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Liliane Melo

Será que ele vai aprender a falar? Por Liliane Melo



“Mais importante do que falar é se comunicar”. Quando ouvi isso de uma terapeuta a respeito do atraso de linguagem do meu filho confesso que de certa forma vivenciei um misto de emoções: inconformismo, frustração, ansiedade! Não há como negar tais sentimentos quando seu filho quer lhe contar algo e você não entende o que ele está falando. Nesse caso, a frustração é dupla: ele fica frustrado porque você não entende o que ele quer dizer - você se sente impotente e muitas vezes incapaz por não conseguir entender seu filho.

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Mesmo com dificuldade na fala o Matheus
sempre conseguiu se comunicar

Mães de crianças com autismo estão acostumadas a viver entre altos e baixos. Vale ressaltar que a fala em si é algo bastante complexo. As crianças com autismo tem um apelo sensorial muito forte e procuram se comunicar através da linguagem corporal de que algo não está bem.

Aprendi por exemplo, através do método “DIR Floortime” que quando a criança se estende no chão, em local público, deixando os pais numa calça/saia justa - o que será considerado uma birra para muitos - pode ser apenas uma organização sensorial aqueles inúmeros estímulos que está recebendo e não sabe como lidar. Também aprendi, instintivamente, e posteriormente descobri que neste método é utilizado e dá bons resultados, é segurar a criança com firmeza e passar as mãos com movimentos leves e suaves ao longo de suas costas – isso as tranquiliza!

Em relação ao meu filho, devido a um prolongado acompanhamento fonoaudiológico e incentivos em casa, hoje conseguimos entender grande parte do que ele fala - inclusive já forma frases – o que antes parecia um sonho! Não imagina o quanto eu ansiei em ouvir a frase: - Mamãe eu amo você! Agora, além de poder ouvir isso (o que é música para meus ouvidos) ele ainda faz a forma do coração com as mãos.

Antes que conseguíssemos esse avanço, a realidade foi penosa! Quando queria dizer algo que não compreendíamos, ele ficava muito, mas muito nervoso e agitado. Tentávamos contornar pedindo para ele mostrar o que queria, ou então desenhar, o que facilitava bastante já que desde bem pequeno desenha muito bem... Mas nem sempre ele concordava com esta alternativa! E pior: muitas vezes eu queria dar a entender que tinha entendido o que ele havia dito para evitar sua frustração (não adiantava), queria que eu repetisse o que ele havia dito para ver se eu realmente havia entendido! Que sufoco!!!

Certas palavras só quem convive para entender: “apuia” é “desculpa”, “comer bola” significa “comer a rodela de calabresa da pizza”, “napoia” significa “pipoca”, e assim por diante. Descobri com tudo isso, que não temos o direito de condicionar nossa felicidade no fato de nosso (a) filho (a) falar ou não. O importante é que ele (a) consiga se comunicar e se fazer entender. Se ele (a) conseguir falar já será lucro.

Muitas dessas crianças conseguem se comunicar perfeitamente através da escrita, inclusive, com a utilização de tablets, que, diga-se de passagem, essa modernidade tecnológica chegou para ajudar e muito, as crianças com autismo. A tecnologia os fascina, além do que existem inúmeros aplicativos que ensinam os números e letras de forma lúdica.

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Crianças conversando

Então ao invés de nos torturarmos, que tal tentar fazer uma troca? Separar um tempo para ler história para eles, investir em jogos pedagógicos, brincar, interagir e lá na frente colher os frutos?
Se você leitor (a) tem uma história de superação e luta em relação ao TEA também pode dar a sua contribuição nesta coluna, que tem por único objetivo partilhar experiências e desfazer rótulos, fazendo com que as pessoas entendam o autismo! Na realidade nascemos para sermos incríveis, não perfeitos!

Caso queira enviar sugestões pode entrar em contato comigo através do e-mail: lilianejornalista@gmail.com - até o próximo!

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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