É uma pena que a disputa eleitoral não tenha se dado só no campo das propostas, mas a sociedade precisa conhecer verdadeiramente os candidatos para que elas façam sentido.
O debate na Record não agradou de um modo geral, mas nivelou por baixo os candidatos, pondo fim a estratégia de vitimização por ataques pessoais.
No que diz respeito a tratar de assuntos que nada têm a ver com a prefeitura de Porto Velho, Hildon Chaves foi rasteiro ao cobrar do adversário a inscrição na OAB e ao afirmar que filhos herdam por DNA os erros cometidos pelos pais.
Hildon apelou a idiotices que desmontam seu tão alardeado grau de superioridade intelectual ao fugir completamente do campo da racionalidade.
Por mais que o debate tenha desagradado nos primeiros três blocos, cumpriu a finalidade de revelar o que venho denunciando desde o início a corrida eleitoral.
Agora o senador cassado Expedito Júnior pode aparecer na campanha, pois Hildon admitiu que é amigo e sócio da sua esposa numa empresa no Rio de Janeiro. Os amigos e sócios ninguém transfere ou herda, mas escolhe.
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O quanto essa sociedade o envergonha, ‘queima seu filme’, fica explícito na ausência em campanha, do amigo, sócio, ex-senador, presidente do partido no estado, que até foi ao segundo turno na eleição para o governo em 2014.
Foi graças aos momentos de ‘baixaria’ no debate que também vimos Hildon confessar que a empresa que sua esposa administra firmou contratos com a área da saúde quando ele era promotor na vara da saúde. O velho e eficaz ‘jeitinho brasileiro’ para driblar vedações à parcerias entre o público e o privado, em que o servidor integra sociedade como cotista.
Muitos eleitores não sabiam e outros até duvidavam das relações que Hildon mantém com grupos políticos.
A lorota de que não é político, também já não pode usar.
O que restou de positivo desse debate foi a desconstrução da imagem de coerência, pureza e independência do candidato tucano.
O ataque e contra-ataque nervoso em debates é um remédio amargo, mas indiscutivelmente necessário.
E, claro, restou provada a falta de preparo de Hildon para comandar a prefeitura.
Desde o início da campanha ele utiliza o discurso vazio, aquele em que se diz muito e ao mesmo tempo nada.
É flagrante que não conhece a cidade e seus problemas, portanto, é menos capaz de realizar transformações a médio prazo. Nem é preciso que Léo repita insistentemente que sabe de tudo que está fora do lugar.
Se estivesse na coordenação de campanha dele diria para simplesmente nadar de braçada com as informações que obteve com sua experiência política, sem olhar pro lado e dar golpes no seu adversário.
Até disse informalmente isso a Léo, mas ele tem uma personalidade muito franca e quando acusado injustamente manda as estratégias pro beleléu.
O certo é que o debate nivelou os dois por baixo.
Por cima, Hildon perdeu muito e até seus mais devotos militantes ficam constrangidos com a dificuldade que tem para responder uma pergunta sobre creches. O que ele fala, qualquer um poderia falar.
Das nossas desgraças por mau uso do dinheiro público ou incompetência, sabemos de cor.
Como trunfo, Hildon só tem a retórica adequada ao voto irracional.
Fonte: BLOG DA LUCIANA
Domingo, 24 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)