POLÍTICA & MURUPI 30/04/09

Frase do dia:

“Não vou transformar meu tratamento em espetáculo” - My way by Dilma Roussef.

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01-Mão e contramão
Certas horas as ações políticas são tão conflitantes que dá um nó na cabeça. Mariana Carvalho quer uma tabela com os horários de ônibus e um disque denúncia para o atraso. Jean Carlos e Expedito querem o mototáxi. O prefeito e Cláudio Carvalho, não. Os mototaxistas querem o apoio do Detran e o povo quer um transporte coletivo digno. A tabela pode ser feita, mas o que funciona é a fiscalização. O 0800 já existe. O serviço de mototaxi depende de legislação específica federal que não existe. Como não existe, é o caso de por a fiscalização na rua e acabar o serviço clandestino. Quanto ao povo, para ter um serviço coletivo digno, basta organizar a lista de irregularidades, a pauta de reivindicações, buscar o apoio dos Vereadores e exigir ações do Ministério Público.

  
02-Tá rendendo
Nem bem a poeira começou a baixar depois do bate boca dos togados e entrou areia. O empresário Eduardo Bottura, velho conhecido da justiça, entrou com representação no Conselho Nacional de Justiça pedindo o afastamento por 30 dias, do ministro Joaquim Barbosa. Bottura é figura carimbada em Anaurilândia, cidade com 8 mil habitantes no interior de Mato Grosso do Sul e usuário freqüente do fórum diz: “Isso não envolve apenas dois ministros, mas a imagem do país perante o mundo. Tem que se investigar se tem capanga. Se tem, o ministro Gilmar Mendes deve ser punido, se não, o punido deve ser Joaquim. Na minha opinião, um dos dois tem que sair do Supremo”. Representação natimorta. Não prospera mas dá uma baita dor de cabeça.   

   
03-P’ra baixo do tapete
O corregedor da Câmara, deputado ACM Neto, deu a entender que os casos antigos de uso irregular de passagens não serão investigados, a menos que seja provocado pelo presidente Michel Temer. Por outro lado, Temer não pretende ingressar com representações contra deputados que fizeram má utilização da cota. O presidente da Câmara disse que vai solicitar pareceres jurídicos sobre cada caso, mas afirmou que as regras passadas da Casa permitiam o uso de bilhetes aéreos por familiares dos parlamentares e sem restrições para viagens internacionais. "Os casos pretéritos se regem com normas diversas. Vamos pedir pareceres para decidir o que fazer com o passado. Não posso definir o que é crime ou não. Nunca houve farra de passagens, o sistema anterior autorizava o crédito", disse Temer. Ou seja, vai ficar tudo beleza pura.

04-Novas regras para passagens
O Temer queria uma coisa e saiu outra. Igual mas, bem diferente. A passagem aérea que era do deputado deixa de existir e em seu lugar entra a “verba de transporte aéreo dos deputados”. O valor corresponde a 4 passagens aéreas de ida e volta ao estado de origem do parlamentar, sem a obrigatoriedade para que a viagem seja apenas para seu estado. A redução básica é de 20% na cota do deputado. As verbas não utilizadas num exercício não serão mais acumuladas no ano seguinte e 90 dias após os gastos serem concretizados, serão disponibilizados via internet. Cai a cota extra de passagens - era 25% - para os líderes e membros da Mesa. As novas regras nada falam da milhagem o que nos leva a crer que pertencem ao usuário, no caso o deputado, que a usará como lhe aprouver. Viu como se faz tudo igual mas de forma diferente? Haja criatividade...

 
05-Na Câmara dos Deputados, a democracia relativa
Michel Temer conhece sua “tchurma”, conhece aquela coisa amorfa chamada de “baixo clero”, está antenado com a sociedade e ouviu a “voz rouca das ruas”. O baixo clero já marcou um golaço ao emplacar Severino Cavalcante – a sua mais completa tradução – como presidente da Casa. Temer conhece de perto os alicerces da nossa democracia e o peso que podem suportar. Não por acaso a sua decisão de mexer na casa de caba das viagens aéreas foi feita em “petit comité”. Mas a plebe rude não poderia ficar sem o troco e Temer cedeu as milhagens. Como a mais cara viagem internacional é da ordem de 50 mil milhas, as ferias em Miami estão garantidas. Era isso ou democráticamente o baixo clero deixava tudo com dantes no Quartel d’Abrantes. Como diz Zé Carlos, ô raça

 
06-Santo Antonio a galope
O consórcio que constrói a usina de Santo Antônio entrou com um novo pedido na Aneel para antecipar a entrada em operação da hidrelétrica. O presidente da Saesa, Roberto Simões, diz que o objetivo é começar a gerar energia a partir de dezembro de 2011, um ano antes do prazo original estabelecido no leilão. A Odebrecht, principal sócia do projeto e que constrói a usina, está tentando mobilizar o governo e empresas de transmissão para que também o linhão esteja pronto a tempo. Esse é o segundo pedido de antecipação do cronograma da obra, que já tinha permissão para entrar em operação em maio de 2012 e, se aceito vai colocar no sistema interligado nacional uma potência instalada de cerca de 71,5 MW em dezembro de 2011 e, mensalmente duas novas unidades de 71,5 MW entram em operação. O santo casamenteiro não quer mais saber de velas. O negócio é eletricidade. Tá todo moderninho o velho santo.

07-Jirau na retranca
Danou-se de vez. Enquanto Santo Antonio segue a todo vapor, Jirau enfrenta um novo petardo. Cassol disse que o Estado não vai permitir que a obra prossiga, já que parte dela ocupa área da reserva estadual Rio Vermelho e por isso dá essa prerrogativa ao governo estadual, vez que a Enersus não quer falar sobre compensações. A Enersus trabalha com o tempo, já que a reserva somente será afetada lá pelos idos de 2012. Ontem, a Agência Nacional de Águas concedeu outorga de uso de recursos hídricos para Jirau, parte integrante junto com a licença de instalação para aprovação do projeto básico da obra. E aí que a briga fica sem sentido. A Enersus tem 120 dias para apresentar o projeto básico da eclusa e o programa de monitoramento sobre vazão, níveis e qualidade da água e sedimentos, mais um ano para detalhar o efeito do assoreamento, pelo acúmulo de areia e argila no fundo do lago e mais um ano para estudos sobre o remanso. Berro dum lado, barriga do outro e a obra não vai parar.

  
      
08-Sisqueceram
Semana passada foi a Sedam que levou um bacu. Hoje pintou a notícia de que o MPE fez uma denúncia contra o Diretor Geral do Detran, a Diretora de Operações e o Chefe do Gabinete Militar do Governo do Estado. 45 veículos oficiais do Estado trafegam com placas particulares sob a justificativa de que todos servem à segurança pessoal do governador Cassol e seus familiares. Cá pra nós, por maior que seja a família do governador, a frota é mesmo muito grande senhor promotor. “Não há como confundir o trabalho de segurança pessoal do Governador do Estado com o serviço policial. São coisas inteiramente distintas. O serviço policial propriamente dito só pode ser aquele desempenhado pelos órgãos a que se refere o artigo 144 da Constituição Federal, entre os quais não se inclui o Gabinete Militar da Governadoria", disse o promotor Alzir Marques. Descuido, descaso ou sisqueceram que existe uma lei a ser cumprida? 

09-Baianada
Tudo bem. Sabe-se que o governo tem uma olhar assim entre o cândido e o carinhoso com os sem terra. Debaixo da lona preta nunca falta a cesta básica e nas ONGs que dão apoio ao movimento nunca falta o dinherin. É sagrado. Mas a coisa agora foi além. O governo baiano pagou R$ 161,3 mil em aluguel de ônibus para transportar de volta ao interior do estado membros do MST que tinham ocupado a Secretaria de Agricultura e Reforma Agrária da Bahia, durante o "abril vermelho". 39 veículos foram locados com dispensa de licitação, segundo o Diário Oficial do estado. A coordenadora estadual do MST, Vera Lúcia Barbosa, disse não ver problemas no fato de um governo estadual pagar as despesas de transporte de um grupo de pessoas que ocupou instalações de um prédio do próprio governo, que a prática é mais frequente do que parece, e que não haveria motivo para tanto "alarde". Na sepultura de ACM, um terremoto revela sua ira.

10-Deletando o passado
Na Câmara dos Deputados uma borracha no que foi feito até hoje de maracutaia com passagens aéreas. Em Roraima, borracha nos arrozeiros.  No Supremo, a borracha na discussão dos togados. No Senado a borracha era na dívida dos pequenos – até R$ 10 mil – mas, a borracha pegou outra parte e apagou a dos grandes. Borracha também no ínclito Protógenes, apesar da tinta teimar em não sair. No Senado tentam a borrachada ampla, geral e irrestrita em décadas de administração – perdão Taylor, Fayol e Drucker – desastrada. Com tanta coisa sendo apagada, o “Pais do futuro” vai acabar virando o país sem passado. Ou melhor dizendo, passado a limpo. Fecha a conta, passa a régua e o último a sair apague a luz por favor, pois lá atrás não ficou nada.  

Léo Ladeia / www.gentedeopiniao.com.br / www.opiniaotv.com.br
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