Quinta-feira, 26 de julho de 2007 - 18h19
POLÍTICA & MURUPI
FRASE DO DIA
"Porque minha mulher achou que eu devia aceitar" Nelson Jobim sobre a razão de ter aceitado o convite para ser Ministro da Defesa, depois das recusas anteriores.
Pauta política de 01 a 10
01-Troca de comando:
Nada de novo no front, mas na defesa, quanta diferença. Sai Waldir Pires, entra Jobim. Boa troca. O novo ministro da Defesa é do PMDB, na cota de Lula, vem do STF, gosta de desafios e chega com o aval da oposição. Tem trânsito e mobilidade que faltavam ao Pires. Conhece de aviação tanto eu de fissão nuclear, mas a crise aérea, além de técnica, é política e Jobim entra falando grosso e impondo seu jeito: "Falta comando. Quem manda é o ministro". Sobre suas chances de sucesso, depende muito mais de Lula que dele próprio. Jobim sabe que assumiu um contrato de risco. É aguardar e torcer por ele. Vai que dá certo.
02-Hora do recreio:
Milton Zuanazzi, o pândego da Anac e o presidente Zé Carlos Pereira da Infraero, estão no telhado. O sociólogo aguarda que Lula dê a ordem para que ele pule. Quanto ao Pereira esse vai ser empurrado. Fim do filme Os Três Patetas. Troca o rolo e qual será o novo filme? Pelo jeito como está sendo tratado por todos, é possível que seja o Chapolim Colorado, com Nelson Jobim no papel principal. Pensei na "Pantera Cor de Rosa", mas é mudo e não casa com o humor de Jobim. Mas "Apertem os cinto,o piloto sumiu" vai continuar em cartaz . Casa cheia e sessões ininterruptas, e devido à grande procura, ficará em exibição por muito tempo.
03-Afinal, quem manda em quem?
A logística para a escolha do cargo de ministro da Defesa envolveu uma cadeia de comando e a palavra final foi da esposa do Nelson Jobim. Lula o convidou por duas vezes e recebeu a negativa da esposa. Entra em cena o deputado Sigmarina Seixas para convencê-la e fazer a ponte entre ela e Lula. Só então Lula voltou a carga e conseguiu o sim salvador. Na posse Jobim disse que quem manda é o ministro. Como a esposa manda no ministro, pode-se dizer que o governo tem agora duas mulheres fortes no comando: Dilma e Adrienne. Briga boa.
04-Enfrentando a turbulência:
Apesar dos gracejos, dispensáveis e inoportunos num momento de dor, Lula parece ter conseguido a receita do bolo para a crise aérea. Ao assumir de público que a crise existe, abriu a porta para a solução. Lula falou de repensar o Ministério da Defesa, que está "aquém da exigência da sociedade", da Hidra de Lema que é o setor, com suas várias cabeças, e da liberação de dinheiro para "fazer o que precisa ser feito". Se faltam conhecimentos específicos ao novo ministro, sobram apoios e sua característica pessoal de aprofundamento naquilo que lhe compete. A OAB que o conhece bem, disse que sob sua administração não haverá tédio.
05-Para não esquecer do Renan:
Técnicos do Conselho de Ética do Senado foram a Alagoas e constataram o que já se sabia: duas empresas que compraram o gado do Renan não existem. Aí, o relator falou em quebrar o sigilo das fantasmas. Foi o suficiente para que o pai da Maria do Calvário saísse das trevas pedindo que elas fossem investigadas. É claro que os clientes que compraram gado do Renan estão colaborando com a investigação, mesmo que até agora somente um tenha aparecido para confirmar a compra. O nome é Olavo Calheiros e incrível: irmão do Renan. Coincidência.
06-Para não esquecer o Renan:
Olavo Calheiros, irmão do Renan, agrônomo, é um homem de sorte. Entrou para a política em 1998 com um patrimônio de R$ 51 mil e mesmo sem poder se dedicar aos negócios por força do mandato, na eleição seguinte de 2002, já possuia R$ 1.989 milhões, que não pararam de crescer até atingir em 2006, a inimaginável soma de R$ 3.955 milhões. Um salto de 7.635% em apenas oito anos. E, se você imagina que os negócios de Olavinho são de tecnologia de ponta, errou feio. Ponta mesmo, só os chifres de boi, além de uma fábrica de tubaína quase falida e vendida para a Schincariol. Pura sorte. E vá ter sorte assim na..., quase que saiu.
07-A crise sob a ótica do vencido:
Antes de dar posse a Jobim, Lula esteve com Waldir e ouviu dele uma teoria que cabe num pires: "Presidente, há uma sanha para atingi-lo. Novamente se movem para atingir o senhor e seu governo. E desta vez me usam para este fim". Enquanto Lula dava posse a Jobim, o TCU foi mais prático, e longe da paranóia conspiratória decidiu fazer uma devassa no Ministério da Defesa, Comando da Aeronáutica, Conselho Nacional de Aviação Civil, Anac, Departamento de Controle do Espaço Aéreo e Infraero. Suspeita-se que o governo tenha cedido aos interesses das empresas, em detrimento da segurança dos pousos e decolagens.
08-O DNA do mensalão:
A PF informou ao procurador da República, Dr. Antonio, que recursos de origem pública e privada, não declarados à Justiça Eleitoral, foram usados na campanha de Eduardo Azeredo em 1998, para governador de Minas Gerais. É o "mensalão mineiro", a engenharia financeira montada por Marcos Valério e o tesoureiro da campanha tucana, Cláudio Mourão. Os federais do caso acreditam que há fatos para o procurador-geral denunciar Azeredo. Para quem duvidava está tudo aí. Quem inventou o mensalão foi sim o PSDB. No rolo de R$8,5 milhões estão Queiroz Galvão, ARG, Tercam, Erkal, Egesa, Comig, Copasa, Bemge e Cemig.
09-O novo "bode de bicheira":
O obsceno aspone Marco Aurélio Garcia chegou após o início da cerimônia de posse do já ministro Nelson Jobim e tão logo acabou, saiu discretamente, sem um gesto sequer. Nem o conhecido "top, top". Procurava consolo de alguém para seu desalento, mas como é comum nesses casos, todos ficam longe e nem olham para que ele não se aproxime. Marco Aurélio anda magoado com alguns políticos e tem se queixado aos amigos que esperava uma palavra de solidariedade de Aloizio Mercadante, que não lhe fez nem um gesto. Nem o tal "top,top".
10-Trocando seis por três ou dois:
Com a crise aérea e a cobertura maciça da imprensa, um problema de segurança está sendo posto de lado. Estão vendendo a estrada como solução para viagens contrapondo e criando a ilusão de que o avião é um meio de transporte falido e inseguro. Nada mais mentiroso, falso, e irresponsável. Quem se dispuser a comparar as estatísticas verá que o número de mortes nas estradas supera em muito as ocorridas em acidentes aéreos em qualquer parte do mundo e aqui no Brasil em particular. As mais que justas indignação e exigência por segurança aérea, não podem ser substituídas pela burrice.
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