Terça-feira, 11 de julho de 2017 - 17h58
Só falta montar o patíbulo para que o Brasil se livre do seu presidente ilegítimo mais impopular. Segundo a revista Time que analisou cinco líderes mundiais com mais baixa popularidade que Donald Trump, é Michel Temer que se destaca.
Sem moral e com reformas rejeitadas por quase todos os brasileiros, o golpista acusado de corrupção estrebucha com a mesma leviandade de quem acende um cigarro, como ponderou Camões sobre guerras movidas por interesses que não consideram valores e consequências.
Não há qualquer resquício de pudor em Temer e seus aliados para tentar impedir o prosseguimento da denúncia por corrupção passiva no Supremo Tribunal Federal.
Sem constrangimentos, trocam votos por emendas para evitar que a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) aprove o relatório do deputado Sérgio Zveiter (PMDB-RJ), favorável à investigação e julgamento de Temer.
Deputados da base que não topam o ‘bom negócio’, são substituídos, o que vem ocorrendo desde que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentou a acusação.
O governo diz que tem 40 dos 34 votos que precisa na comissão para rejeitar o relatório do deputado Sergio Zveiter (PMDB-RJ).
Parece mentira, mas tem até disputa de torcidas entre os que se venderam, os que não se vendem e os que podem estar irritados por terem ficado fora do ‘negócio’.
Vaias, assobios, acusações de compra de voto repercutidas na imprensa e aliados que justificam a imoralidade.
O deputado Major Olímpio (SD-SP) chamou os aliados do Planalto de “tropa de cheque” e disse que as vaias provam que se venderam por emendas.
O deputado delegado Waldir (PR-GO) chamou o governo de “lixo” por ter vendido sua vaga na comissão, seu voto.
“Me venderam. Fui vendido. Nojento isso. É barganha, é barganha. Sabe o que é barganha para se manter no governo?”, afirmou.
A bacanália na CCJ é só mais um ato da tragicomédia que o país assiste desde que Dilma Rousseff foi apeada do poder com um golpe catastrófico.
Cresce o sentimento de desesperança e raiva não só com o governo, mas com a classe política de um modo geral e com o judiciário que quando pode, não atua pela moralização.
A crise de representatividade política pode levar os brasileiros a um estado de coisas ainda pior.
Se passa rápido do estágio ‘não faz diferença’ quem ocupe um mandato para o depauperamento da democracia.
Só eleições diretas, enquanto a esperança não foi totalmente corrompida, pode salvar os brasileiros de um destino tão trágico.
Pior que a vesguice antipetista que levou milhões às ruas sob o pretexto de combate à corrupção, é a cegueira que se impõe com um colapso moral que afeta gravemente a todos.
Uma sociedade que se sente mal representada politicamente e não vê saídas, não tem por que obedecer regras e o crime há de se perpetuar de forma ainda mais avassaladora.
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