Terça-feira, 14 de novembro de 2017 - 14h33
Ouvir um filho falar mamãe e papai, depois completar frases é uma das mais significativas expectativas dos pais no que tange seu desenvolvimento, tido como algo corriqueiro ou natural em nossa sociedade. Mas nem sempre é isso o que acontece! Aí você vê o filho de amigos e parentes da mesma idade falando e o seu nada! – frustrado você busca tratamento fonoaudiólogo e pergunta ao terapeuta: - Meu filho vai falar? Mas eis o ponto – o que é mais importante: a fala ou a comunicação? Então quero lhes apresentar a Apraxia de Fala.
Matheus com a fonoaudióloga Flávia Ribeiro fazendo exercícios: Matheus tentando fazer o movimento da terapeuta e como ela diz: "Não está perfeito, mas está parecido". |
A Apraxia de Fala na infância é um distúrbio motor da fala (neurológico), onde a criança não consegue planejar, programar e executar os movimentos da boca, necessários para falar.
A apraxia pode se manifestar de algumas formas, como desde a ausência total de fala (crianças que não falam), até formas rudimentares de fala, com um repertório muito reduzido de sons e de palavras, ou então, até uma fala não inteligível (a criança fala, mas muito errado, que até mesmo os pais, acabam não conseguindo entendê-la).
Segundo a fonoaudióloga Flávia Ribeiro de Porto Velho, a apraxia causa uma desordem na musculatura que impede alguns movimentos, mas não impede a criança de se comunicar. “Será que vale a pena focar apenas na fala? Muitos pais estão esperando pela fala, o mecanismo motor, mexer a boca. Até que ponto esperar a fala? A comunicação não é mais importante? É muito mais vantajoso os pais esperarem por uma boa comunicação do que uma verbalização”, destaca.
Para a terapeuta, nesses casos a fala seria uma consequência. “Por que se a fala não vier? Muitas crianças têm apraxia e se os pais só focam na fala irão se frustrar, já que a apraxia é um grande obstáculo”, alerta.
Citando como exemplo o meu filho Matheus, que é paciente da fonoaudióloga Flavia Ribeiro há alguns anos ela salienta: “Ele tem apraxia mas se comunica perfeitamente. Conseguimos desenrolar um diálogo com ele. Não vai fazer agora as pronúncias corretas, vai levar mais um tempinho, mas já está bem avançado. Mas se os pais tivessem focados apenas na fala ficariam frustrados”.
Conforme abordagem do assunto pela dra. Elisabete Giusti, fonoaudióloga nnfantil, especializada em Transtornos Específicos do Desenvolvimento da Fala e da Linguagem e doutora em linguística pela USP, uma das manifestações da apraxia de fala é a ininteligibilidade, sendo que muitas crianças são verbais, porém nem mesmo as pessoas mais próximas conseguem compreendê-las. Dentre as causas da ininteligibilidade de fala, Elisabete Giusti diz que é possível citar:
O que fazer para melhorar a inteligibilidade/clareza da fala, de acordo com a especialista:
Mas acima de tudo que foi apontado pelas terapeutas: ame seus filhos! Como mãe de uma criança autista que tem apraxia, repito: ame seus filhos. Não façam com que se sintam diminuídos. Muitas vezes não entendo o que meu filho fala e tenho que pedir socorro à minha filha mais velha que entende praticamente tudo o que ele fala. Muitas vezes ela não está e ele fica nervoso, frustrado quando não consegue ser compreendido. Eu calmamente fico na frente dele, olho diretamente em seus olhos e falo: - Calma meu filho! Fale devagar para a mamãe entender o que você quer. Algumas vezes através da fala eu não entendo, porém faço ele repetir e quando não consigo ele faz gestos e a gente se entende...
Então para que ter pressa?... Creio que um dia ele chegará lá! O que importa é que sei que ele tem vencido! Não falava nada e hoje já consegue ser compreendido... e quanto a mim... vibro com cada palavra nova que chega ao seu vocabulário e o amo com todas as minhas forças. Então meu conselho: - Não cobre demais do seu filho, respeite seus limites e acima de tudo o ame!
Se você leitor (a) tem uma história de superação e luta em relação ao TEA também pode dar a sua contribuição nesta coluna, que tem por único objetivo partilhar experiências e desfazer rótulos, fazendo com que as pessoas entendam o autismo! Na realidade nascemos para sermos incríveis, não perfeitos!
Caso queira enviar sugestões pode entrar em contato comigo através do e-mail: lilianejornalista@gmail.com - até o próximo!
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