Domingo, 24 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Luciana Oliveira

CNJ RETARDA CONSULTA QUE GARANTE DIREITO A SERVIDORES TRANS DO JUDICIÁRIO - Por Luciana Oliveira


Gente de Opinião

Último Censo apontou 122 magistrados em união estável com pessoas do mesmo sexo

Foi em junho de 2016 que o Conselho Nacional de Justiça anunciou “uma consulta pública sobre a proposta de resolução para regulamentar o uso do nome social (nome dado à pessoa cuja identificação civil não reflita adequadamente sua identidade de gênero) em serviços judiciários.”

Um e-mail exclusivo para o recebimento de sugestões foi aberto, o nomesocial@cnj.jus.br.

A consulta foi lançada para ampliar o debate e democratizar espaços com o reconhecimento do direito à identidade de gênero.

Mas, a proposta que asseguraria a possibilidade de uso do nome social aos servidores e tratamento adequado conforme a preferência sexual dos que se declaram travestis e transexuais, está parada em função do pedido de vistas do conselheiro João Otávio de Noronha.

Em resposta ao blog, a assessoria informou que não há previsão para que seja votada.

A demora incomoda magistrados, estagiários, servidores e trabalhadores terceirizados do Poder Judiciário que há muito querem o direito ao uso do nome social no ambiente de trabalho.

“Entre as previsões do ato normativo está a formação continuada sobre o tema pelas Escolas Nacionais da Magistratura (Enfam e Enamat) e o Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Servidores do Poder Judiciário (CEAJud), em cooperação com as escolas judiciais”.

A perspectiva é de que até o Processo Judicial Eletrônico, o PJe, traga um campo específico “destinado ao registro do nome social desde o cadastramento inicial ou a qualquer tempo, quando requerido.”

Foi o que decidiu a juíza do Trabalho, Carolina Guerreiro, em audiência de instrução na 7ª Vara no Tribunal Regional do Trabalho da 23ª Região (TRT/MT), sobre a pretensão de Anderson Fabrício, autor da ação que se declara transexual. A juíza perguntou como ele gostaria de ser chamado e determinou que nos autos fosse chamado pelo nome social, Alexandra Monteiro. E assim foi registrado no sistema PJe.

O que há é má vontade de um modo geral para garantir dignidade aos transexuais que estão a um palmo de magistrados, todos os dias vítimas de constrangimentos e até ameaças.

Por isso, a proposta de ato normativo do CNJ também prevê banheiros, vestiários e demais espaços separados por gênero nas sedes judiciais e administrativas dos órgãos do Poder Judiciário.

Quem estabelece a igualdade a igualdade de todos sem distinção de qualquer natureza, o que abrange as diferenças quanto ao sexo, orientação sexual e identidade de gênero, é a Constituição Federal, em seu artigo 5º.

Fora os diversos tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário.

O problema é que até o judiciário não escapa da pressão de magistrados comprometidos com o fundamentalismo religioso e não com a promoção da igualdade.

Os transexuais são tratados como invisíveis justo por quem não pode atuar com qualquer tipo de viseira ideológica que imponha discriminação.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

Gente de OpiniãoDomingo, 24 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Ruanda vai taxar igrejas e acusa pastores de enganarem fiéis

Ruanda vai taxar igrejas e acusa pastores de enganarem fiéis

Proliferação de igrejas neopentecostais no país africano levou governo de Paul Kagame a acusar pastores de “espremerem dinheiro” de ruandeses mais pob

Levante feminista realiza encontro nacional para frear violência contra as mulheres

Levante feminista realiza encontro nacional para frear violência contra as mulheres

Luciana Oliveira, de Brasilia – Mais de 130 mulheres vindas de 20 estados do país participaram do evento em Brasília que durou três dias.Foram intensa

Quilombolas vencem eleição para prefeito em 17 cidades

Quilombolas vencem eleição para prefeito em 17 cidades

Candidatos que se declararam quilombolas venceram as eleições para prefeito em 17 municípios, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).A ma

Incêndio criminoso eleva tensão em terra indígena Igarapé Lage

Incêndio criminoso eleva tensão em terra indígena Igarapé Lage

No 247 – A terra indígena Igarapé Lage, do povo Wari é uma ilha cercada por fazendas. Tem mais de 107 mil hectares e fica no Oeste do Estado, próxima

Gente de Opinião Domingo, 24 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)