POLÍTICA & MURUPI 17/07

POLÍTICA & MURUPI

FRASE DO DIA

"Ele está ficando cada vez mais só. Licenciar-se é uma idéia mais próxima do que antes”- Senador Cristóvam Buarque após conversa com Renan Calheiros.

Pauta política de 01 a 10

01-A vaia do Rio:

O Rio de Janeiro não é uma província. Mais: sua população convive com a barbárie do crime organizado, revoltada com a ausência do estado e refém de bandidos e da polícia corrupta. Dizer então que a vaia que Lula ouviu seis vezes, seria orquestração é tapar ouvidos ao som, dar crédito excessivo ao maestro inexistente e subestimar medianas inteligências. Outro dado: fora o valor gasto na estruturação do evento, chama a atenção o aparato de guerra feito apenas para o Pam. A vaia foi a voz rouca das ruas, levando um pedido de socorro para o dia a dia da cidade e não apenas para o Pam. Sem essa de orquestra. Lula, magoado, deveria ter seguido o conselho da Marta Suplicy. Afinal a vaia foi e é legítima e democrática.

02-Um passo atrás ou um escorregão?

Renan deve ter sido convencido por alguém a recuar, pois abdicou da prerrogativa de despachar o expediente que trata do seu processo. Meio termo para não se licenciar do cargo e passar as ações ao primeiro vice-presidente Tião Viana, um seu aliado. Na seqüência do passo atrás, ou do escorregão – só saberemos depois - Renan afirmou que não vai bater às portas do STF, para questionar procedimentos da Mesa ou do Conselho de Ética. Para quem se agarrava como uma craca à cadeira é um indício de que entre anéis e dedos, Renan optou pelos dedos e e pelo seu mandato. Cabe agora a Tião Viana dar a seqüência normal ou afundar junto com ele. 

03-Saiu uma parcial da segurança do Pan:

Operações conjuntas da Polícia Rodoviária e PF prenderam 165 pessoas, 55 armas e quase 10 mil munições nos primeiros 15 dias de julho no Rio. As ações fazem parte do esquema de segurança montado para Pan. Os números são parciais. Só numa única operação no dia 5 de julho, os federais apreenderam 68 granadas, duas metralhadoras, 16 pistolas, 7,8 mil balas de diversos calibres, 21 kg de cocaína, 23 kg de crack, 4.870 bolas de haxixe. No dia da abertura do Pan, oito fuzis e uma metralhadora antiaérea, capaz de derrubar helicópteros. Pergunta: onde estava a polícia antes? Convenhamos: a vaia saiu barato ou como diz o carioca, demorou.

04-Justiça fantástica:

O TJ de Rondônia recebeu ontem a denuncia do MP contra os oito ex-deputados das fitas gravadas por Cassol. Na primeira denúncia do MP estão os ex-deputados Carlão de Oliveira, João da Muleta, Amarildo de Almeida, Haroldo Santos, Daniel Néri, Ronilton Capixaba, Emílio Paulista e Ellen Ruth. Faz parte ainda da denúncia o irmão de Carlão de Oliveira, Moisés de Oliveira, todos denunciados por formação de quadrilha, corrupção passiva e concussão, que vem a ser a extorsão feita por agente público. Essa é a parte da história em fatias. O processo segue o rito, porém muito mais água vai passar por baixo da ponte. Quem sobreviver, verá.   

05-Na contramão do bom senso:

Com farta documentação, plantas, e obstinação pelo tema, o vereador Kruger entrou na justiça com um pedido de liminar numa ação popular, para barrar as obras do Rio Shopping. Kruger no seu arrazoado, deixou de contemplar as medidas compensatórias ajustadas entre a prefeitura e a empresa que propõe a construção do referido shopping e divulgadas ao público quando da concessão da licença para a construção. Para a cidade, carente desse tipo de empreendimento, o bom senso diz que tudo deve ser feito pelo ente público para a sua consecução. Que venham então não apenas um, mais os dois shoppings, com o apoio do ente público e nosso aplauso.

06-Dia “D”:

Hoje é a véspera do recesso do Senado e os olhos estão voltados para possíveis manobras protelatórias do grupo do Renan Calheiros. O DEM já avisou por seu líder, José Agripino, que se os documentos do Renan não forem entregues à PF para perícia, vai impedir a votação de qualquer matéria no Senado e fazem coro o PSDB, parte do PMDB e mais alguns senadores da base aliada. De qualquer forma, Renan conseguiu o seu intento que era rolar o caso até o recesso. Sem discursos e sem o confronto durante as férias, qualquer que seja o resultado da perícia terá um peso menor. Ao Planalto não interessa a queda, mas o sangramento do Renan.  

07- ACM sofre de malvadeza:

Bastante doente e há mais de 30 dias no Incor, o velho Toninho Malvadeza ainda age como um cacique político. ACM é médico apesar de nunca ter atuado como tal, o que lhe dá autoridade no Incor e sobre os que o atendem, para fazer o que mais e gosta – a política. Mesmo na cama, chamou para si a tarefa de reaproximação de Renan e Tasso Jereissati e de quebra aproveitou  o episódio da vaia de Lula para mostrar o seu lado de raposa matreira: “Há duas coisas que um político não deve fazer: ir a estádio de futebol e interromper banda de música para discursar”. Beber é com quem paga e conversar é com quem sabe. E ACM sabe das coisas.

08-No dia “D” e na hora “H”:

A estratégia oposicionista hoje é constranger os senadores da base aliada. O PSDB convocou seus 13 senadores para que compareçam ao Congresso, e marcaram uma reunião de bancada que vai começar antes do encontro da Mesa. O DEM vai mais longe: "A decisão ficará no colo do senador Tião Viana, que é inteiramente ligado ao Palácio do Planalto e ao presidente Lula. O senador Tião tem duas alternativas: ou pede vista por meia hora, uma hora no máximo, ou assume que ele e o presidente Lula estão a serviço do senador Renan", e acrescentou: "Se houver algum pedido de vista, para mim estará claríssimo que terá sido orientação do Palácio".

09-Como fazer amigos e influenciar pessoas:

Morto mas tentando reconstruir sua base de apoio, Renan Calheiros ofereceu ao senador Cristovam Buarque um gabinete melhor na Casa, que pertenceu ao Roriz. Matreiro, Cristóvam que é adversário histórico de Roriz recusou a oferta: “Não que eu acredite em macumba, mas eu disse que não queria. Ia parecer que eu estava querendo me aproveitar da situação" e pediu uma conversa com Renan. O papo foi sábado na casa dum Renan solícito e detalhes da conversa foram revelados depois pelo Cristóvam. Renan é claro, ficou nos cascos.

10-Atirador de elite:

Diante da ameaça de obstruir os trabalhos no Senado se houver manobras protelatórias, o cão de guarda Wellington Salgado rosnou: “Se for para trabalhar nas comissões de manhã e à tarde só tomar cafezinho, vou dar um terço do meu salário para a sua entidade beneficente”, disse a Magno Malta que presidia a sessão. Heráclito retrucou na hora: “É compromisso assumido e o Conselho de Ética ficará de olho para saber se o senhor cumprirá a palavra” Com o dedo no gatilho, José Nery do Psol, cochichou: “Se preciso, eu mesmo faço a representação contra ele”.

leoladeia@hotmail.com