Terça-feira, 31 de janeiro de 2017 - 20h00
Quase senti pena do ex-bilionário Eike Batista ao ver o Jornal Nacional detalhar seus últimos passos em liberdade entre os aeroportos JFK, em Nova Iorque e, Tom Jobim, no Rio de Janeiro.
O homem que manteve durante toda a vida relações com o estreito círculo da plutocracia brasileira e só por isso chegou ao ranking da Forbes como um dos 10 mais ricos do mundo, se entregou à polícia sozinho, forjando calma e humildade.
Eike driblou todos que o procuravam, mas viajou na companhia de um repórter da Globo, Felipe Santana, que fez questão de mostrar antes do embarque a tietagem de brasileiros ao procurado na lista vermelha da Interpol.
“E aí saiu agora que você estava voltando, falei assim: legal, o cara é firme, não deve nada, não teme”, elogiou um brasileiro.
O repórter também mostrou um passageiro que ironizou Eike, mas fez questão de deixar claro que ele foi parado mais pra atender pedidos de selfies do que para receber críticas. “No clima quase amistoso”.
A edição da reportagem caiu como uma luva à imagem frágil, porém tranquila, que o empresário foragido pretendia passar antes de pisar no solo em que causou um rombo de mais de 29 bilhões, quase 8 bilhões de prejuízos só aos bancos.
“O empresário diz que nunca pensou em fugir” e que está “à disposição da Justiça como um brasileiro”, que cumpre seu dever, sua obrigação.
Daí pra frente no diálogo com o repórter o empresário se queixa do ‘sistema’, diz que que no Brasil pra ser bem sucedido no ramo não há como fugir ao pagamento de propinas. Se portou como vítima da voracidade do establishment.
Foi preso por isso, é acusado de ter trocado apoio a seus investimentos por propina ao ex-governador do Rio Sérgio Cabral, algo em torno de US$ 16,5 milhões ou R$ 52 milhões.
Era só o que faltava pra completar o festival de hipocrisia patrocinado pela grande mídia, um Eike Batista sinceramente arrependido a ponto de contar como funcionam as relações promíscuas entre o poder público e privado.
E pra fechar com chave de ouro, o repórter diz que “Agora, ele (Eike) acha que o Brasil vai mudar.”
“Olha, eu digo que o Brasil que está nascendo agora vai ser diferente porque você vai pedir as suas licenças, você vai passar pelos procedimentos normais, transparentes e, se você for melhor, você ganhou e acabou a história”, disse.
Pausa pro cochilo na classe executiva, mas não sem um uma pergunta relevante:
Repórter: Tem sono bom?
Eike: Tenho, graças a Deus.
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