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Gente de Opinião

Leo Ladeia

POLÍTICA & MURUPI 20/10/08


 
 
Frase do dia: 

“Eu ainda vou criar o dia da hipocrisia neste país". – Presidente Lula, no palanque, defendendo a Marta Suplicy.

 
01- Tanta coisa a fazer e o Senado ó...

Faltou matéria é batata! Dou uma passada no site do Congresso onde elas sobram. A nossa cidadã Constituição já foi emendada 62 vezes e 1500 outras emendas caminham por lá. Dá para sentir que tem coisa séria para ser resolvida mas nossos “ínclitos”- adoro essa palavrinha – senadores e deputados se superam a cada dia buscando cabelo em sapo e chifre em cavalo. Rondônia, é claro, não poderia se furtar a esse esforço para enriquecer o Febeacon - Festival de Besteira que Assola o Congresso (Sorry Stanislaw). É da lavra do Senador Expedito um projeto de lei ampliando de 90 dias para 2 anos o prazo para que um ganhador retire o seu prêmio de loteria. Ora, ora senador, desculpe-me mas, joga quem quer e com as regras do cassino oficial. E “tamos conversados”. 

 
02- Matando o cão de guarda

De cada dez processos julgados pelo TCU, quatro são irregulares, diz o relatório do 2º trimestre do ano. De 890 vistos, 377 geraram condenações, multas e ou ressarcimento de débito para 583 “malinos” que vão pagar de R$ 235 milhões. R$ 5,2 bilhões deixaram de ir para o ralo e só na área de energia foram R$ 3,7 bilhões. Nos cargos acumulados de forma ilegal no Rio de Janeiro a economia será de R$ 124 milhões. No Maranhão os “malinos” do TJ vão devolver R$ 90 milhões pagos de forma irregular. Só para lembrar: o TCU está na mira da baladeira do Congresso, o relatório está disponível no site para quem quiser ver e o Congresso está no aguardo de uma renovação em 2010. Pelo voto. 

 
03- Escancarando a porteira

O ministro Jobim, disse que o Brasil vai produzir VANTs, - aviões não-tripulados - falou da integração polícia e órgãos fiscalizadores e descartou a presença de efetivo militar nas regiões de fronteira, pois a tarefa que não compete às Forças Armadas. “Essa é função da PF e Receita, mas claro que, no momento em que eles organizarem qualquer tipo de ação, estaremos disponíveis para fazermos assessoria e o apoio com tropas, que poderão se deslocar para cá rapidamente”. Sobre um nosso “hermano” disse: “A relação com o Paraguai é positiva. O Brasil está fazendo reformas nos blindados Urutus e Cascavéis no Batalhão de Dourados, a custo zero para o Paraguai, o que mostra a integração que temos”. Aí eu digo vixi! Se os caras “se acham”, com o Exército bem ali na cara, imagine quando tiver só o avião espião e os carinhas de blindados reformados. 

 
04- Porteira arrombada

Estamos próximos da fronteira e por mais que eu queira, não consigo entender a lógica Jobiniana. O grosso do efetivo militar está no sul do país, onde não temos problemas de fronteiras e formado pelo recrutamento temporário, enquanto o nosso maior problema fronteiriço – segundo o Exército – é a Amazônia. Outro problema é o sucateamento da nossa força bélica. Não sou expert no assunto, mas não sou cego. O país carece de um plano estratégico de defesa e não de soluções pontuais. Enquanto descobrimos cada vez mais petróleo, mais desmatamos, mais expomos a Amazônia ao mundo e mais nos dobramos aos vizinhos. Bolívia, Paraguai e até o Equador. “Si vis pacem, para bellum”.

 
05- Sem porteira, sem cerca, sem nada

A ONU “divulgou relatório que indica aumento na produção de coca na Bolívia pelo 5º ano consecutivo”, diz o Itamaraty em outro relatório sobre as relações Brasil e Bolívia. A Bolívia, grande fornecedora da droga que entra livre pelo Norte, abastece Rio, S.Paulo e segue para outros países, de há muito, recusava compartilhar informações com o Brasil e órgãos anti-drogas, mas “tem buscado reforçar sua imagem de país comprometido com a luta contra o narcotráfico com o programa “Cocaína Cero”, ainda que mantenha sua política da valorização da folha de coca como expressão do patrimônio cultural”. E Jobim querendo VANTs e a Força Armada, mesmo sucateada, longe da fronteira. Ai, ai.

 
06- Infância perdida

A Associação Brasileira de Psiquiatria em parceria com o Ibope, fez uma pesquisa nacional sobre a saúde mental da nossas crianças. 12,6% das mães relataram ter um filho com sintomas de transtorno mental necessitando de tratamento. O número equivale a cerca de 5 milhões de crianças e aí entra a dura realidade: No pais existem apenas 264 unidades para atendimento público em saúde mental de crianças e adolescentes. A demanda é de 19 mil/ano para cada unidade mas, a capacidade é para 240 pacientes. Mais de 1 milhão de jovens têm envolvimento com álcool e drogas que tomam conta do Brasil e encontram dificuldades ainda maiores para o tratamento. Falta dinheiro, gestão ou política pública? Sem mergulhar no assunto, arrisco um palpite: faltam as três coisas

 
07- Tropeços públicos

É claro que uma coisa nada tem a ver com a outra. Em poucos dias o deputado Miguel Sena saiu da construção de uma vitória em Guajará Mirim para uma denúncia contra um órgão de classe – o Sinduscon – levou uma nota oficial em resposta, com o pedido para que apresente provas e aparece no noticiário do site www.rondoniajuridico.com.br como denunciado em ação civil de improbidade administrativa, proposta pelo MP. A denúncia é datada de 25 de setembro, já decorridos portanto 24 dias entre o fato e a veiculação, o que me leva a acreditar que o deputado apenas está numa daquelas quadras comuns a qualquer mortal. Vai tudo bem e de repente, pimba. Deve ser isso. Só isso, creio eu.  

 
08- No mundo da agiotagem

Um levantamento inédito mostra que 80 grandes empresas do país com ações na Bolsa conseguem mais que a metade do seu lucro em operações financeiras, não ligadas à sua atividade principal. Segundo a consultoria Economática, 35 dessas empresas chegam a ter resultado financeiro superior ao lucro líquido. Traduzindo, a área financeira era o motor do lucro em lugar da venda e produção. Tudo ia bem até a “vorta da cabôca Jurema”. Com a crise econômica global e a disparada do dólar, analistas alertam que a especulação dessas empresas pode provocar perdas para os seus acionistas. “O que dá pra rir, dá pra chorar”, diz o samba, ou “é aqui que a jiripoca pia”, diz o Zé de Nana. 

 
09- Passando o mico

A Sadia, que perdeu R$ 760 milhões em operações especulativas, busca junto aos seus fornecedores um desconto de 10% nos preços até dezembro e já adiou investimentos previstos para o próximo ano. Por outro lado, pretende ir à Justiça contra as instituições financeiras com as quais a empresa realizou operações que provocaram as perdas, diz Luiz Fernando Furlan, montado na onça braba. “Temos indícios de que alguns grandes bancos internacionais induziram a empresa a realizar essas operações e vamos ver se há brechas para que possamos entrar com ações judiciais contra eles”, sem dar nomes aos bois. “Eles (os nomes) estão aí nos jornais”. Cá pra nós, isso parece o mesmo que ir à delegacia de polícia queixar-se de que a aposta feita no jogo de bicho não foi paga. 

 
10- O mórbido poder da mídia
Desculpem-me pelo assunto, mas não resisto. Eloá morreu, os órgãos foram doados e mais uma vez, as câmaras ali. Durante a semana, ainda teremos os programas da tarde esmiuçando o fato, retirando a última gota de sangue ou mostrando o último desvão da degradação humana. Especialistas em alguma coisa darão entrevistas e o apresentador dirá que a imprensa fez e faz o seu papel. Questionável. Pouco se falou sobre o fato até pelo tácito corporativismo, mas a busca pelo Ibope extrapolou e pode ter dado asas à imaginação do conturbado seqüestrador, que chegou a afirmar que era “o príncipe do gueto”. À imprensa cabe buscar e repassar a notícia. O “furo”, sonho de todo repórter, é fruto do binômio oportunidade e rapidez. O Ibope é um outro binômio: informar e entreter
 
Fonte: Léo Ladeia 
 

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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