Quinta-feira, 26 de dezembro de 2024 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Liliane Melo

Afinal, que diferença a alimentação faz no autismo? Por Liliane Melo


 Afinal, que diferença a alimentação faz no autismo? Por Liliane Melo - Gente de Opinião

“A alimentação para autismo deve ser isenta de caseína, glúten e soja”. Qual pai e mãe de criança com autismo já não ouviu essa afirmação? Acho que grande parte, pelo menos dos que buscam estudar sobre o assunto. Essa dieta sempre foi justificada por promover alterações cerebrais que diminuem a euforia e a agressividade dos autistas, melhora a concentração, sendo uma ótima forma de complementar o tratamento do autismo infantil e adulto.

Vejam bem, vou me basear em experiências de outras pessoas (já que não passo por isso, pois o autismo do meu filho é leve – a não ser no caso da restrição alimentar, já que ele é extremamente seletivo) e em pesquisas que realizo constantemente. Pois bem, na tentativa de minimizar crises epilépticas, pouca interação social, ações repetitivas, dificuldade de comunicação, agressividade e tantas outras situações muitos pais apelam para a dieta isenta de caseína, glúten e soja.

Estabelecer com precisão as causas do autismo ainda desafia a medicina. O tratamento convencional do autismo baseia-se na combinação de três pilares: terapia comportamental, farmacoterapia e adaptação adequada da dieta, de modo que possa contribuir a aliviar a gravidade da doença, que inclui os sintomas psicológicos, comportamentais e gastrintestinais.

Ademais, a atividade física e os cuidados nutricionais são elementos de grande valia para a prevenção da obesidade, bem como maior independência funcional, participação social e qualidade de vida de pessoas com autismo.Afinal, que diferença a alimentação faz no autismo? Por Liliane Melo - Gente de Opinião

A Revista Crescer (publicação on-line atualizada em 6 de junho deste ano), diz que uma recente revisão de estudos, publicada no jornal científico Pediatrics, contraria essa ideia sobre a dieta. Revela que os pesquisadores analisaram uma série de trabalhos anteriores sobre o tema e concluíram que ainda não há evidência científica suficiente para confirmar a eficácia das dietas ou do uso de suplementos, ou seja, essas medidas não seriam capazes de alterar o comportamento das crianças com autismo.

Diante desta possibilidade, a Revista Crescer entrevistou o biólogo molecular brasileiro Alysson Muotri, que estuda o autismo e é neurocientista da Universidade da Califórnia (EUA). Veja na íntegra o que ele diz: Autistas, em geral, possuem uma dieta restrita. São difíceis de se alimentar porque as sensações (gosto, textura etc.) não são necessariamente as mesmas de um neurotípico [indivíduo que não apresenta distúrbios psíquicos significativos]. Isso faz parte do quadro sensorial alterado por neurotransmissores durante a gestação. Essa observação faz com que se tente suplementos alimentares na expectativa de suprir as vitaminas essenciais que possam estar faltando por conta da má-alimentação. No caso da dieta sem glúten e caseína, é mais difícil de se determinar exatamente o motivo dessa adoção. Acredito que deva ter sido originado pelo fato dessa dieta ter melhorado o comportamento de alguns autistas celíacos ou com epilepsia (no passado, usava-se esse tipo de dieta para controle de epilepsias) e isso foi se generalizando com o tempo. Hoje, sabemos que a melhora comportamental em autistas celíacos ou epilépticos se deve ao controle da comorbidade [quando há dois diagnósticos associados] e não à dieta. Outras explicações foram surgindo para justificar essas dietas, como uma redução de inflamações, alergias ou controle da microbiota intestinal, nenhuma com relação causal com o autismo. Além disso, temos uma forte influência da indústria da dieta e suplementos nas famílias.

De acordo com publicação na Revista Online Pharmacia Essentia, de uma pesquisa coordenada por Antonio Hardan, da Universidade de Stanfor, na Califórnia (EUA), revela que o uso oral de N-acetilcisteína (NAC) reduz o comportamento repetitivo. Além disso, o aminoácido diminui a irritabilidade, sintoma frequente nessas crianças e que muitas vezes necessitam do tratamento com medicamentos.

Outros fatores positivos em pessoas com autismo são a utilização da vitamina B12 (metilcobalamina), ácido folínico (uma forma da vitamina B9) e vitamina D3 (colecalciferol).

Então vamos tentar ajudar com algumas dicas: a vitamina B 12 só pode ser encontrada naturalmente em produtos de origem animal, no entanto, formas sintéticas estão disponíveis para serem adicionadas aos alimentos, como os cereais; o ácido folínico pode ser encontrado naturalmente em alimentos como lentilha, semente de girassol e de linhaça, amêndoas, amendoim, nozes, feijão-preto, quiabo, brócolis e espinafre cozidos, rúcula, fígado, abacate, hortelã, dentre outros; e a vitamina D3 pode ser encontrada no óleo de fígado de bacalhau, ovo (gema), ostras, atum, sardinha, bife de fígado e suco de laranja.

Gente de Opinião

Espero ter podido ajudar com essas informações, ou mesmo tirar dúvidas. Se você leitor (a) tem uma história de superação e luta em relação ao TEA também pode dar a sua contribuição nesta coluna, que tem por único objetivo partilhar experiências e desfazer rótulos, fazendo com que as pessoas entendam o autismo! Na realidade nascemos para sermos incríveis, não perfeitos! 

Caso queira enviar sugestões pode entrar em contato comigo através do e-mail:  lilianejornalista@gmail.com - até o  próximo!

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

Gente de OpiniãoQuinta-feira, 26 de dezembro de 2024 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Evento IncluTEA começa neste fim de semana no Porto Velho Shopping

Evento IncluTEA começa neste fim de semana no Porto Velho Shopping

Nos dias 30 e 31 de março, em alusão ao Dia Mundial da Conscientização do Autismo que é celebrado no dia 2 de abril, o Porto Velho Shopping, será p

Dia Mundial de Conscientização do Autismo é celebrado com eventos de sensibilização e esclarecimentos

Dia Mundial de Conscientização do Autismo é celebrado com eventos de sensibilização e esclarecimentos

Em alusão ao Dia 2 de Abril, data em que se celebra o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, uma intensa programação está sendo realizada por di

Atividades Alusivas ao Dia Mundial de Conscientização do Autismo iniciam nesta sexta

Atividades Alusivas ao Dia Mundial de Conscientização do Autismo iniciam nesta sexta

No dia 2 de abril, sábado, será comemorado o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. Mas dando início às atividades alusivas à data, o Centro Mul

Movidos pelo Amor ao Autismo retoma atividades presenciais de atendimento a autistas

Movidos pelo Amor ao Autismo retoma atividades presenciais de atendimento a autistas

Após quase dois anos funcionando com atendimentos online, o Centro Multidisciplinar Movidos pelo Amor ao Autismo (CMMAA ) retoma gradativamente, seu

Gente de Opinião Quinta-feira, 26 de dezembro de 2024 | Porto Velho (RO)