Sexta-feira, 23 de dezembro de 2016 - 13h15
Com cara de quem aprontou e termina o ano sem o merecido corretivo, cinicamente, Michel Temer fez o balanço do seus sete meses de governo.
Pela primeira vez pareceu de fato à vontade com suas mentiras, mais eram flagrantes os sinais de psicopatia no discurso e nos trejeitos.
Temer usou um tom calmo e fresco pra forjar condescendência e prática paternalista, mentiu e inventou desculpas pra justificar a dissonância entre o que diz e pratica, bancou a vítima para abusando se passar por abusado e fez da hipocrisia escudo pra suportar os questionamentos da imprensa.
A tranquilidade forçada lembrou Hannibal Lecter, no Silêncio dos Inocentes, quando recebeu a visita da agente do FBI, Clarice Starling. “Enviaram-me uma estagiária?”, foi o que perguntou o psicopata para fingir pouca importância ao que lhe ameaçava.
As semelhanças entre Lecter e Temer se restringem a detalhes sutis com o personagem genial do clássico do cinema, afinal, Lecter é um psicopata carismático.
Temer precisa se esforçar muito pra fingir controle emocional diante dos 77% que desaprovam seu governo.
“Dizem que há impopularidade. Isso me incomoda? Digamos assim, é desagradável, mas não me incomoda para governar.”
Foi insuportável vê-lo tentar não parecer mais aquele vice decorativo que mandou uma carta reclamando perda de protagonismo e confiança à presidenta eleita, aliás, a variedade de personalidade é também característica de psicopatia.
“Finalmente, sei que a senhora não tem confiança em mim e no PMDB, hoje, e não terá amanhã. Lamento, mas esta é a minha convicção”, escreveu à época.
Quem ousa dizer que Dilma estava errada?
Não demorou para que Temer assumisse publicamente que o impeachment ocorreu porque Dilma recusou a tal “Ponte para o Futuro”, que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse que para o povo guiado por um líder medíocre pode não passar de uma pinguela.
No último pronunciamento do ano, o ilegítimo até ironizou o parceiro do golpe, afirmando que pra vencer a crise tanto faz atravessar uma ponte ou uma pinguela.
Mas, o que realmente deu medo no balanço semestral do Temer foi quando disse que está satisfeito com a produtividade dos ministros e que não pretende fazer mudanças.
Desde que o governo golpista se instalou, houve seis baixas, todas motivadas por escândalos de corrupção.
Seis em cada dez (60%) dos brasileiros são contrários à aprovação da PEC 55, segundo a última pesquisa Datafolha. Ficou claro na consulta que os mais ricos apoiam o teto de gastos e os mais instruídos, o rejeitam.
A Reforma do Ensino Médio jamais poderá ser vista como uma conquista da sociedade, por falta de planejamento e debate.
A da Previdência, só é bem vista pelo empresariado e incomoda menos só quem os que já se aposentaram, como Temer. É motivo de chacota nas redes sociais e vai gerar muitos protestos em 2017.
E a ‘Reforma Trabalhista’, pasme, que o ilegítimo descreveu como ‘um belíssimo presente de Natal’, fortalecerá a relação de exploração de quem pode mais sobre quem pode menos.
Desde quando a relação patrão x empregado no Brasil se deu de forma justa? E a prova é a imensa demanda na justiça do trabalho.
O costume aqui é o empregador sacanear o empregado.
Quem Temer pensa que engana que seu governo vai bem?
A prova está na resposta evasiva à pauta negativa que enfrenta desde que tomou posse.
“Agora você me pergunta: ‘você vai renunciar?’. Eu confesso que eu não tenho pensado nisso”, disse.
A nenhum presidente que governa bem se pergunta isso.
O ‘presente’ de Temer neste Natal são cócegas forçadas, que ao contrário do riso, provocam é muita raiva.
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