Quarta-feira, 9 de agosto de 2017 - 14h41
O senador moribundo, Aécio Neves, que confessou ao empresário corrupto, Joesley Batista, que o PSDB ajuizou ação pra cassar a chapa Dilma-Temer só pra “encher o saco” do PT, sugeriu censura ao regime do presidente Nicolás Maduro na Venezuela.
O líder do golpe que substituiu uma presidenta eleita por um golpista corrupto e incompetente, responsável maior pelo caos político e econômico no Brasil, quer ensinar ao país vizinho como proteger sua democracia, sem moral alguma pra isso.
Aécio Neves se colocou como representante das forças democráticas do mundo ao defender a aprovação de um voto de censura a Maduro, que segundo ele, reage à nova investida de golpe da direita com autoritarismo e violência.
“Não se trata de manifestação política, mas de solidariedade. Uma manifestação humanitária. Uma manifestação em favor da democracia”, disse o sem vergonha.
Para Aécio, a democracia vigora plenamente no Brasil porque houve reação popular intensa, o que pode ser confirmado “revivendo o passado” de outras nações.
Faltou o tucano realçar que pra entender o que se passa na Venezuela é preciso voltar na tentativa de golpe da direita em 2002. Pra impedir um presidente com forte ligação popular de praticar políticas sociais que contrariaram a burguesia local e o capital estrangeiro, incitaram manifestações violentas que condenaram o povo à divisão ideológica radical.
Aliás, é fundamental revisitar o passado do vizinho para também entender o que ocorre no Brasil por conta do golpe de 2016.
Hugo Chavez, entrincheirado no palácio presidencial, foi sequestrado por militares e Pedro Carmona, o Paulo Skaff da Venezuela, tomou seu lugar.
Bastou desgraçadas 40 e poucas horas para a direita golpista aniquilar a democracia na Venezuela. Carmona dissolveu todos os poderes por decreto, impôs repressão violenta a quem se opusesse e censura aos meios de comunicação.
Por trás de Carmona havia poderosas forças econômicas que queriam manter privilégios de décadas, com total indiferença à desigualdade no país.
A tentativa de tomar o poder na Venezuela seguiu o padrão direita de golpe que apeou do poder a presidenta eleita, Dilma Rousseff.
A mídia foi usada para desqualificar o governo de Hugo Chávez e provocar comoção popular com um fato manipulado e potencializado que ‘justificasse’ a intervenção militar.
O caos eclodiu após Chávez romper com o domínio de Washington e da oligarquia local, assumindo o controle da petrolífera estatal PDVSA.
Para o presidente de origem humilde, era inadiável usar a renda do petróleo em programas sociais e na melhoria dos serviços públicos.
E, claro que a classe empresarial e os controladores estrangeiros do ouro negro reagiram imediatamente.
Como fazem agora, de olho no que está debaixo do solo venezuelano, recusam a Constituinte convocada por Maduro e manifestam repúdio à resistência a um novo golpe da direita pela violência que dela resulta.
Não cabe uma análise superficial do que acontece na Venezuela e Aécio Neves não percebeu, mas deixou claro por que. É preciso reviver o passado.
Tem um documentário muito bom sobre como a direita se opôs a um governo legítimo pra ‘restaurar’ a democracia, A Revolução não Será Televisionada, de Kim Bartley e Donnacha O’Briain. Assista clicando no título. Tentar compreender como o povo venezuelano atingiu um nível tão alto de embrutecimento, não é justificar.
Agora, [é flagrante o descaramento da direita no Brasil e na Venezuela, nem um pouco preocupadas com a democracia aqui e lá, mas em impor uma agenda em favor dos que têm mais e os que têm menos que se danem.
Quanto ao pedido de censura sugerido por Aécio Neves, resta fazer chacota da sua ausência de autoridade moral para defender a democracia na Venezuela ou sugerir que ele revisite o que se passou lá há 15 anos, ou há três no Brasil.
O senador que deu início a um boicote parlamentar-midiático-judicial contra o governo eleito em 2014 no Brasil, bem semelhante ao que Hugo Chávez foi submetido, não tem um pingo de vergonha na cara ao falar em defesa da democracia.
Aécio Neves, que escolheu o primo pra receber dinheiro do empresário corrupto, porque caso fosse descoberto o ‘negócio’ tinha que ser alguém que pudesse matar “antes de fazer a delação”, se diz chocado com a violência na Venezuela?
O tucano quer estimular outro golpe, desta vez em outro país, “só pra encher o saco” da esquerda?
A última vez que Aécio tentou interferir na crise política da Venezuela, foi enxotado com uma comitiva de senadores tentando visitar o líder da oposição, Leopoldo López, em Caracas.
Vai lá Aécio! Pelo recado que Maduro mandou a Temer, será bem recebido.
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