Quinta-feira, 30 de março de 2017 - 17h52
O título não é sensacionalista, foi exatamente o que a deputada Mariana Carvalho (PSDB-RO) disse na mesa que dividiu com o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), réu por incitação ao estupro.
A fala, absolutamente desconectada da realidade, foi aplaudida pelo ícone do machismo no parlamento que disse à deputada Maria do Rosário (PT-RS) que ela não merecia ser estuprada porque ele a considera “muito feia” e “ela não merece”.
Para a deputada tucana não há desigualdade no parlamento brasileiro que tem menos de 10% de participação feminina.
“Eu acho que a própria mulher é que cria um preconceito contra ela”, disse.
Formada em direito e medicina na faculdade dos pais, Mariana é filha de Aparício Carvalho que foi vereador, deputado federal e vice-governador de Rondônia. O irmão é presidente da Câmara da Vereadores na capital . A justiça reconheceu que a faculdade dos pais invadiu área pública para ampliar o negócio.
Em sua fala, destacou que não teve nenhuma facilidade para chegar onde chegou e muito menos sofreu qualquer tipo de preconceito no parlamento.
“A mulher que acaba sentindo uma diferença no tratamento é quando ela própria se vitimiza e se coloca num lugar de coitada, de que é mulher.”
A deputada ignora que só 50% das mulheres participam da força de trabalho global, contra 76% dos homens. E, pior, que ganham menos do que os homens, mesmo quando desempenham mesmo tipo de serviço.
Segundo estudos da ONU “a maioria das mulheres trabalha no setor informal; muitas são mal pagas, não tem segurança social e ainda sustentam o peso do trabalho doméstico.”
São minoria nos Parlamentos de todo o mundo, onde ocupam apenas 23% dos assentos.
E no que diz respeito a leis trabalhistas, só 67 nações protegem as mulheres contra a discriminação de gênero no ambiente de trabalho. Em 18 países, mulheres são proibidas de trabalhar.
“A gente pode mostrar, sim, que o nosso sexo não é apenas só um sexo frágil, é um sexo forte e chega onde a gente quer. É só a gente a gente acreditar.”
A jovem tucana foi aplaudida por Jair Bolsonaro, que além de ser réu por incitação ao estupro já declarou que mulher deve ganhar menos, porque engravida.
A fala da deputada Mariana Carvalho é potencialmente mais grave que a de Michel Temer no dia da Mulher, quando ele destacou que a participação feminina é importante para a economia, porque cabe à mulher fiscalizar preços no supermercado.
É mais chocante o que ela disse, por ser mulher, por desprezar a própria realidade social e por estar num parlamento federal ocupando um cargo que muitas sonham (como ela diz), mas não chegam por falta de dinheiro e padrinhos políticos.
Se Mariana disputasse uma eleição em condições reais de igualdade, jamais seria eleita. Mal sabe se expressar corretamente, é habituada a construir discursos com erros de concordância gravíssimos.
As demais parlamentares têm o dever de censurar mais essa declaração estapafúrdia da tucana.
Precisam falar pelas mulheres que não têm direito aos sonhos de Mariana que nasceu em berço de ouro, que teve todas as oportunidades pra vencer na vida.
Mulheres que não têm dinheiro ou poder, mas não são capazes de envergonhar tanto a sociedade quanto Mariana envergonhou.
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