Sexta-feira, 21 de julho de 2017 - 22h07
“A alimentação para autismo deve ser isenta de caseína, glúten e soja”. Qual pai e mãe de criança com autismo já não ouviu essa afirmação? Acho que grande parte, pelo menos dos que buscam estudar sobre o assunto. Essa dieta sempre foi justificada por promover alterações cerebrais que diminuem a euforia e a agressividade dos autistas, melhora a concentração, sendo uma ótima forma de complementar o tratamento do autismo infantil e adulto.
Vejam bem, vou me basear em experiências de outras pessoas (já que não passo por isso, pois o autismo do meu filho é leve – a não ser no caso da restrição alimentar, já que ele é extremamente seletivo) e em pesquisas que realizo constantemente. Pois bem, na tentativa de minimizar crises epilépticas, pouca interação social, ações repetitivas, dificuldade de comunicação, agressividade e tantas outras situações muitos pais apelam para a dieta isenta de caseína, glúten e soja.
Estabelecer com precisão as causas do autismo ainda desafia a medicina. O tratamento convencional do autismo baseia-se na combinação de três pilares: terapia comportamental, farmacoterapia e adaptação adequada da dieta, de modo que possa contribuir a aliviar a gravidade da doença, que inclui os sintomas psicológicos, comportamentais e gastrintestinais.
Ademais, a atividade física e os cuidados nutricionais são elementos de grande valia para a prevenção da obesidade, bem como maior independência funcional, participação social e qualidade de vida de pessoas com autismo.
A Revista Crescer (publicação on-line atualizada em 6 de junho deste ano), diz que uma recente revisão de estudos, publicada no jornal científico Pediatrics, contraria essa ideia sobre a dieta. Revela que os pesquisadores analisaram uma série de trabalhos anteriores sobre o tema e concluíram que ainda não há evidência científica suficiente para confirmar a eficácia das dietas ou do uso de suplementos, ou seja, essas medidas não seriam capazes de alterar o comportamento das crianças com autismo.
Diante desta possibilidade, a Revista Crescer entrevistou o biólogo molecular brasileiro Alysson Muotri, que estuda o autismo e é neurocientista da Universidade da Califórnia (EUA). Veja na íntegra o que ele diz: Autistas, em geral, possuem uma dieta restrita. São difíceis de se alimentar porque as sensações (gosto, textura etc.) não são necessariamente as mesmas de um neurotípico [indivíduo que não apresenta distúrbios psíquicos significativos]. Isso faz parte do quadro sensorial alterado por neurotransmissores durante a gestação. Essa observação faz com que se tente suplementos alimentares na expectativa de suprir as vitaminas essenciais que possam estar faltando por conta da má-alimentação. No caso da dieta sem glúten e caseína, é mais difícil de se determinar exatamente o motivo dessa adoção. Acredito que deva ter sido originado pelo fato dessa dieta ter melhorado o comportamento de alguns autistas celíacos ou com epilepsia (no passado, usava-se esse tipo de dieta para controle de epilepsias) e isso foi se generalizando com o tempo. Hoje, sabemos que a melhora comportamental em autistas celíacos ou epilépticos se deve ao controle da comorbidade [quando há dois diagnósticos associados] e não à dieta. Outras explicações foram surgindo para justificar essas dietas, como uma redução de inflamações, alergias ou controle da microbiota intestinal, nenhuma com relação causal com o autismo. Além disso, temos uma forte influência da indústria da dieta e suplementos nas famílias.
De acordo com publicação na Revista Online Pharmacia Essentia, de uma pesquisa coordenada por Antonio Hardan, da Universidade de Stanfor, na Califórnia (EUA), revela que o uso oral de N-acetilcisteína (NAC) reduz o comportamento repetitivo. Além disso, o aminoácido diminui a irritabilidade, sintoma frequente nessas crianças e que muitas vezes necessitam do tratamento com medicamentos.
Outros fatores positivos em pessoas com autismo são a utilização da vitamina B12 (metilcobalamina), ácido folínico (uma forma da vitamina B9) e vitamina D3 (colecalciferol).
Então vamos tentar ajudar com algumas dicas: a vitamina B 12 só pode ser encontrada naturalmente em produtos de origem animal, no entanto, formas sintéticas estão disponíveis para serem adicionadas aos alimentos, como os cereais; o ácido folínico pode ser encontrado naturalmente em alimentos como lentilha, semente de girassol e de linhaça, amêndoas, amendoim, nozes, feijão-preto, quiabo, brócolis e espinafre cozidos, rúcula, fígado, abacate, hortelã, dentre outros; e a vitamina D3 pode ser encontrada no óleo de fígado de bacalhau, ovo (gema), ostras, atum, sardinha, bife de fígado e suco de laranja.
Espero ter podido ajudar com essas informações, ou mesmo tirar dúvidas. Se você leitor (a) tem uma história de superação e luta em relação ao TEA também pode dar a sua contribuição nesta coluna, que tem por único objetivo partilhar experiências e desfazer rótulos, fazendo com que as pessoas entendam o autismo! Na realidade nascemos para sermos incríveis, não perfeitos!
Caso queira enviar sugestões pode entrar em contato comigo através do e-mail: lilianejornalista@gmail.com - até o próximo!
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