Terça-feira, 4 de outubro de 2011 - 05h19
Frase do Dia:
"...o deslize ético de um profissional pago com dinheiro público para fazer o bom direito é mais grave que o deslize de qualquer outro” – Ministra Eliana Calmon
O velho rock’n roll provou que para ser novo basta ser revisitado. Aí o problema de revesti-lo é da competência – ou falta dela – de cada um. Convenhamos porém que a safra bandas, boas letras e músicas está em baixa e o que vi no Rock’n Rio – vi muito pouco – , me deixou cabreiro para usar a língua da galera. Alguns hits do Roberto Carlos com uma pobre nova roupagem apareceram assustando até os que gostam até de bandas como Evanescence, que também pintou por lá. Não gosto do termo, mas vi pouca atitude apesar de ter-me arrepiado com a fala de Dinho Ouro Preto malhando a corrupção e Zé Sarney mas isso deve também ao fato do Dinho estar no clube dos 40 o que nos aproxima. Faltou mais rock’n roll no rock’n Rio e algo de novo nas revisitações. Ainda assim foi melhor que ouvir tango. Salvo os do Astor Piazzolla.
02-Trocando o curativo
Não sei se o governo vai conseguir estancar a sangria desatada, trocar o curativo ou aplicar uma injeção mas o barulho é grande. Apesar do termo menos assustador que privatização, os indícios são de que o governo irá encontrar tempo ruim pela frente para implantar o que quer. A primeira traulitada veio da ALE e a segunda como não poderia deixar de ser, do Sindicato dos Médicos. Mas, por outro lado, o MP é fortemente favorável à Gestão Compartilhada, menos pelo que prega o governo e mais pelos resultados que o Dr. Hildon Chaves conheceu de perto em alguns estados. Aliás, o Dr Hildon tem na cabeça os números que reforçam a privatização e conhece como poucos o péssimo serviço de saúde pública que o estado de Rondônia oferece.
03-Defensoria Pública: a prima pobre
Quando se fala das atuações do Ministério Público – Federal e Estadual – de imediato somos levados a uma comparar com o que faz a Defensoria Pública e aí quanta diferença...Ocorre que a prima pobre da justiça enrolada entre o orçamento hipossuficiente e o prestígio que é menor foi-se perdendo no embaralhado de letrinhas que a criou na Constituição e hoje, a sua única e visível faceta é a defesa dos direitos de presos e apenados, o que convenhamos não é a coisa mais simpática para a sociedade. O observador pode achar que esta é a única função prevista na lei e não é bem assim. Funções atípicas como defesa de grupos como consumidor, idoso, criança e adolescente, mulheres e vítimas de violência são legitimadas.Basta querer fazer.
04-O primeiro tapa na cara
Quando a ministra corregedora Eliana Calmon rodou o pau de bater em doido atingindo togas, não deve ter-se lembrado do provérbio oriental e nem mesmo de que estaria utilizando-o em toda extensão: "Há três coisas na vida que nunca voltam atrás: a flecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade perdida." A frase da ministra - “Acho que é o primeiro caminho para a impunidade da magistratura, que hoje está com gravíssimos problemas de infiltração de bandidos que estão escondidos atrás da toga” – flechou a justiça, suas palavras não carecem de uma vírgula sequer e o senso de oportunidade foi perfeito depois da matéria da Veja. Claro que o troco viria e é normal que as associações de magistrados emitissem notas contra o que disse a ministra. Cá pra nós, que ninguém saiba, foi o primeiro tapa de dentro pra fora e doeu.
05-Segundo tapa na cara
Quer amplificar alguma coisa negativa, publique uma nota desmentindo. É como se irritar com um apelido. Ajuda a pegar. As notas das associações dos juízes, a reação do presidente do STF César Peluzo só fizeram aumentar a temperatura e a ministra que não tem papas na língua, voltou à carga: “Eu não tenho que me desculpar. Estão dizendo que ofendi a magistratura, que ofendi todos os juízes do país. Eu não fiz isso de maneira nenhuma. Eu quero é proteger a magistratura dos bandidos infiltrados. A quase totalidade dos 16 mil juízes do país é honesta, os bandidos são minoria. Uma coisa mínima, de 1%, mas que fazem um estrago absurdo no Judiciário. A imagem do Judiciário é a pior possível, junto ao jurisdicionado. Eu quero justamente mostrar que o próprio Judiciário entende e tenta corrigir seus problemas”. Vixi!!!
06-A violência nossa de cada dia
Os índices da violência em Rondônia estão caindo. Se dizem isso é porque está mesmo. Claro que se alguma coisa ocorre é por culpa dos bandidos incultos, sem o hábito da leitura e que, sem saber que estatísticas não mentem jamais, acabam cometendo desatinos e avacalhando os dados oficiais que a soma dos BO’s revela. É verdade que em alguns casos não fazem o BO. De imediato dou crédito ao governo. Se há crime e o caboquin não comunica, a culpa é sua que, aliás, deveria ser preso por não informar o crime e passar uns dias na prisão pra ver o que é bom pra tosse. Outra coisa é sair e deixar a casa vazia. Vai se ferrar duas vezes: assaltado na rua e quando chega em casa o ladrão levou tudo. Como se pode ver, a segurança nada tem a ver com governo. É coisa de bandidos iletrados e cidadãos desatentos. Pode ver na estatística.
07-A pirâmide de trocentos lados
Bolsa-família, vale-transporte, vale-leite, auxílio-reclusão, cotas-sociais, tarifa-social, merenda-escolar, vale-gás, vale-farmácia, e a bolsa-verde. Não sei se todos existem, ou se faltam alguns, mas deixei de falar de auxílios como Prouni, cesta-básica para invasores, auxílio-uniforme, etc e assim pelas avessas, o Brasil encastela no topo da pirâmide os mais ricos e socializa a miséria. “Tirando dos ricos e entregando aos pobres”, diria um apressado. Balela, mentira, falácia. Todos pagam inclusive os que recebem. Nosso sistema de tributação ver como iguais, o dono e o porteiro do banco. E sem essa de acabar com a miséria. Para acabar só educando. Educados votam com qualidade. Aí a pirâmide não se sustenta. Deixa assim que está de bom tamanho.
08-Para pensar e pedir
Um mototaxista foi atropelado por um veículo e morreu. O motorista que apresentava sinais evidentes de embriaguês, chegou a ser detido em flagrante, foi levado à delegacia e cumpriu o ritual burocrático para casos semelhantes, sendo depois liberado após o pagamento da fiança. Casos como esse são corriqueiros e quando aparecem na imprensa há um jargão para explicar a impunidade: “deve ser indiciado por homicídio culposo quando não há a intenção de matar”. Homessa! Como não há intenção, se o motorista drogado sabia antes que não deveria beber? Será que a OAB, igrejas, defensorias, partidos político ou o embaixador de Israel não poderiam fazer uma campanha nacional para tornar o atropelo seguido de morte, crime inafiançável?
09-Equilíbrio precário
Um número que chega tão rápido que até parece ter sido entregue por um motoboy, assusta. Em 2010 o Brasil computou 145 mil internações na rede pública de hospitais de vitimados por acidentes com motocicletas. No rabo da dessa pandorga, mais dois npúmeros estão pendurados e são feios: tais internações alcançaram o valor de R$ 187 milhões o que é pouco menos da metade – 45% - do total gasto com todos os acidentados de todo o país. Quer mais um número? O Ministro da Saúde acha que isso se resolve com uma campanha publicitária que ficará pendurada nos guidons, pedaleiras e escapes pelo Brasil: R$ 12 milhões. É mais fácil engordar jegue a pão de ló que equilibrar os acidentes com veículos precários de 2 rodas.
10-Três perguntas cretinas
A crise está-se mostrando bem maior que aquela imaginada pelo pessoal do governo. Por outro lado a nossa crise particular – a inflação – está-se mostrando bem mais consistente que imagina o Mantega. E agora José, Lula ou FHC? “Em quarenta anos de magistratura nunca li uma coisa tão grave. É um atentado ao estado democrático de direito.” Quem disse isso aí foi o Ministro Cezar Peluzzo. E agora o que é que eu faço Serpa que serei preso se eu mesmo já tinha lido coisas do tipo e sem ser magistrado? O que fica pronto antes: a ponte sobre o Rio Madeira, o tratamento de água, o saneamento de esgoto, os viadutos, o teatro, o CPA ou a Usina de Santo Antonio? Não precisa responder nada.