Quarta-feira, 26 de julho de 2017 - 20h15
Não imaginam como fiquei feliz ao tomar conhecimento de que a capa da Revista Veja desta semana trouxe como título “O Novo Mundo do Autismo”. Nunca se ouviu falar tanto em autismo como nos últimos tempos. A reportagem da jornalista Natalia Cuminale foi bastante esclarecedora, abordando as possíveis causas, desfazendo mitos, além do depoimento de quatro pais com filhos autistas entre 9 e 15 anos de idade, o que tenho certeza, vai ajudar muitos pais que suspeitam ou que já têm o diagnóstico.
Meu filho Matheus com a terapeuta ocupacional Angélica Vicente |
Sempre acreditei que a falta de diagnóstico é o que mais angustia os pais. Lendo os depoimentos me vi um pouquinho em cada um deles. Passei pelo mesmo conflito da advogada Heloisa Uelze que quando os outros (familiares e médicos) diziam que meu filho não tinha nada, pensava: “Será que só eu acho que meu filho tem alguma coisa de diferente?”.
Passei pela mesma situação da administradora Vivianne Duarte Medeiros, em que o filho começou a engatinhar e andar tardiamente e não falava de forma funcional. Me enxerguei na angústia da empresária Diana Iamut, só que no meu caso, naquela época ele permitia carinho, porém, não gostava muito, e quando o fazia em mim, parecia que queria me machucar.
Me vi no gerente de empresa Neimer Gianvechio em que o filho só queria andar descalço em casa – e até hoje é assim – mas meu filho não pisava em grama de jeito nenhum e chinelo de dedo nem pensar – hoje pisa em qualquer lugar e finalmente, posso comprar chinelos com tira que passa entre os dedos.
Aonde quero chegar com isso? Existem limitações sim, mas também muitas potencialidades. Não se desespere se acha que seu filho é autista. Com as intervenções terapêuticas eles conseguem avanços incalculáveis. Nunca vou esquecer a primeira vez que escutei: mamãe eu amo você! Ele só falava palavras soltas e hoje completas frases.
Sei que ainda há muito o que avançar. Pouco me importa se muitas vezes tenho dificuldade para entender o que ele fala! Pouco me importa se muitas vezes determinados vocabulários só são compreendidos pelas pessoas mais próximas de seu convívio! O que me importa é que ele sabe se comunicar.
O que me importa é saber pelas terapeutas que o cognitivo dele está preservado. É saber quantos avanços ele já teve e que sei que irá avançar muito mais. É a transformação que ele fez em mim – que me tornou um ser humano muito melhor!
Hoje meu filho aceita mudanças de rotina; consegue sair sem ter pregadores de roupas nas mãos; consigo de forma muito tímida ainda a introduzir novos alimentos em sua dieta; fica sentado ao meu lado na igreja sem ficar correndo o tempo todo; é muito amoroso; já consegue se relacionar socialmente como uma pessoa típica e os avanços não param.
Creio que ele veio desse jeito – um diamante bruto a ser lapidado - para trazer mudanças em mim. Aprendi a dar valor às pequenas coisas, a mínimos avanços. Me preocupo com seu futuro? Claro que sim. Tanto um pai, quanto uma mãe quer que seus filhos alcancem a independência. Se ele vai casar, ter uma profissão, não sei... mas todos os dias praticamente, ele me diz que vai ter o seu amor (esposa), um casal de filhos (como eu) e que vai ser médico veterinário... não sofro com pensamentos como: “será que ele vai conseguir?”... o futuro a Deus pertence e em tudo Ele tem seus propósitos.
Coube a Ele que meu Matheus viesse assim... essa criaturinha que me surpreende todos os dias com suas conquistas, falas inusitadas, desenhos extraordinários (ele desenha e pinta divinamente para a idade dele). E eu vou aprendendo com ele, respeitando seus limites, curtindo sua paixão exacerbada pelos animais e todos os seus encantos pessoais. Por onde ando, em clínicas, na escola, igreja, roda de amigos é unânime ouvir: “o Matheus é uma criança apaixonante!” Então posso reclamar? “Não, de jeito nenhum! “
Viveria tudo de novo, e de novo, e de novo... então, pai ou mãe que esteja passando pelo dilema se o (a) filho (a) é autista – não se desespere! Sim, tem dificuldades, tem frustações, tem choro, mas também tem muitas conquistas, alegrias e aprendizado. E mais: muito, muito amor... um amor que cresce dentro da gente de uma forma inexplicável, pois parece que aumenta a cada dia. Espero ter conseguido ajudar com essas informações, ou mesmo tirar dúvidas.
Se você leitor (a) tem uma história de superação e luta em relação ao TEA também pode dar a sua contribuição nesta coluna, que tem por único objetivo partilhar experiências e desfazer rótulos, fazendo com que as pessoas entendam o autismo! Na realidade nascemos para sermos incríveis, não perfeitos!
Caso queira enviar sugestões pode entrar em contato comigo através do e-mail: lilianejornalista@gmail.com - até o próximo!
Evento IncluTEA começa neste fim de semana no Porto Velho Shopping
Nos dias 30 e 31 de março, em alusão ao Dia Mundial da Conscientização do Autismo que é celebrado no dia 2 de abril, o Porto Velho Shopping, será p
Em alusão ao Dia 2 de Abril, data em que se celebra o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, uma intensa programação está sendo realizada por di
Atividades Alusivas ao Dia Mundial de Conscientização do Autismo iniciam nesta sexta
No dia 2 de abril, sábado, será comemorado o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. Mas dando início às atividades alusivas à data, o Centro Mul
Movidos pelo Amor ao Autismo retoma atividades presenciais de atendimento a autistas
Após quase dois anos funcionando com atendimentos online, o Centro Multidisciplinar Movidos pelo Amor ao Autismo (CMMAA ) retoma gradativamente, seu