Segunda-feira, 8 de outubro de 2018 - 20h35
Não pense que é fácil para uma militante progressista concluir que o país precisa estrebuchar para recuperar o vigor de sua democracia.
Mas, convenhamos, estranho seria se não defendesse a soberania das urnas, por pior que seja o resultado.
É muito forte a representação que o PSL conquistou com Jair Bolsonaro, 52 cadeiras na Câmara contra 1 em 2014.
Em 2010, o partido não tinha nenhum senador e agora tem 4.
Entre as duas eleições, o número de policiais e militares eleitos para o Legislativo saltou de 18 para 73 e destes, 43 são do PSL.
Eduardo e Flávio Bolsonaro se elegeram com votações expressivas e até o ex-ator pornô Alexandre Frota, se deu bem defendendo os ‘valores’ morais, éticos, patrióticos e familiares de Jair.
Não é uma onda, mas um tsunami que devastou a consciência de uma parcela enorme da sociedade.
Nos estados que terão segundo turno para escolha de governadores, há disputa pelo apoio ao presidenciável de extrema-direita.
Em Rondônia, o candidato do PSDB, Expedito Júnior (ex-senador cassado), declarou apoio em sentido oposto ao de líderes tucanos como FHC e Alckmim.
A disputa será com o coronel Marcos Rocha que só por ser do PSL, se segurou firme na prancha quando ninguém apostava que conseguiria surfar na onda Bolsonaro.
O ‘larga que é meu’ é o triunfo da política do oportunismo nestas e outras plagas.
Passar por Bolsonaro, seus surfistas e eleitores, pode ser a única forma de recuperarmos o medo de sermos tragados pela onda do fascismo.
Os alertas foram dados pelos quantos do país e mesmo assim, a fila foi grande para o mergulho de cabeça.
É melhor já ir se acostumando com mais violência, porque absolutamente nada indica que é seguro correr o risco do presidente despreparado, mau e hipócrita.
Não pego essa onda que vai quebrar com violência e causar estragos que só serão recuperados com anos ou décadas.
Os ‘caldos’ deixarão muitos nus e talvez os vexames, nos devolvam a vergonha.
Parafraseando Rui Barbosa, “de tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus”, recuperemos o voto consciente.
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