Sexta-feira, 23 de novembro de 2018 - 06h59
Como
bem disse Leonardo Boff, “todo ponto de vista é a vista de um ponto” e quem não
teve por que votar no capitão está com os cabelos em pé.
Não é
cedo para temer e planejar forte e organizada resistência.
Bolsonaro
confirma com indicações por mera afinidade ideológica que vai fazer de tudo
para transformar o Brasil numa república neopentecostal fundamentalista
militarizada arreganhada para o capital estrangeiro.
Bastou
uma pressão da bancada evangélica – sedenta para emplacar o projeto da Escola
Sem Partido – para Bolsonaro descartar o ex-reitor da Universidade Federal de
Pernambuco, Mozart Neves, ao ministério da educação.
O
presidente eleito negou que o tenha cogitado, mas sabendo que Mozart é contra a
uniformização do pensamento e a censura ao debate sobre diversidade de gênero,
adiantou que vai escolher um ministro que respeite a ordem de que sexo é “papai
e mamãe quem tem que ensinar”.
Não
bastasse o obscurantismo religioso, o que se sabe que vai pra frente é a
política econômica ultraliberal e não pela boca do presidente.
Vem do
‘posto Ipiranga’, o apelido carinhoso mais difícil de esquecer que o presidente
eleito deu a Paulo Guedes, o superministro da economia.
O guru
do capitão é quem vai decidir se os critérios que garantem estabilidade aos
servidores públicos devem ser flexibilizados, se a Petrobras vai ser
privatizada e como, se a Reforma da Previdência sai com “prensa” no Congresso,
quem assume o que, enfim, tudo o que envolve política macroeconômica.
“Eu tô
dando carta branca pra ele. Tudo que é envolvido com economia é ele quem está
escalando o time. Eu só olho”.
Os
sinais de desmantelo são perceptíveis e comentados à boca graúda entre
economistas, mas é cedo para vermos até onde vai a obsessão de Paulo Guedes em
praticar o liberalismo que o encantou quando viveu no Chile em plena ditadura.
Só como
governo saberemos como ele vai conseguir reduzir o tamanho do Estado, cortar
gastos para não aumentar impostos e o mais preocupante, como fará a promoção de
riquezas do país ao capital estrangeiro.
A
secretaria de privatizações já está garantida, o pegue e pague baratinho.
O
brasileiro vai ter dificuldade com a lista de desejos na virada do ano. Agora o
horizonte é de incertezas, mas com certeza de perdas.
A
expectativa de um governo qualificado, limpinho e cheiroso já era.
Não é
cedo para admitir que diferentemente do que Bolsonaro prometeu em campanha, a
base de apoio ao governo está sendo montada com indicações políticas e com
nomes enrolados na justiça.
Paulo
Guedes é um que responde por fraudes contra fundos de pensão e fundos de
investimentos.
Onyx
Lorenzoni, é investigado por recebimento de doações ilícitas em campanha
eleitoral (caixa 2).
Marcos
Pontes é acusado de ser sócio oculto numa empresa quando era militar da ativa,
o que é vedado aos militares.
Tereza
Cristina é investigada por conceder incentivos fiscais à JBS quando era
secretária estadual de Desenvolvimento Agrário e Produção de Mato Grosso do
Sul.
Luiz
Henrique Mandetta é investigado por fraude em licitação, tráfico de influência
e caixa 2 no contrato para implementar um sistema de informatização na saúde em
Campo Grande, no período no qual foi secretário.
Tem
ainda o ex-juiz Sérgio Moro que esponde a vários processos disciplinares no
Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Não,
não é cedo para quem não votou em Bolsonaro estrebuchar de medo ou de raiva.
Para
seus eleitores sim, tudo parece caminhar como prometido tão vagamente.
Só a
lapada de realidade com a bravata de indicação por critérios técnicos e com
investigados por corrupção, deixa a torcida bolsonarista amoitada.
Fora
isso, é cedo para cobrar o presidente e isso tem explicação.
Às
vésperas do segundo turno, o Datafolha perguntou e os que declaravam voto a
Jair Bolsonaro responderam por quais motivos votariam nele.
A
maioria, 30% dos entrevistados, disse que queria apenas tentar com outro.
25%
votaria nele só para o PT não vencer a eleição.
17%,
por acreditar que com ele haverá mais segurança.
Sem
corpo-a-corpo, sem participar de debates e com um plano de governo mixuruca,
12% ainda citaram suas ‘propostas’ para justificar a intenção de voto.
Somavam
10% os que apostavam num combate à corrupção como nunca na história deste país.
Eleitores
de Bolsonaro nunca vão poder cobrar sua experiência e capacidade para governar.
Só 5% declararam esses motivos para elegê-lo.
É
curioso que insistam em pedir que todos torçam pelo presidente, porque apenas
4% disseram que votariam nele por “Querer o melhor para o desenvolvimento do
Brasil”.
Ele
sempre foi uma ideia destrutiva e por deveria ter sido abortada.
Cedo ou
tarde vão admitir isso.
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