Velho

PAULO
ANDRADE – Eu estive em audiência Pública em Brasília de 2006, onde a Eletrobrás disse, e eu tenho isso em notas taquigráficas, “que era um crime de lesa-pátria não consumir o gás de Urucu em Porto Velho”, essas palavras foram ditas pelo ainda presidente da Eletrobrás. Então eu preferia evoluir na direção de consumir o gás de Urucu (AM) a ter que procurar gás em Rondônia.
LÉO LADEIA – Nós temos uma balsa que trafega durante uma semana de Manaus para Porto Velho. Quando chega aqui, o óleo diesel é bombeado na beira do rio e nós ainda temos o perigo de um acidente ecológico o tempo todo, depois ele segue para queima na Termonorte. É isso?
PAULO ANDRADE - A logística é mais ou menos o seguinte: parte do petróleo sai de Urucu e vai até Coari, (200 km), de Coari vai a Manaus (400 km), e quando chega em Manaus ele é refinado e pode vir para Porto Velho, ou não. Considerando que ele venha para cá, então ele sai de Manaus e vai para Itacoatiara onde está lá a foz do rio madeira, para depois subir rio acima até Porto Velho. Veja que nós estamos falando de 1.800 km de trajeto entre o poço e o consumidor aqui em Porto Velho, independente de ser a Termonorte ou o caminhoneiro. Se fôssemos consumir gás natural, nós iríamos ligar um cano lá do poço ao consumidor aqui em Porto Velho (522 km).   Então você sai de quase 2.000 mil km para 500 km (cai para ¼ da distância), só aí você já reduz significativamente o preço da energia. Hoje o óleo diesel aqui em Porto Velho, consumido na Termonorte, tem preço de aproximadamente vinte seis dólares o que seria mais ou menos R$55,00, um milhão de BTU (UNIDADE DE ENERGIA) aqui em Porto Velho. Na audiência pública lá em Brasília foi divulgado pela Eletronorte, que eles estão pagando em torno de R$ 28,00 por milhão de BTU (em Manaus), nós pagamos aqui mais de R$ 50,00. 
LÉO LADEIA – Esse milhão de BTU quem paga é o consumidor, isto porque, uma parte de dinheiro sai e vai para uma conta da Eletrobrás chamada CCC. Então quando nós temos essa chance de ter o gás aqui em Porto Velho, nós temos que levantar essa bandeira com mais veemência.
PAULO ANDRADE – Agora o grande pagador da CCC é a indústria paulista, se não existisse a CCC nós teríamos uma energia absurdamente alta.
LÉO LADEIA - Se bem que a indústria paulista deve muito ao Brasil. Nós compramos carro de São Paulo, que recebeu muitos incentivos para se desenvolver, recebeu grande mão-de-obra, então é elas por elas, a gente pode trocar o nome de Zé para José, é todo mundo pagando igual.
PAULO ANDRADE – Esse é um ponto que eu levanto bastante quando tenho que falar sobre gás. As pessoas devem se interessar mais por esse assunto, pesquisar e analisar: Por que é interessante ter gás em Rondônia? A resposta é simples, é porque tendo gás em Rondônia nós vamos ter condições de competir em igualdade com São Paulo, Mato Grosso, Manaus. Nós temos os nossos diferenciais competitivos, tem alguns fundos constitucionais que fomentam o desenvolvimento da região. Também temos matéria prima que poderia ser manufaturada com o gás, temos uma localização privilegiada em relação ao Atlântico e ao Pacífico, temos conexão direta rodoviária com o Brasil Central. Então colocar gás aqui significa ter uma frota de ônibus, taxi, laticínio, novos edifícios tendo o gás na tubulação, então nós teríamos na economia um alavancador de desenvolvimento muito importante. São Paulo utiliza gás há mais de 110 anos, e mesmo Itaipu tendo chegado com energia, lá eles não desligaram o gás. Então esse é o ponto interessante, ou seja, viabilizar e pagar a infra-estrutura em cima do mercado que está aí hoje e desenvolver a nossa região, afinal o nosso consumidor está em Araraquara (A térmica do Rio Madeira é Porto Velho-Araraquara).
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Linhão de Transmissão Jauru(MT) -Vilhena - Samuel(RO)

LÉO LADEIA
– Poderíamos levar esse gás para o Mato-Grosso?
PAULO ANDRADE – Eu penso diferente. A linha de transmissão que foi licitada, a linha pequena (porque tem uma linha de 230 que hoje ligaria Jauru-Vilhena-Samuel), inclusive conversando com estudantes eu chego a questionar se essa linha de transmissão sendo instalada agora, se seria um bom negócio para Rondônia. Isto porque a nossa geração (em Rondônia) é feita em cima da termoelétrica, ou seja, a óleo (principalmente agora no verão).   A térmica de Cuiabá, gera com gás natural (BOLIVIANO), então se nós ligássemos essas duas pontas eu não sei se a nossa energia ia sair de Rondônia para Cuiabá ou de Cuiabá para Rondônia. Provavelmente sairia de Cuiabá para Rondônia, então essa quantidade de combustível que é queimada aqui em Rondônia, gera em torno de R$ 150 a R$ 170 milhões de ICMS e movimenta a nossa economia. Então nós perderíamos esse ICMS e passaríamos a ser importador de energia. Penso que o mais interessante para Rondônia seria o gás de Urucu chegando aqui mais competitivo e com o preço em reais, e nessa situação sim, se interliga o mercado e quem for mais competente se estabelece.

UM COMBUSTÍVEL LIMPO
O Gás Natural é o combustível fóssil mais limpo que existe. Sua queima tem menos resíduos que outros combustíveis derivados do petróleo. Mas, não é só. Por ser mais limpo, o gás natural aumenta a vida útil das termoelétricas e equipamentos que o utilizam como combustível, reduzindo também seus custos de manutenção. O gás natural não é só melhor, como mais seguro. 
DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO
Dados da Eletrobrás indicam que a região Norte está numa fase de crescimento de consumo de energia elétrica. Os valores projetados até 2008 são de um crescimento de 8,5%, bem acima da média do país que gira em torno de 5%.
BENEFÍCIOS DO GÁS NATURAL
- Gás natural em Porto Velho significa geração de 2.000 empregos diretos para pessoas da região.
- Maior geração de riqueza no comércio e na prestação de serviços.
- Atração de investimentos industriais em nossa economia.
- Diminuição pela metade da quantidade de óleo transportado no Rio Madeira, minimizando o risco de um possível acidente ambiental.
- Modificação da nossa matriz econômica, com novas atividades industriais de serviços e comercial, com possível diminuição da pressão exploratória sobre a floresta e demais recursos naturais.
 Fonte: Gentedeopinião

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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