LIGANDO A MOENDA

Frase do Dia:

 

“A capital de Rondônia agoniza a olhos vistos.” – Dr. Reginaldo da Trindade.MPF

I-Alma beradeira I

O título, implícito no artigo do mestre Persivo, me pôs de volta aos anos 90 e os comentários do Zé Banzeiros de Sá me levaram a refletir. Gosto da ideia do estado mínimo, mas sei que não é assim que funciona e precisamos da muleta. Comparar Rio Branco e Porto Velho é ver que os acreanos sempre se voltaram para para fora e Armando Nogueira, Adib Jatene, Glória Perez, Jarbas Passarinho e João Donato mostram isso. Nossa cultura cosmopolita, ”pero no mucho” existe, mas sofre os efeitos deletérios da TV e internet como lembra o Zé. Sigo com ele por não ter também opinião formada, mas arrisco o pitaco: nossa grande alma beradeira, falada, ansiada, cedeu num dado momento espaço para outra, um tanto menor e um tanto pequena. Reencontrá-la é tarefa para muitos por muito tempo e envolve amor e educação.

II-Alma beradeira II

Extrapole-se ideia e artigo para os morros cariocas onde a comunidade do samba deu lugar à galera do funk e bondes de rappers, MCs, DJs e coisas que tais. Nalguma esquina trocamos a roupa e assumimos personagens como a rainha do axé na pele de Maria Machadão, ou heróis de realities shows, filósofos de 140 caracteres ou plateia do “ah se eu te pego” Teló. Sei que o novo sempre vem, que mudanças são inevitáveis, que o olhar para trás é nostálgico, mas é preciso saber contar nossa história e cantar nossa aldeia. A busca da nossa alma beradeira por essas plagas é parte da grande busca da alma brasileira que perdemos por aí. Obrigado Silvio, obrigado Zé por deixarem a beirinha nesse barco p’r’eu espichar minha rede.

III-Moringa quente

Se depender dos órgãos de fiscalização como MPF, TCE e MPE, tudo o que foi levantado até aqui contra Roberto Sobrinho e seus “dezoito do forte” será ”Sempre fichinha”. Os dezoito nem conseguiram encontrar o caminho da saída, ainda que temporária, da prisão e dá-lhe o MPF a apresentar mais denúncias, como se quisesse deliberadamente bloquear um igarapé ou o curso d’água, para lembrarmos as operações “Endemia” e “Sempre MPF”. A frustração por não conseguirem prender Roberto Sobrinho em pleno mandato é o combustível. Para acusados e advogados é “melhor não esquentar a cabeça senão caspa vai virar mandiopã”.

IV-O aumento do busão

O prefeito Nazif desceu a ripa nas empresas de ônibus e prometeu pela TV, ao vivo e a cores que não vai dar o aumento pedido e mais: condicionou qualquer conversa com empresários sobre o aumento da passagem, ao aumento da frota. Para quem gosta desse estilo foi uma bela demonstração da sua vontade de fazer, mas entre a vontade e o fazer, há um caminho “mais comprido que dia de fome”, como diz Zé de Nana. E vai dendê no caruru: a Petrobrás pediu, o mercado apostou, Lobão negou – diz o CHA que “ministro negou, pode apostar que acontece” – Dilma chiou, mas o preço da gasolina vai aumentar, o lucro vai cair e a pressão vai subir. Por ora dá para segurar, mas “água de ladeira abaixo e fogo de ladeira acima...” 

V-Falando em Lobão

Uma daquelas coisas que ocorrem com frequência entre os poderosos e o séquito de amigos, picaretas, “súcios” e que quase nunca são comentadas por razões óbvias, acaba de vir a furo como um furúnculo maduro. Lobão e amigos teriam arrematado na “bacia da almas” dois apartamentos leiloados em Ipanema, Rio de Janeiro, um em sociedade com um filho e o outro com o desembargador Marcelo Buhatem. O leilão está sob o microscópio do CNJ que fuça a ação entre amigos nas varas empresariais do Rio. O leilão foi feito a mando do juiz Mauro Pereira Martins, promovido a desembargador em dezembro, que acolheu pedido da administração da massa falida que tem como advogado, Adriano Pinto Machado, cunhado de Mauro Martins e irmão da juíza Maria Helena Machado. Coisa do Lobão e os Três Porquinhos.

VI-Voltando ao prefeito...

Não tenho má vontade e nem torço contra, contudo sabemos todos que o prefeito encontrou barreiras e terá que analisar as soluções possíveis para todas elas, antes de agir por impulso e ser pego no contrapé. Na TV, o prefeito Nazif, citou três imbróglios: Rua da Beira, Marquise e viadutos, cujas soluções mais simples, levando-se em conta suas promessas de campanha seriam pela ordem: concluir com recursos próprios, cancelar o contrato da coleta de lixo e mandar a Marquise para Fortaleza e devolver a obra ao Dnit para conclusão. Ocorre, porém que obviedade, bom senso e a certeza de estar fazendo o que é certo têm um antecedente que é trilhar os caminhos da burocracia, que é essa espécie de máquina de moer vontades.

 VII-Ligando a moenda

Lembrei da engenhoca para triturar cana quando li a informação do retorno de atividades do Tribunal de Justiça e das primeiras pautas. A partir do dia 21 a engenhoca vai rodar e da cana só restará bagaço ao final. Na mesma nota a denúncia contra o deputado Euclides Maciel – Termópilas – e mais à frente o julgamento dos recursos contra Neodi Oliveira, Maurão de Carvalho, Marcos Donadon e Kaká Mendonça, ou seja, tudo aquilo que passou pela boca da moenda está sendo repassado mais uma vez. A vida é doce para quem é esperto, mas assim como a rapadura não é moleza não. E quando a moenda gira, o garapeiro não escolhe tipo, tamanho ou calibre. Qualquer cana com ou sem nome bonito serve. O importante é o caldo.

VIII-Olha o golpe do jantar...

Do Michaelis a mais perfeita tradução de coonestar: “Fazer que pareça honesto e conforme à honra e à virtude”. O PT organiza um jantar amanhã para fazer a vaquinha que será imolada em prol das multas dos mensaleiros petistas condenados pelo STF. Será o primeiro evento do PT de uma série que se anuncia por todo país. Hummm... Além disso o grupo vai entregar uma carta à OEA criticando o julgamento do mensalão pelo STF. Para lembrar, as multas de Genoino, João Paulo Cunha e do Zé Dirceu juntas passam de R$ 1,5 milhão. Desculpem-me meus amigos petistas, mas olhando a tal lambança em oito anos de governo, é um risco se indicar um petista para um cargo público. Com essa fé cega, vai que em vez de comprar o convite do jantar o PT opte por rachar a multa com verba pública, o que é bem provável...    

IX-Oxigênio para o gás

Como o Brasil não é dado a essa coisa meio gringa de planejar para longo prazo, chuva em excesso ou seca, alteram substancialmente os projetos da matriz energética nacional como agora por exemplo e isso me atiça de novo com relação ao gasoduto Urucu/Porto Velho. A chefona da Petrobrás já avisou que nãovai faltar gás mesmo com todas as termoelétricas a full e tal e coisa e aí Tico e Teco pararam a correria para avisar que está na hora da bancada de Rondônia cutucar a construção do gasoduto. Uma obra dessas é uma baba de orçamento  e é capaz de já na saída deixar uns trocos como pedágio para pagar parte “daquela” multa que alguns ilustres brasileiros terão que pagar pelo erro absurdo e incomensurável do STF.

X-Papo com Zé de Nana

X1-O prefeito Nazif disse que está muito satisfeito com seu irmão. E isso é só o começo.

X2-Será que é isso mesmo? O prefeito Nazif pretende fazer uma plástica na Emdur?

X2-Emerson Castro deveria lançar um livro: “Como reescrever sua história em 15 dias”.

leoladeia@hotmail.com